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O Círculo”, adaptado do romance de Dave Eggers, que também assina o roteiro, é um drama/suspense que fala sobre a transformação da tecnologia em nossas vidas cotidianas. Não é bem um tema original, já que série “Black Mirror” é o melhor exemplo de um projeto que especula os avanços tecnológicos e como eles colaboram para uma alienação social. E, claro, o poder da tecnologia como arma de dominação, forte o suficiente para entrar na vida do ser humano e ameaçar sua privacidade.
Aliás, em “O Círculo” privacidade é o principal tema. A privacidade em detrimento da liberdade é a linha tênue que permeia as intenções e consequências da trama. E como intenção, o filme do diretor James Ponsoldt é recheado de temas abrangentes e ricos em sua avaliação do alto avanço da tecnologia. Já como cinema é um suspense raso e medíocre em construir uma narrativa que torne a especulação e estudo de tal mundo em uma obra consistente.
O filme não deixa de ser interessante pois a tecnologia mostrada, e suas consequências, por si só é assustadora. Mas dentro da narrativa, os personagens são superficiais e as reviravoltas óbvias desde o início. Tom Hanks como o CEO da empresa “The Circle” encarna o enigmático empresário que vende a revolução e unificação do mundo através da tecnologia, e em nenhum momento o roteiro cria uma dualidade de intenções ou investe no suspense de um jeito que faça o público questionar e duvidar das ações dos personagens. Tudo é previsível e clichê, e pouco criativo. O resultado disso tudo? Mais do mesmo.
“O Círculo” desperdiça ótimos atores e ótimas oportunidades em se aprofundar na complexidade dos temas. O final, por exemplo, na intenção de criar um desfecho empolgante para o público, lida com o mundo das grandes corporações de maneira irreal e pouco interessante. Neste caso, é melhor ficar com a série Black Mirror. Se ainda não assistiu, faça isso imediatamente!
(Matthew Vilela é comentarista de cinema do DM e do blog “Blog do Matthew Vilela”)
