Trombose Venosa Profunda em UTI: fatores de risco adquiridos
Redação DM
Publicado em 17 de março de 2017 às 02:18 | Atualizado há 8 anosA Trombose Venosa Profunda (TVP) é uma doença que se constitui na deposição aguda de trombos (coágulos) em veias profundas. Manifesta-se predominantemente nos membros inferiores, sob os sinais de estase venosa caracterizada por edema, dor espontânea, dermite, úlceras e varizes.
A fisiopatologia da doença se compõe na formação de trombo aliado à agregação plaquetária; as camadas de fibrina se ligam a este conjunto e levam uma série de glóbulos vermelhos e brancos. Posteriormente, novas plaquetas se agregam sob a superfície destes glóbulos e assim mantém o processo.
A clássica fisiopatologia foi descrita por Virchow em 1856, o qual relatou os fatores primários que predispõem os pacientes à doença, denominada Tríade de Virchow. Esta é composta por lesão endotelial, coagulabilidade do sangue aumentada e lentificação do fluxo sanguíneo.
O aparecimento de fatores de risco apresenta-se sob a forma de características que predispõem ou acarretam a determinação da doença. Quando um fator de risco é reconhecido, podemos dizer que este aumenta a probabilidade de ocorrência do agravo ao individuo, ao contrário daquele não submetido. Porém, nem todas as pessoas que são apresentadas aos fatores de risco necessariamente desenvolverão a doença e, aqueles que não foram expostos podem desenvolver.
Entre os fatores de risco, existem duas classes: os genéticos e os adquiridos; as condições que os levam a interagir entre si aumentam a modificação do efeito, podendo resultar em sinergismo e ampliação da ocorrência do agravo.
Sobre a epidemiologia do agravo, presume-se que nos EUA existam mais de 2,5 milhões de casos anuais, e que resulta em aproximadamente 600 mil casos de embolia pulmonar, sendo que 90% originam-se de trombos em veias profundas e, consequentemente, torna-se responsável por 200 mil mortes. No Brasil, os dados de TVP são escassos e subnotificados, porém estudos recentes realizados em São Paulo pela Faculdade de Medicina da Unesp mostram que a incidência encontra-se ao redor de 0,6 casos/1.000 habitantes por ano.
A importância do assunto se deve às consequências da TVP, muito frequente na população geral, com incidência de aproximadamente 0,2% a 3,9% de insuficiência venosa crônica, denominada também de síndrome pós-trombótica. Essa doença apresenta grande repercussão nos fatores socioeconômicos já que muitos indivíduos em idade ativa serão excluídos do mercado de trabalho devido à invalidez pelas consequências da doença.
A incidência desses agravos pode variar em diferentes hospitais e diversas unidades, mediante as características da população assistida e diante dos fatores de risco apresentados por ela. Para isso, torna-se necessário que os profissionais da saúde conheçam a epidemiologia, os sinais clínicos do agravo bem como os fatores de risco relacionados, a fim de evidenciar os indivíduos predispostos.
Habitualmente, as equipes de Terapia Intensiva tem mantido um grande empenho na profilaxia e no tratamento da TVP através de uma avaliação criteriosa para que o paciente apresente um melhor prognóstico, refletindo em uma melhor qualidade de vida.
(Érica Mayane Holanda Santos Carvalho, enfermeira, mestre em saúde pública e docente do curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – Fesgo)