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OPINIÃO

Escassez ou abundância de assunto

Uma questão que traz um certo travamento no encontro das pessoas é a falta de assunto. Notadamente quando se avista a pessoa na primeira vez. Se já é  da intimidade a conversa flui com mais facilidade. Não é por exemplo incomum num e noutro contato o sujeito sem outros recursos do que falar evocar uma situação de momento, um fenômeno atmosférico, um clima político ou uma manchete impactante de telejornais. São locuções corriqueiras aquelas de ah! como faz calor, parece que vai chover, o frio está agradável! Ou as manchetes bombásticas: que horrível foi aquele crime, e o criminoso não foi preso!

A crise econômica também têm contribuído um pouco para os carentes de assunto. O feijão por exemplo, como anda caro, a gasolina continua nos píncaros da carestia. O feijão fica fácil.  Acho que vou trocá-lo por fava ou ervilha. Ou então o furacão Matthew, que passou devastando terras, mares e pessoas pelo Haiti. Ou por exemplo a morte de Teori Zavascki , no naufrágio do avião, que caiu no mar de Paraty. Naufrágio de um avião, coisa inopinada. As rebeliões ou greves nos presídios , com mortos, feridos e muito apreensão . Além da força de segurança nacional, têm sido mobilizados os políticos e autoridades várias.

Para quem ao menos assiste aos telejornais por exemplo têm surgido muitos espalhafatos. Quer dizer, não precisa nem ter muita cultura que as bombas estão lá. Só na operação lava-jato, toda semana têm uma série de notícias ruidosas. São indiciamentos do ex-presidente Lula, prisão preventiva ou provisória de ex ministros dos ex Lula e Dilma, condução coercitiva dessa e outra autoridade de estatais, descobertas de outros focos de corrupção, falta de tornozeleira eletrônica, entre outras notícias policiais e de saúde pública. Focos de zika e dengue por exemplo, surtos de febre amarela, o mandado de prisão de Eike Batista, ruindo o seu mandato como bilionário.

Então a questão inicial da escassez de assunto no decorrer do tempo pode relaxar as inibições e desaguar em vários temas. Uma deixa interessante na míngua do que falar pode ser  quando morre um personagem famoso. Quer dizer, o sujeito não precisa  nem ser importante; são conceitos distintos. O cara muita vez é famoso e sem nenhuma importância social, política ou ética. Morre por exemplo um ator bem apessoado de imagem e dotes físicos. Numa palavra, ele era um galã midiático. Nessa fatalidade da morte dessa figura, as redes de TV numa estratégia de mais ibope e mais audiência, irão prolongar o funeral do indivíduo. Todas as TVs irão pelo mesmo caminho. Nesse cenário, por exemplo as pessoas buscam assunto por vários dias.

- Que triste, não! Você viu? Como ele ou ela era assim ou assado! Mas, também por que ele foi se envolver com aquela pessoa, naquele dia e local! É o sujeito( ela ou ela) no lugar e hora errados com a pessoa(3º  sujeito) errada.  É muita coisa errada ao mesmo tempo.

Se o sujeito for um pouco mais lido não lhe faltará assunto. Nas eleições municipais de outubro 2016. Quantas notícias fora da normalidade! Houve por exemplo mais de 20 mortes de candidatos. O episódio mais rumoroso foi o do candidato José Gomes, de Itumbiara-Go. No tiroteio, ele mais um policial foram assassinados, e o vice de Goiás José Eliton foi baleado no abdômen. Ele sobreviveu sem sequelas, e continua aí falante e muito atuante.

Tiveram também as doações para campanhas, na ordem de milhões, de eleitores que recebem bolsa família e de eleitores-defuntos. Tudo ainda está sob apuração pelos TRE e TSE. São fatos e ocorrências de nosso Brasil.

Para quem se afeiçoa a notícias do mundo jurídico há sempre notícias surpreendentes. É o caso do julgamento do supremo tribunal federal do réu condenado em segunda  instância ir para a cadeia. Na chicana dos advogados ele pode até recorrer à 3a ou 4a instância, mas continua preso.

Se os interlocutores forem estudantes ou professores. Aqui então não faltarão assuntos. Tem por exemplo a flexibilização (leia-se relaxamento) do currículo do ensino médio, tem a piora das notas do ENEM, das provas de avaliação em conhecimentos de matemática e português. Há as fraudes nas provas do ENEM. As quadrilhas estão  cada vez mais organizadas. Falta só uma melhor combinação na recepção das respostas. Aquela de se entendeu dê duas tossidas, pode falhar , como ocorreu com uma jovem candidata ao curso de Medicina. Porque imagina se o candidato gripar ou resfriar. Que confusão!

No cenário além mar tem o histriônico e parlapatão Donald Trump com sua ideia de construir um muro na divisa com o México. Curioso é que além de estapafúrdio ele quer mandar a conta para o próprio México.

Agora, se tem uma turma que não está nem aí para a falta de assunto é a turma dos conectados. Fala-se aqui da trupe da geração digital. A garotada e juventude 100% virtual não carecem de falta do que falar. A curtição deles é só na base do internetês, do audiovisual e mais nada. Quando esses internautas falam alguma coisa o difícil é decodificar o significado de tanta sigla, gírias e seus idioletos. São tempos estranhos!  Conforme o contexto, pode abundar ou minguar assunto.

(João Joaquim - médico - articulista DM facebook/ joão joaquim de oliveira  www.drjoaojoaquim.blogspot.com - WhatsApp (62)98224-8810)

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