Os sindicatos começaram a ter uma postura autônoma perante o Estado, em 1980. Neste período, promoveram-se greves e manifestações que mexeram com o brio de cada trabalhador. Dentro de sua ilegalidade os atritos eram inevitáveis, a reação do Estado foi rígida. Isto teve como consequências lutas, perseguições por parte do governo. Até que, em 1988, uma nova Constituição surgiu como resultado deste processo. Então o sindicalismo desligou-se do restolho corporativista em que se encontrava.
Com a nova Constituição veio a unicidade sindical – um único sindicato para cada categoria em cada base territorial, não inferior ao município. Exige-se o registro para que se certifique a unicidade da representação. Na expansão de seus trabalhos, buscou-se espaço político, promovendo uma militância político-partidária. Estas conquistas equilibraram as forças entre empresas e empregados (capital x trabalho), isto dentro de uma preocupação constante de condicionar e conciliar exigências, imposições, buscando as possibilidades, observando as limitações da conjuntura socioeconômica.
Contudo, identifica-se um histórico vitorioso do sindicalismo atual, tendo em vista que as negociações coletivas, a conciliação e a arbitragem são as perspectivas do novo sindicalismo, consciente de seus direitos e de suas responsabilidades. E claro que não podemos desmerecer as conquistas, mas é preciso entender que, naquele momento, foi preciso; agora temos novos desafios, e para isso são necessárias novas formas de trabalho, de agir e de pensar. É preciso repensar os objetivos, porque vivemos em uma sociedade que necessita de renovação de ideais e princípios, não de novos sistemas administrativos governamentais.
Mais do que nunca necessitamos de cidadãos que tenham consciência do seu papel, que se volte para o coletivo, que participe, debata, tudo dentro de uma forma ponderada e objetiva. Perde-se muito tempo pensando e estudando em uma nova sociedade, onde haja justiça igualitária, paz e prosperidade, mas muita gente se esquece de que por traz de tudo isto, está o ser humano, frágil e exposto às adversidades da vida. Na atual conjuntura econômica do país, não há espaço para imposição e extremismo. O mundo prova isto todo dia, em todos os lugares, com brigas, guerras, atentados e manifestações populares.
A ganância, a falta de bom senso e de conhecimento são alguns fatores que propulsionam os malefícios da humanidade; e, destes seres, que não se interessam pelos seus irmãos, as maiores falhas humanas da história. Como no mundo, o sindicalismo atual deve, ao invés de gritar, falar, impor: negociar. O desfecho não pode, em nenhuma das circunstâncias, beneficiar somente uma das partes, a proposta deve ser boa para mim tanto quanto para você. Ao invés de se estabelecer uma hierarquia definida, porque não um grupo que trabalha em parceria, visando o bem comum. À primeira vista, esta proposta parece beneficiar somente uma das partes, no caso a classe trabalhadora. Mas isto não acontece, porque hoje as experiências comprovam que um trabalhador motivado vale por dois, este possui uma expectativa de vida, tem seus direitos assegurados, sente-se útil e valorizado.
Em algumas empresas, onde já se aderiu a este experimento, acontecem relatos de diretores quanto à melhoria do ambiente de trabalho, no rendimento do funcionário, na diminuição de responsabilidades.
(Eduardo Genner de Sousa Amorim, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio no Estado de Goiás (Seceg) e da Federação dos Trabalhadores no Comércio nos Estados de Goiás e Tocantins (Fetracom/GO/TO) e diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio – CNTC)