No momento da internação, os músculos são ativados com menor frequência, por menores períodos de tempo e com cargas menores quando comparado às situações diárias pré internação. A soma desses fatores levam a um quadro de fraqueza generalizada da musculatura, mais conhecida como Síndrome do Imobilismo.
O tempo de imobilização traz repercussões consideráveis ao indivíduo, independente da sua idade, podendo demorar anos para que retome suas atividades de vida diárias e sua funcionalidade. Mobilizar precocemente significa retirar o paciente o mais rápido possível e de forma segura desse status quo, imediatamente após sua estabilidade. Implica, ainda, na intervenção precoce e de forma intensa da fisioterapia, resultando no melhor desfecho clínico para o paciente.
Os principais objetivos da mobilização precoce são reduzir o tempo da ventilação mecânica, promover a manutenção e o ganho de força muscular, a manutenção e a recuperação do grau prévio de funcionalidade do indivíduo, a redução do delirium e do número de infecções, a melhora da qualidade de vida, e reduzir o tempo de internação.
A escolha do nível de atividades dos pacientes depende da estabilidade hemodinâmica, respiratória e neurológica, do estado de alerta e dos graus de cooperação e de força muscular, encontrando-se o paciente em ventilação mecânica invasiva ou não. Para isso, é imprescindível uma avaliação minuciosa, com estabelecimento de metas de curto e médio prazo, adequadas ao perfil da instituição.
De acordo com artigo publicado por Castro et al na Critical Care Nurse (agosto de 2015), precisamos vencer as barreiras à implementação da mobilização precoce. Fora dos grandes centros, as principais barreiras são a sedação profunda, a preocupação com a segurança do indivíduo, bem como os acessos e o tempo de duração dos procedimentos na unidade. Porém, tais fatores são modificáveis e podem ser ajustados com toda a equipe. Já a gravidade do doente, sua instabilidade hemodinâmica, respiratória e neurológica e seu nível de consciência são fatores não modificáveis que interferem sobremaneira no processo de mobilização.
Por fim, a mobilização precoce do paciente como recurso terapêutico revela resultados robustos quando empregada adequadamente e sugestiona uma alternativa sólida à prevenção da Síndrome da Imobilidade Prolongada, adquirida na Unidade de Terapia Intensiva.
(Alessandra de Melo, fisioterapeuta, supervisora de Fisioterapia do Hugol)