Temos utilizado esse espaço democrático do Diário da Manhã (Opinião Pública), uma autêntica tribuna popular, sistematicamente, para debater temas de real interesse da sociedade de modo geral. E, dessa vez, queremos deixar clara aqui a nossa indignação com um equívoco que insiste em ser apregoado por algumas pessoas incautas, que é a vinculação política de sindicatos à Central Única dos Trabalhadores (CUT), até porque existem outras Centrais de Trabalhadores no Brasil.
Na verdade, as Centrais de Trabalhadores são entidades fortemente políticas, e, naturalmente, alguns de seus dirigentes buscam apoio político nos sindicatos filiados. E, no Brasil, temos várias delas, aos exemplos da CUT, Força Sindical (FS), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) e a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB). Existem outras que não alcançam índices determinados no artigo 4º da Lei nº 11.648/2008, por isso não são certificadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (TEM).
A legislação vigente deixa claro que o sindicato é uma entidade apartidária, mas, isso, naturalmente, não impede que um sindicalista possa filiar-se num partido político e militar na política, inclusive postulando cargos eletivos. Também sou daqueles que entendem que não devemos ser apolíticos. Eu, particularmente, colaborei na criação do Partido Solidariedade (SD) e sempre peço votos para candidatos que efetivamente representam os trabalhadores.
Mas é bom que fique evidente que os sindicatos, estes sim, não devem se envolver com política partidária, até porque são instrumentos da classe laboral, criados para defender seus interesses. Enfim, são organizações de massa dos trabalhadores; e, deles, participam todos que querem lutar pelos seus direitos, sem diferenciações ideológicas, de raça, religiosas, de orientação sexual etc. E aproveito a oportunidade para citar aqui um sindicalista autêntico: Eduardo Amorim, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio (Seceg) e da Federação dos Trabalhadores no Comércios nos Estados de Goiás e Tocantins (Fetracom/GO/TO).
Inclusive, enfatizamos que a ação de um sindicato de caráter emancipador não deve se limitar a uma pauta de reivindicação. A luta dos trabalhadores deve suplantar as questões imediatas e corporativas. E até entendo que temos que nos empenhar com vistas a promover mudanças no cidadão brasileiro, haja vista que pesquisas de opinião pública revelam que 75% dos brasileiros toleram a corrupção e admitem que seriam capazes de cometer irregularidades em cargos públicos. Cabe a nós, minoria, portanto, combater esse posicionamento horrível da maioria dos nossos concidadãos.
A nossa Constituição pode até ter algumas brechas, mas no geral ela tem um texto que nos ampara na luta pela conscientização, educação de cidadãos que ainda alimentam simpatia pela corrupção, um verdadeiro câncer que precisa ser extirpado logo do Brasil, antes que venhamos a sucumbir diante de tanta lama. Mas só espero que, nessa batalha, não vinculem os sindicatos a essa tal de CUT, que serviu de base para um partido que fez o Governo mais corrupto da história do nosso país, deixando o povo brasileiro praticamente à míngua.
E concluo este com a frase do poeta Dino Gilioli, que também é sindicalista, dirigente do Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis – Sinergia; e membro do Conselho de Administração da Eletrosul: “Um sindicato deve ter sensibilidade para perceber estrelas e consciência para sacudir o chão”.
(João Nascimento, jornalista e está presidente do Clube dos Repórteres Políticos de Goiás)