Quando eu disse que Maguito Vilela não foi sincero ao naunciar que iria se aposentar, não supunha nem de longe que sua desaposentadoria já estava prestes a ocorrer.
Em entrevista a O Popular desta segunda feira, o ex-governador volta com tudo às lides políticas. Suas declarações provocaram furor no mundo político. Certos marconistas, que se manifestam pela imprensa felizes e embevecidos, não perceberam o que está atrás das palavras adocicadas de Maguito Viela. Ou não perceberam ou não quiseram perceber.
Maguito quer uma aliança do PMDB com o PSDB para 2018, visando o governo do Estado. “Temos de deixar de pensar apenas nos partidos e grupos políticos. Se a política hoje está desgastada é por conta disso. As candidaturas devem ser pensadas a partir das necessidades do Estado e isso só se constrói se os partidos conversarem para encontrar o nome que mais se encaixa neste perfil”, disse ele.
Os peemedebistas são ótimos formuladores de táticas e estratégicas, apesar das sucessivas derrotas sofridas nas urnas. E sempre que falam em alianças com outras forças, apressam-se a impor unilateralmente as condições em que tais alianças serão feitas. É José Nelto, de um lado, condicionando qualquer conversa com o PSD a que Vilmar e seus partridários entreguem os cargos e venham para a oposição. É Maguito, por outro, condicionando qualquer aliança com os tucanos à construção de uma candidatura “pensada a partir das necessidades do Estado”, para em seguida estabelecer uma outra diretriz, a de que os partidos conversem para encontrar um nome que se encaixer neste perfil.
Maguito é desses políticos que nunca dizem o que pensa. Só sabemos o que ele realmente pensa depois que faz o que pensoou. As declarações de Maguito podem até ser interpretadas em setores ingênuos do tucanato como homenagem ao Marconismo. Não é nada disso. É pura perfídia.
O PSDB já tem um nome para 2018: José Eliton, lançado, aliás, pelo próprio Marconi Perillo. É um dado, a partir do qual se pensa todo o resto. Maguito mostraria sinceridade em querer aliança com os tucanos se admitisse, como questão de princípio, a possíbilidade de apoiar o nome já estabelecido nos arraiais tucanos. Também no PSD já existe um nome colocado: Vilmar Rocha, que, por uma questão questão de princípío, admite refluir para uma candidatura senatorial, desde que tudo se dê no âmbito da Base Aliada.
Maguito sabe muito bem que na Base Aliada a discussão se trava em torno de dois nomes: José Eliton e Vilmar Rocha. Por sua vez, Vilmar já deixou claro que pode, em tese, disputar contra José Eliton num primeiro turno, visando porém a recomposição da Base num segundo turno.
Enquanto Vilmar define princípios normativos para sua conduta, Maguito desenvolve uma canhestra metafísica eleitoral. Segundo a maguitologia, o candidato nascerá primeiro no cérebro dele, para depois se materializar... em quem? Nele, evidentemente.
Posto que Maguito sabe que a Base já tem seus nomes – e que não tem a menor necessidade dos “setores do PMDB” – o que explica toda esta conversa fiada sobre buscar, intelectivamente, o candidato que se encaixe “neste perfil”? E que “perfil” é este, cuja essência Maguito se arroga o direito de estabelecer arbitrariamente?
É claro que a união de setores do PMDB com o marconismo é interessnte para ambos os lados. Só os tolos rejeitam união de forças. Mas é preciso que o chefe dos dissientes, o sr. Maguito Vilela, exponha com absoluta clareza as suas verdadeiras intenções. O PSDB fará péssimo negócio se, indo na onda de Maguito, sabotar o projeto de José Eliton em nome da busca do “candidato com este perfil”.
Maguito tem que declarar se pode, ou não pode, apoiar José Eliton, e em que bases. Não precisa assumir compromisso. Mas se quer a união, tem que partir dos dados sensíveis – isto é, das candidaturas já postas – e, só a partir daí, ajudar a pesnar uma plataforma eleitoral capaz de unificar os dois setores. Mas, da maneira como colocou a questão, Maguito já está vetando o nome de José Eliton, embora o faça implicitamente, rasteiramente, espertamente. Apesar do seu jogo ser mais do que manjado, sempre haverá nos meios marconistas gente disposta a cair no logro. Ou a atuar como quinta coluna abrindo, para Maguito, os portões da cidadela.
Ora, todo mundo sabe que o candidato “com este perfil” outro não é senão Maguito Vilella. Ele quer ser candidato a governador. Sabe que terá dificuldades no PMDB, onde o irismo vai, cada vez mais, empurando-o fora. O candidato do PMDB será o próprio Íris. Na impossibilidade material de Íris ser o candidato, o nome a ser apoiado pelo PMDB será o de Ronaldo Caiado. O PMDB goiano é, e sempre será, oposição a Marconi Perillo. Os que, dentro do PMDB, não puderem mais aceitar a hegemonia irista, terá que romper com o PMDB. Ou aliar-se ao adversário tradicional ou fundar sue próprio partido. Foi o que fizeram, no passado, Henrique Santillo e seus seguidores.
A tese de Maguito pode parecer simpática, elegante. Mas todo esse discurso meloso não passa de veneno inoculado no seio da base marconista para provocar desagregação, desviá-la dos caminhos já traçados. Maguito só poderá desmentir o que aqui se afirma se, publicamente, de maneira inequívoca, aceitar como condição para a união de forças, entre Marconistas e setores do PMDB, a tese de que o candidato a governador em 2018 é José Eliton. Tudo que não partir deste pressuposto é canto de sereira para seduzir os bobocas.
Helvécio Cardoso, jornalista