Durante a divulgação de um workshop que vou ministrar no final de novembro, comecei a receber questionamentos do público sobre qual seria o fio condutor entre comunicação, imagem e governança – justamente os temas do evento. Foi um feedback inesperado: era como se cada um desses tópicos, de importância ímpar na criação da identidade de um negócio, pudesse se desenvolver de maneira autônoma em relação aos demais. A verdade é que isso não é possível – e nem desejável. Deixe-me tentar explicar melhor.
Bem, para começar, ganhar visibilidade e ser tema de reportagens e entrevistas é um dos objetivos de muitos empreendedores, já que esse pode ser um bom termômetro do sucesso ou uma oportunidade de crescimento ou consolidação do negócio. Em programas televisivos sobre empreendedorismo, como o Mundo S/A e o Pequenas Empresas, Grandes Negócios, do canal Globo News, ficam evidentes três aspectos que vão além da lucratividade do negócio: o discurso de apresentação da empresa, a imagem do empreendedor e a preocupação com a governança corporativa.
Como o tempo midiático é curto (na TV e na internet, contado em minutos; no rádio, em segundos), pelo dinamismo e diversidade que se espera em um programa, o empreendedor tem pouco tempo para falar de forma consistente e impactante sobre seu negócio. Esse discurso de apresentação, tecnicamente denominado de Elevator Pitch, precisa conter o propósito do negócio, o método de trabalho, os benefícios e impactos dos produtos e serviços ofertados e a quem se destina as soluções da empresa. Contemplar esses importantes itens no discurso de forma fluida e concisa requer planejamento, escolhas estratégicas do que e como dizer e habilidade de síntese. Quer dizer, competências comunicativas são essenciais para todo empreendedor, independente do tipo e tamanho de seu negócio.
Mas não é apenas o discurso sobre o negócio que está em jogo. A imagem do empreendedor também é avaliada, consciente ou inconscientemente. Pode parecer que não, mas a escolha da vestimenta e a forma de se portar durante a gravação da entrevista contam muito. Empresas joviais e inovadoras cujo empreendedor se veste de maneira muito formal, só porque se trata de um contexto de comunicação aparentemente mais formal, podem passar uma imagem contrária a que pretendiam com a entrevista. Por isso, é preciso alinhar a imagem da empresa com a imagem de quem a representa, para que a mensagem seja coerente. A mesma lógica vale para a escolha do design da logomarca e da ambientação do escritório.
Além das decisões relacionadas a como falar sobre a empresa e se apresentar nesse contexto de entrevista, há algo mais profundo e ligado ao dia a dia do negócio: a governança ética, responsável e sustentável. São decisões ligadas a como lidar com os funcionários, que normas e regras são instituídas para que o negócio seja rentável e, ao mesmo tempo, gere qualidade de vida e respeite valores éticos tanto dos funcionários quanto dos clientes. Vale dizer que não se trata apenas de uma questão moral, mas sim de competitividade. De acordo com o Relatório Global de Corrupção da Transparency International 2009, empresas com boas práticas de cidadania corporativa superam seus concorrentes e as que têm regras de combate à corrupção e normas éticas sofrem até 50% menos corrupção. Portanto, decidir por uma governança ética é bom para o negócio e é algo que deve ser valorizado pelo empreendedor ao falar sobre seu negócio.
Esses três aspectos – Comunicação, Imagem e Governança – são pilares para um empreendimento criar ou estabelecer uma identidade própria para se posicionar no mercado, angariar clientes, gerar negócios e ganhar visibilidade.
(Vivian Rio Stella, professora, linguista e empreendedora fundadora da VRS Cursos, Palestras e Coaching. Infomações sobre o workshop 'Identidade do Seu Negócio: Comunicação, Imagem e Governança': http://eventick.com.br/a-identidade-do-seu-negocio-co)