Desde épocas imemoriais, a humanidade se preocupa com o futuro. Independente do juízo de valor que se possa atribuir a esta ou aquela conquista humana no campo do conhecimento, os registros culturais apontam uma longa trajetória especulativa composta de imaginários diversos em torno dos eventos que virão a suceder-se. Astrologia, religião, filosofia e ciência, em suas incontáveis correntes e manifestações no tempo e no espaço, especularam e ainda especulam sobre o devir.
Uma das plataformas fundamentais de todas essas especulações é o signo linguístico, capaz de comunicar os mais abstratos pensamentos, ligando eras remotas ao presente e projetando o futuro, através de um transformismo constante. Na viagem da cultura pelo tempo, Fracis Bacon, o notável filósofo da ciência, anota uma curiosa inversão do senso comum em torno da qualificação do passado e do presente quanto à antiguidade.
Considerado um dos fundadores do moderno pensamento cientificista, Bacon escreve no aforismo 84 de seu clássico “Aforismos Sobre a Interpetação da Natureza e O Reino do Homem – Livro I”: “No tocante à antiguidade, a opinião dos homens é totalmente imprópria e, a custo, congruente com o significado da palavra. Deve-se entender mais corretamente por antiguidade a velhice e a maturidade do mundo e deve ser atribuída aos nossos tempos e não à época em que viveram os antigos, que era a do mundo mais jovem”.
Surgida a partir dos destroços da civilização pós-Segunda Guerra Mundial, a Organizações das Nações Unidas tem se mostrado preocupada com o futuro do planeta. Dentre as diversificadas iniciativas para um futuro em que a civilização realmente mereça este qualificativo que atualmente a define de maneira um tanto canhestra, em face de suas mazelas éticas e morais, a ONU tem implementado uma instigante agenda intitulada “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”.
A EDUCAÇÃO E A AGENDA 2030
O estado de Goiás tem se mostrado em sintonia com os objetivos da Organização das Nações Unidas. Dentre as atividades que buscam inserir-se nos 17 ODS da ONU, a Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte, em parceria com instituições como a Unesco, o Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte, o Incca, o IPEARTES, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), a UEG, dentre outras, promove entre os dias 22 e 25 de junho o “Festival de Humanidades”, que se insere numa programação e numa agenda mais ampla da “Olimpíada de Humanidades”.
Composto de uma extensa programação cultural, na mais ampla acepção do termo, o “Festival de Humanidades” terá como um dos destaques a eleição de projetos pedagógicos desenvolvidos por professores e alunos da Seduce-GO que contemplam os esforços propostos pela ONU para um mundo mais sustentável, na projeção de um futuro em que o desenvolvimento humano não represente uma ameaça ao ecossistema planetário.
No âmbito da Agenda 2030, a Organização das Nações Unidas realizará na cidade de Liège, na Bélgica, entre os dias 06 e 12 de agosto do corrente ano, a Conferência Mundial das Humanidades. Os autores dos melhores projetos educacionais de desenvolvimento sustentável representarão Goiás e o Brasil na grande conferência que buscará congregar esforços semelhantes mundo afora.
Dentre os 17 ODS da Agenda 2030, a “Educação de Qualidade” representa o quarto objetivo. O “Festival de Humanidades”, que se realiza em Alto Paraíso, constitui um esforço a mais na implementação dessa importante meta proposta pela ONU para a construção de um mundo melhor. O futuro começa agora e passa por uma educação de qualidade, conforme se pode inferir da programação do evento, de que constam oficinas, palestras e debates com representativos nomes da área educacional.
Se o futuro sempre esteve no centro das preocupações humanas ao longo das eras, talvez o momento atual esteja destinado a alçar a educação a um papel preponderante no processo de construção de um mundo melhor, um mundo sustentável sob todos os títulos.
(Gismair Martins Teixeira, doutor em Letras e Linguística; professor do Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte)