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OPINIÃO

O centenário e a vida em flor de Amália Hermano

O mundo foi criado numa simbiose de beleza natural. Tudo que existe sobre a terra a acima da terra, no universo, se move com sentido e significado.

Deus criou as flores, os campos, as matas, as grandes árvores, o sol e a lua, os ventos e todos os bichinhos.

E derramou tudo isso nesse mundo de tanta beleza; uma beleza só sentida por aqueles que, também, nasceram para ajudar ao criador a dar sentido e significado a todas essas maravilhas, tantas vezes despercebidas.

E no coração desses seres, Deus pincelou tons de verde e, também, a essência das flores, para que, caminhando sobre o mundo, pudessem compreender as maravilhas brotadas do chão.

Esses seres iluminados se transformaram em verde e encanto, derramando essências variadas na nudez da paisagem.

Assim, Deus derramou flores no coração de Amália Hermano.

Amália tinha um coração verde. Também, um coração de terra.

Ela mesma, eternizada em flor “Cattleia Nobilior Amalie”. Mas, ainda, foi muitas outras flores.

Amália foi flor do campo. Orquídea florida. Caraíba em flor. Bromélia viçosa. Sempre-viva colorindo a paisagem. Boa noite no terreiro dos ranchos. Onze horas enfeitando os quintais. Dália perfumando o ambiente. Sempre-lustrosa derramando suas cores. Margarida branquinha nos campos. Violeta tão florida nos vasos. Melissa com seu cheiro admirável. Gardênia com suas flores exóticas. Flor de lis cantada pelos poetas. Amarilis com suas cores vibrantes. Hortência a se confundir com o azul da tarde. Rosa, com seus perfumes delicados. Alpineia com sua delicadeza. Também como chuva de prata, derramou pétalas por onde passou. Foi cravina delicada, plantada num canteiro de muro. Foi helicônia faceira, abrindo seus cachos. Foi a palma aberta, louvando o Senhor. Foi a tulipa mística e imponente nos jarros. Foi a flor de maio, derramando o vermelho nos vasos. Foi a caliandra de nossos cerrados. A alamandra com sua borda amarela. Uma acácia delicada. A alfazema que nos acalma. A beladona imponente. A azaleia sempre linda. A begônea com sua timidez. Flor de laranjeira com seus perfumes. Foi, sim, a flor do sabugueiro, como um buquê, pulando o muro rebuçado de telhinhas das velhas cidades...

Derramando perfumes, passou sua vida laboriosa e útil.

Rosa entre rosas, assim foi Amália Hermano.

O nome Amália, de origem germânica significa trabalhadora, diligente, ativa, ou seja, este nome simboliza as características de uma mulher batalhadora, esforçada, cuidadosa e que está sempre atenta em tudo que faz. Nada mais singular que este nome para uma mulher como Amália Hermano Teixeira.

Estive ao lado dela como datilógrafo de seu livro História de Goiás nos seus últimos anos, até o seu falecimento.

Foi minha inspiradora, mestra, amiga, companheira de leituras e de muito trabalho. Anos felizes que se ramificaram em meu coração e hoje florescem em sentidos e sentimentos.

Como não amar Amália com suas histórias, pratos, delicadezas e flores?

Ela nasceu no antigo norte goiano, no berço histórico tocantinense que foi Natividade. Com suas serras, casarões, becos e vielas, os campos floridos, o sol sempre presente, num calor a se confundir com a terra, os ventos, as pessoas, os bichos e a natureza.

Corria o ano de 1916, há cem anos... Ela nasceu, desabrochando em flor. Seus pais Manuel José Hermano (Manduca) e Archângela Pereira Hermano, ambos também nativitanos.

Aos três anos, com os pais demandou o Sul do Estado, em consequência da tragédia que abalou São José do Ouro, depois São José do Duro e, mais tarde, Dianópolis, envolvido em luta sangrenta que colheu parentes seus, como foi destacado no romance O tronco, de Bernardo Élis.

Seguiram para a antiga cidade de Curralinho, mais tarde Itaberaí, onde Amália Hermano recebeu os primeiros ensinamentos de sua tia e madrinha Maria Cazuza Herrnano (Mestra Cazuza), lendária mestra itaberina.

Depois seguiram mudança para a Cidade de Goiás, a velha Vila Boa, onde seus pais abriram a Pensão Manduca, espécie de consulado da gente do norte de Goiás.

Na cidade de Goiás Amália Hermano fez o curso primário no Grupo Escolar: 1926- 1928, com a dedicada mestra Emília Perillo Argenta.

O Secundário no Lvceu de Goiaz, recebendo o certificado em 1934. Normalísta pela Escola Normal Oficial de Goiás em 1935. Assim Amália tinha o conhecimento técnico e também o didático.

Em 1936 foi escolhida por seus mestres para ir ao Rio de Janeiro, onde, se submetendo a rigoroso teste, frequentou o Curso de Extensão Rural, em grau universitário, promovido pela Sociedade dos Amigos de Alberto Torres (SAAT). Recebendo lições dos mais eminentes mestres adeptos da filosofia torreana, voltou para Goiás, encetando campanha pela implantação dos Clubes Agrícolas nas escolas, visando despertar nas crianças e jovens o amor à terra e à natureza; o que iniciou em Trindade, com o apoio de Nila Chaves Roriz de Almeida como “Clube Agrícola Constantino Xavier”, do Grupo Escolar João Pessoa.

Amália Hermano casou-se em 01 de fevereiro de 1937 com seu conterrâneo, o então advogado Maximiano da Matta Teixeira, grande prosador e contista. Em 1946 nomeado desembargador do Tribunal de Justiça de Goiás, seu presidente em 1959. Professor da Faculdade de Direito, depois integrante da Universidade Federal de Goiás. Aposentado voluntariamente em 1961 no cargo de Desembargador T J. Diplomou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Goiás, em 1944.

Amália Hermano trabalhou de 1936 a 1937, com o saudoso Joaquim Câmara Filho; então diretor do Departamento Estadual de Propaganda e Expansão Econômica (DEPEE). Com o Agrônomo Manoel Alves de Almeida, instalou a Escola Profissional de Rio Verde, sudoeste de Goiás. Pioneira do Ensino Rural em nosso estado; chefiou o Serviço de clubes Agrícolas Escolares; em tais atividades pondo em prática conhecimentos hauridos em 1936 no curso feito na Universidade Rural Brasileira.

Também, teve destacada atuação no Primeiro Congresso Estadual de Educação, instalado em Goiânia a 29 de Outubro de 1937, apresentando trabalho sobre Ensino Rural. Participou em 1942, ao ensejo do Batismo Cultural de Goiânia - a nova Capital de Goiás - do 8° Congresso Brasileiro de Educação, sendo publicada nos anais desse memorável con¬clave sua tese: Problemas do Ensino Rural Brasileiro.

Nesse tempo já então era ela catedrática por concurso de Geografia, da antiga Escola Normal Oficial, hoje Instituto de Educação de Goiás, que havia sido dirigido por José Lopes Rodrigues e Ofélia Sócrates do Nascimento Monteiro.

Publicou “O Curioso Caso da Eecola Normal Oficial” – história de uma injustiça – Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais em São Paulo 1946; em que defende a Escola Nova, condenando os métodos rotineiros do ensino. Fez o curso de Samaritanas Socorristas, promovido pela Comissão Estadual da Legião Brasileira de Assistência (LBA) em Novembro de 1942, juntamente com outras jovens pioneiras.

Amália Hermano integrou a delegação de Goiás à X Conferência Nacional de Educação promovida pela Associação Brasileira de Educação (ABE), realizada no Rio de Janeiro, em novembro de 1950, quando contribuiu com dados sobre o ensino em Goiás, necessários à elaboração do projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

No ano de 1957 ganhou uma bolsa de estudos do Ministério da Educação e Cultura (Ministro Clóvis Salgado), para pesquisa de história no Rio de Janeiro e São Paulo, na Biblioteca Nacional, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e instituições congêneres, à disposição da Secretaria de Educação e Cultura; dirigiu de 1958 a 1963 a Revista da Educação, órgão oficial daquela pasta, publicando os números 37 a 52.

Representou Goiás no II Congresso Nacional de Educação de Adultos (09 a 16 de julho de 1958, Rio de Janeiro), participou ativamente na Campanha de Educação de Adultos, tendo sido a primeira diretora do estabelecimento da magnífica cruzada encetada em Goiás – Ginásio “Professor Ferreira” – colaborou na instalação de congêneres para o aperfeiçoamento da educação de adultos no Brasil. Conseguiu a primeira dotação para os cinco ginásios da campanha, por meio do Senador Alfredo Nasser.

