Que país é este

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“Que país é esse?”, perguntou, lá nos anos 1970, o então presidente da Arena, partido de sustentação do regime militar, Francelino Pereira, que pouco depois se transformou no último governador nomeado de Minas. Francelino, com sua pergunta, queria externar sua indignação com o ceticismo dos políticos e do povo , com a promessa de abertura democrática e eleições diretas anunciadas pelo presidente Geisel. O tempo mostrou que o ceticismo tinha razões, muito embora Geisel tenha cumprido a promessa da abertura. Mas este é outro assunto. Importante mesmo é constatarmos que, mais de quarenta anos depois, o “que país é esse?” continua sem resposta e mais, as dúvidas do povo se espalharam por todos os campos. Vivemos anos de estupefação e de insegurança com o que assistimos no país. A cada dia um escândalo novo, com explicações de sempre- “não sei de nada e vou provar inocência”, é Parlamento tentando criar leis para beneficiar alguns de seus membros envolvidos em falcatruas. É juiz autorizando preso por assaltado a fazer concurso de admissão na Polícia Militar. É presidente da República protelando indicação de ministro da Justiça enquanto o país se incendeia com rebeliões.É partido brigando por cargos apenas para ser condômino do governo e abandoná-lo se algo der errado antes das próximas eleições. É estados e municípios quebrados, sem dinheiro até mesmo para pagar salários.E tem muito mais. O que não falta são razões para uma desconfiança geral, um ninguém confiar em ninguém e um contingente de 12 milhões de pessoas desempregadas, à espera de um milagre da economia, capaz de fazer o país avançar, ganhando um ritmo sustentável de crescimento. Dizem que este milagre está marcado para acontecer no segundo semestre, quando, garante os que comandam a economia, teremos números positivos no PIB. Pode ser. Neste país acontece de tudo. Tomara que aconteça uma coisa boa, pelo menos.

(Paulo Cesar de Oliveira - jornalista e diretor-geral das revistas Viver Brasil e Robb Report)