Professora de História do Brasil e de Goiás do Centro de Estudos Brasileiros e do Centro de Estudos Goianos da Universidade Federal de Goiás (1963 a 1964); participou do II Simpósio de Professores Universitários de História, realizado em Curitiba, de 27 a 31 de outubro de 1962, defendendo a comunicação: a propriedade e o uso da terra.

Colaboradora especial da Grande Enciclopédia Delata La-Rousse, editada (12 volumes) em 1979, reimpressa (15 volumes), contendo verbetes de Goiás e dos presidentes da província e governadores e ainda verbete da historiadora Amália Hermano Teixeira: “Teixeira (Amália Hermano). Historiadora brasileira (Natividade - GO 1916). Diplomou-se no Liceu Estadual e Escola Normal de Goiás (antiga capital do estado). Catedrática de geografia geral e do Brasil da Escola Normal; quando foi esta transformada em Instituto de Educação, passou a lecionar geografia e história do Brasil. Formou-se em Direito (1944), foi diretora da Imprensa Oficial do Estado (1946) e professora de história do Brasil e de Goiás do Centro de Estudos Brasileiros e Goianos da Universidade Federal de Goiás até 1964”.

Publicou Reencontro, marco das comemorações pela passagem dos 46 anos de formatura dos bacharéis (1934) do Lyceu de Goíaz , 1981, 152 páginas, em que revisita a memória daquela importante instituição de ensino ao longo da história.

Anistiada, foi convocada para a Universidade Federal de Goiás, pois havia sido demitida por ato do golpe de 1964. Como pesquisadora da UFG até 1983, quando se aposentou na área federal, preparou estudo sobre a  Folia do Divino em Natividade.

Comissionada pelo governo estadual nos cargos de Secretária de (11/01/45 a 08/11/45) e Diretora (09/11/45 a 05/02/46) da Imprensa Oficial de Goiás, foi a primeira mulher a desempenhar tão elevado cargo no Estado e o desempenhou com sucesso e dinamismo.

Membro da Associação Goiana de Imprensa e Associação Brasileira de Escritores, hoje União Brasileira de Escritores, Seção de Goiás. Como vice-presidente desta compôs a delegação ao VIII Congresso Brasileiro de Escritores, que teve lugar em Porto Alegre (1951). Nesta oportunidade apresentou a tese: o Clube Agrícola Escolar – fator de democratização.

Presidiu a Comissão Social do Primeiro Congresso Nacional de Intelectuais, realizado em Goiânia, de 14 a 21 de fevereiro de 1954, que reuniu os mais expressivos intelectuais brasileiros e do exterior, representados 14 setores da literatura, arte e ciências. Apresentou nesse conclave a indicação: “Da necessidade de assistência aos clubes agrícolas escolares e dotações orçamentárias para construção e instalação de Escolas Normais e Rurais no Estado”.

Membro da Comissão Social da III Conferência Nacional de Jornalistas, realizada em Goiânia, de 21 a 25 de outubro de 1956, presidida pelo jornalista Geraldo de Araújo Vale.

Representante do Estado de Goiás no VII Congresso Nacional de Jornalismo, levado a efeito no Rio de Janeiro, por ocasião dos festejos comemorativos do cinquentenário da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em 1957.

Redatora – Chefe do jornal “O Araguatins”, órgão de defesa dos interesses dos norte-goianos, fundado por seu marido, jornalista e um dos ex-presidentes da Associação Goiana de Imprensa, Maximiano da Marta Teixeira.

Em 1944 fundou o jornal “A Colméia”, órgão do clube agrícola “Couto Magalhães”, Escola Normal Oficial do Estado, clube também por ela fundado e que contribuiu enormemente para o desembaraço e desenvolvimento cultural das alunas dessa casa de ensino de formação de professoras.

Escreveu artigos para diversos jornais e revistas, destacando-se a revista “Oeste” (Goiânia), “Revista de Educação de São Paulo”, Atualidades Pedagógicas (São Paulo) Terra e Gente, Revista Goiana (Rio) Revista de Educação, órgão oficial da Secretaria de Educação e Cultura de Goiás, Revista Brasileira de Folclore, publicação do Ministério da Educação e Cultura (Brasília), Revista Orchidee da Alemanha Ocidental (1972), Revista Orquídea. editada no Rio de Janeiro, Revista Flores do Brasil, editada em São Paulo.

Em 1945 Amália Hermano se formou em Direito.

À disposição da residência da Ordem dos Advogados do Brasil Seção de Goiás, de 1946 a 1949 (decreto estadual de 06/02/46 e 17/08/49). Homenageada pelos advogados e juízes da cidade de Campos, Estado do Rio de Janeiro no Fórum local, no dia 29 de março de 1949, como Diretora da Revista de Jurisprudência e Legislação de Goiás.

Na edição de José Konfino Junior, nova série, 2° suplemento, parte 2, de autoria do conhecido publicista Dr. Emílio Guimarães, autor da série Dicionário Enciclopédico de Doutrina Aplicada, Brasil Acordãos (15 volumes), foi dedicada ao casal desembargador Maximiano da Marta Teixeira e advogada Amália Hermano Teixeira: “A mui ilustre Dra. Amália Hermano Teixeira”, que em Goiás, com o seu eminente esposo, Desembargador Maximiano da Marta Teixeira, num cuIto ao Direito faz o sacerdócio da justiça, homenagem do autor. Emílio Araújo Guimarães Campos 13/08/51.

Homenageada no Rio de Janeiro pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil na reunião comemorativa de seu 20° aniversário.

No exercício da advocacia foi eleita e reeleita membro do conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, seção de Goiás. Eleita e reeleita secretária do Conselho Secional da OAB. Diretora da Revista Goiana de Jurisprudência e Legislação, juntamente com c professor Emmanuel Augusto Perillo, Secretário do Tribunal de Justiça do Estado.

Integrou a representação de Goiás ao VI Congresso Jurídico e 1 a Convenção Nacional de Advogados, realizados em janeiro de 1955, em São Paulo, sob a presidência do professor Noé Azevedo, presidente da OAB - SP.

Seu acendrado amor por nossa terra e sua natureza fez com que ela, ao lado de suas múltiplas atividades culturais, encontrasse no carinhoso cuidado do lar tempo bastante para um absorvente Hobby no trato de plantas ornamentais e orquídeas, possuindo delas uma das mais belas coleções do Brasil.

Foi eleita presidente da Sociedade Brasileira de Floricultura, colaborando em revistas especializadas, como Orquídea, (Rio de Janeiro), Flores do Brasil (São Paulo).

Seu Estudo sobre a Árvore do Papel - Bitouchina papyrus (Pohl) Toledo, apresentada ao XX Congresso de botânica, realizado em 1969, em Goiânia, publicado nos respectivos Anais, teve grande repercussão, e baseado nele, o chefe da Seção de Floricultura e Plantas Ornamentais do Instituto Agronômico de Campinas, São Paulo, Dr. Hermes Moreira de Souza, sugeriu à Assembleia Legislativa de Goiás adotasse o Papiro, somente nativo neste Estado, a planta representativa de Goiás. O Poder Legislativo aprovou a proposta e o Executivo a sancionou, transformando-a na Lei nº 7.610, de 30/11/72, depois modificado.

Organizou, em 1957, as primeiras exposições de orquídeas e plantas ornamentais de Goiás patrocinadas pelo então Secretário de Estado de Viação e Obras Públicas, Jornalista Jaime Câmara; e a I Exposição da Sociedade Goiana de Orquidófilos, ajudada pela Prefeitura Municipal de Goiânia (1966).

Foi Secretária-Tesoureira do XX Congresso Nacional de Botânica, realizado em Goiânia em 1969.

Recebeu diploma e medalha em 03 de setembro de 1965, por ocasião da Exposição Nacional de Orquídeas, comemorativa do IV Centenário do Rio de Janeiro, pela apresentação de plantas de sua coleção, e a 19 de novembro de 1966 recebeu certificado comemorativo do Centro Paulista de Orquidófilos.

Participou dos Congressos Nacionais de Botânica, realizados em Brasília (1966) e (1969), Garanhuns (Pernambuco), Rio de Janeiro (1975), São Luis do Maranhão (1976); participou do 11 Congresso Latino-Americano e XXIX Brasileiro de Botânica realizado de 22 a 29 de Janeiro de 1978 em Brasília e Goiânia; tendo redigido o roteiro sobre microorquídea - Inopsis utricularioides. Participou do XXX Congresso Nacional de Botânica. 21 a 27 de janeiro de 1979, no Mato Grosso do Sul, expondo orquídeas de Goiás.

Esteve presente no XXXII Congresso Nacional de Botânica de Teresina. Piauí (25 a 31 de janeiro de 1981). Portaria de elogio nº 17/62 do Secretário de Estado da Educação e Cultura, Pe. Ruy Rodrigues da Silva, em 29 de janeiro de 1962 por haver editado o Suplemento especial sobre o V Congresso Nacional de Professores, realizado em Goiânia em janeiro de 1962 (de 17 a 24).

Ao se jubilar em 1963, Amália Hermano Teixeira recebeu manifestações de apreço por parte de seus colegas e ex-alunos, de autoridades, do Reitor da Universidade Federal, do Governo Estadual, que lhe endereçaram ofícios enaltecendo “Sua brilhante trajetória de educadora” e proclamando a dedicação e os bons serviços que a eminente mestra de longa data tem prestado à causa educacional em Goiás.

A Assembleia Legislativa fez constar na ata de 20 de maio de 1963 voto expressando “o reconhecimento do Poder Legislativo pelos serviços que, como educadora. prestou ao Estado, ao longo de sua brilhante carreira. a professora Amália Hermano Teixeira”.

Amália Hermano projetou Goiás nos cenários nacional e internacional ao descobrir a orquídea que foi classificada em 1978 com seu nome, Cattleya amaliae. A orquídea que ela e seu marido descobriram em 1977 no município de Taguatinga, Goiás, foi classificada pelo taxônomo PABST com o nome de Catleya nobilior Amaliae, como se vê em Bradea nº 33, Boletim do Herbarium bradeanurn , de 15 de março de 1978, e incluída no catálogo internacional de orquídeas .

Curso de Sistemática Botânica ministrado pela professora Dra. Graziela Barroso técnica do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e professora da U.F.R.J, durante o XXVII Congresso Nacional de Botânica, realizado em São Luiz Maranhão de 20 a 25 de janeiro de 1976.

Como homenageada especial do Colégio Santa Paula, recebeu diploma e placa de prata, durante a VI Semana Cultural oferecidos pela diretoria. corpos docente e discente desse educandário, reconhecendo seu grande trabalho em prol da sociedade brasileira, em 03/10/83. Do Clube Soroptimista de Goiânia recebeu medalha e crachá, honra ao mérito como pioneira de Goiás, em 08/12/84.

Na qualidade de madrinha dos formandos do Colégio Santa Paula e Colégio Integral, recebeu placa de prata e diploma, testemunhando-lhe admiração e amizade (14/12/84).

Amália Hermano Teixeira publicou numerosos artigos em revistas e jornais de Goiás e do País, deixou inéditos os livros História de Goiás (depois publicado pelo IHGG) e Perfis (biografias), publicado postumamente por sua família. Manteve seção permanente sobre história de Goiás e ecologia na revista Presença, dirigida e editada pela saudosa jornalista Consuelo Nasser.

Também auxiliou Consuelo Nasser na efetivação do Cevam. Esteve envolvida desde os primeiros tempos.

Fez o relatório da Conferência proferida pelo cientista Vital Brasil sobre animais venenosos, em 02 de maio de 1936, em Niterói, para professores de todo o Brasil, participantes do Curso Rural Universitário da Sociedade dos Amigos de Alberto Torres (Saat); esse trabalho – teste confirmou-a como professora – aluna daquele curso.

Publicou também um estudo sobre Goiás - A velha e a nova Capital, conferência proferida na Faculdade de Direito de Belo Horizonte. Minas Gerais, em junho de 1936, publicado no jornal “A Nota” (Rio), dirigido pelo jornalista baiano Geraldo Rocha.

Deu publicidade o estudo sobre os programas de ensino e o clube agrícola - situação da escola primária - Correio Official, órgão dos poderes do Estado de Goiás, em 1936, há 80 anos.

Durante toda sua vida, foi uma estudiosa e aprendiz constante das coisas do mundo e da natureza. Por décadas, até o fim da vida, dedicou-se às letras e á história.

Como educadora, Amália participou de congressos e conferências, proferiu palestras, publicou artigos em jornais como Cinco de Março, Atualidades Pedagógicas, na Revista Educação e ainda integrou um grupo de discussões sobre a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) Nacional. Lutou pela implantação de clubes agrícolas nas escolas do Estado, com o propósito de disseminar entre os jovens estudantes o gosto pelo ensino rural.

Por muitos anos dedicou-se à escrita de seu livro sobre a história de Goiás que só foi publicado postumamente. O referido estudo durou quatro décadas e a intenção de Amália era reunir os subsídios coletados em um livro, o que não foi possível por conta de seu falecimento em 28 de Abril de 1991.

Amália Hermano Teixeira em seus estudos sobre o Cerrado, deu destaque inicial ao Papiro, ou árvore do papel, da Serra Dourada e, por seu pioneirismo, foi classificado como planta símbolo de Goiás, depois modificado. Também na descoberta de muitas orquídeas do mato, emprestou seu nome a uma delas, classificada por Guido Pabst, botânico internacional. Juntamente com José Angelo Rizzo, fez diferentes estudos sobre a botânica da região da Serra Dourada.

Em seu estudo, baseado em observações in loco na Serra Dourada, Amália Hermano Teixeira avaliou o conjunto constituinte de diferentes espécies do Cerrado, sendo a mais intrigante a chamada Papiro, de milenar formação, desde a antiguidade, cuja denominação mais popular é árvore do papel. No texto escrito por Teixeira (1974, p. 21), a mesma destaca: “O papiro da Serra Dourada é árvore símbolo do Cerrado brasileiro. É ícone, é marca identitária. Nenhum Bioma o apresenta com tanta riqueza e singularidade quando no alto evocativo da Serra altaneira descortinando o que seria mais tarde o nosso Goyaz”.

Por sua singularidade na época, Amália Hermano sugeriu que a mesma fosse, portanto, a planta símbolo de Goiás; o que ocorreu por determinado tempo, sendo depois substituída pelo pequizeiro. Na sua reprodução da Pedra Goiana existente na Praça Vila Boa no Setor Oeste em Goiânia, defronte ao Hospital São Salvador, nos anos de 1960; coordenou o plantio de um papiro que, anos depois foi arrancado e a pedra também derrubada.

Com sua morte repentina e inesperada, dado seu estilo de vida, sua alimentação e sua saúde, o seu precioso acervo ficou, por alguns anos, guardado pela família a espera de uma mobilização pela compra do imóvel para se transformar numa casa de cultura e de pesquisa.

Longos anos se passaram sem que nenhuma resolução fosse firmada, havendo a possibilidade de compra para sede da Aflag; o que não foi possível em razão de uma série de motivos de ordem administrativa. O certo é que aquela casa, carregada de verde, desapareceu do cenário de nossos olhos. Era o fim.

Parte de seu acervo foi doado ao IHGG. Pela generosidade de Dr. José Hermano, também fui agraciado com grande parte de sua biblioteca, a minha escolha, e que estão guardados comigo há vinte e cinco anos, com o mais cuidadoso carinho.

Ela é hoje nome do Jardim Botânico de Goiânia. Nome de rua. Nome de Colégio. Na sua cidade, no Tocantins, também recebeu várias homenagens. E todas elas merecidas.

Seu acervo foi todo catalogado no IHGG. Seus livros inéditos foram publicados. Seu acervo de fotografias também está delicadamente guardado no IHGG, assim como os que tenho comigo e nas lembranças do coração.

Sua memória se preserva na lembrança dos que a conheceram e amaram. Seu nome se perpetua em cada folha do Jardim Botânico. No verde daquela linda paisagem, cercada por árvores centenárias, sua memória evola como o perfume da seiva delicada do angico, do jatobazeiro e nas flores minúsculas do Cerrado goiano.

A vida em flor de Amália Hermano, como uma delicada rosa, traz o perfume de sua essência até nossos dias.

No seu centenário, nada mais evocativo que relembrar sua passagem entre nós, com o respeito e o agradecimento por tudo que deixou de legado para nós, goianos, no seu esforço de fazer o mundo melhor.

Você é hoje, no grande Lar do céu, na casa dos espíritos maiores, iluminados, uma alma em flor.

Leve até os amados no Nosso Lar, as mensagens de amor e saudade que evolam de nossos corações esperançosos de um dia, no além, nos encontrarmos.

Que não haja nem desespero e nem solidão, porque os bons espíritos estão sempre conosco nas bênçãos que nos concedeu Jesus em todos os mundos possíveis.

Amália queridíssima, você é inesquecível e se desdobra, suavemente, como essas minúsculas flores do campo, que se abrem na aridez dos caminhos.

Trago-lhe uma rosa etérea e espiritualizada, um buquê perfumado para dizer que, no grande jardim do céu, espero, estejas semeando sempre, perfumando sempre e aromatizando, no orvalho de todas as manhãs, a sua messe de amor.

(Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado, graduado em Letras e Linguística pela UFG, pós-graduado em Literatura Comparada pela UFG, mestre em Literatura pela UFG, mestre em Geografia pela UFG, doutorando em Geografia pela UFG, escritor, professor e poeta [email protected])

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