A frase famosa na política nacional, tida como sendo da lavra de Paulo Maluf, o modelo político do Brasil, é na verdade de autoria de Adhemar de Barros que a empregou, segundo sites sobre o assunto, na campanha à prefeitura de São Paulo em 1957. Adhemar já havia sido Governador indicado por Getúrlio Vargas durante o Estado Novo, e foi governador por outras duas vezes, agora em eleições diretas. Por fim, foi cassado em 1966, acusado de corrupção. Sua história é controversa, tendo criticos e admiradores ainda hoje. Até sua morte deixou polêmica ao ter um cofre roubado onde alguns o acusam de ter guardado o equivalente a 15 milhões de dólares enquanto a família diz que morreu pobre por não ter acumulado fortuna. A última das polêmicas a seu respeito é quanto a autoria desconhecida do tal cofre que alguns atribuem à ex presidente Dilma Russef.
Certo é que Adhemar foi um dos primeiros marqueteiros de campanha. Daí, a frase de efeito. Frase de efeito dita o rítimo de uma campanha. Tem sido assim ainda hoje, onde o roubo importa menos que a capacidade de fazer. Se o governante cumpre com sua obrigação e asfalta uma rodovia, por exemplo, ainda que com “asfalto-sonrisal” está liberado para praticar os desvios que quiser. Aparentemente, o eleitorado não mudou muito.
A lavajato parecia ter mudado um pouco as coisas. Parecia estar passando o Brasil a limpo. Agora, cada vez mais aumenta os rumores que a lavajato é a culpada da crise financeira que atravessamos. É o renovo do mote “rouba mas faz” já que com isto querem dizer que, sem a lavajato os políticos estariam continuando fazer o que sabem: administrar o país ainda que com enriquecimentos ilícitos. O Brasileiro foi acostumado com a idéia de que é normal roubar. Assim, rouba-se no troco da padaria, no peso na feira, na multa de trânsito. Com este mau hábito, entrar na política não é definitivamente uma vocação ou autruismo, mas um interesse em tembém poder enriquecer.
Joesley Batista pode vir a ser o presidente do Brasil. Está claro que nossa cultura não o impediria. Homem rico, aparentemente bem sucedido já que sucesso no Brasil tem a ver com riqueza e não com caráter, algoz de malfeitores, tem tudo para conquistar a presidência pelo voto. Basta que se candidate. É dele a frase “Se o Brasil não entendesse que o 2 era igual ao 1, o Brasil ia achar que a solução era substituir o 1 pelo 2. Mas o 2 é do mesmo sistema. A gente não teria a chance de entender que o problema é estrutural, é pluripartidário” (revista época pg 35). O problema é que o Brasil não entendeu que o número 3 e 4 também o são. Inclusive o Sr Joesley que não teria ficado rico não fosse seu gosto e vontade de fazer parte do “esquema”. Está arrependido? Penso que não já que afirma categoricamente que só optou pela delação por não ver outro caminho. Tivesse visto então, continuaria se locupletando.
A verdade é que o Brasileiro sempre concordou com o “rouba mas faz”, indiferente com a roupagem que lhe dão. Assim tem sido nossas eleições. Sabemos que o governante é ladrão e apenas cumpre com a obrigação. Mas se cumpre com a obrigação de fazer obras e adminstrar para o povo, vemos como favor recebido e por isto ficamos devendo o voto. Acontece que não é assim e não precisa ser assim. Todos que roubam ou que se beneficiam ilicitamente da política deveriam ser sumariamente banidos. E o único meio de fazer isto é pelo voto já que os tribunais parecem também contaminados pelo conceito do “rouba mas faz” de antão.
A mudança radical do Brasil virá na mudança radical do eleitor. Excluir suspeitos, carreiristas, indiciados e corruptos é uma obrigação do povo, não da justiça. O povo é que tem o voto. Eleições se aproximam e não podemos mais esperar para analisar os candidatos. Aqueles que tiveram mandatos e não foram sequer denunciados, podem merecer uma segunda chance. Caso contrário, tem que ser expurgado pelo eleitor. Denunciados, corruptos e criminosos, não merecem nossos votos. São 4 anos para suportá-los e sustentá-los depois. Fazer obra e administrar bem não é favor, é obrigação. E o político é um funcionário custoso: se lhe damos emprego equivocadamente, só 4 anos depois para lhe dar a demissão. Por isto mesmo, bom é o administrador eleito saber que os 4 anos de mandato não são para usufruto. São apenas para cumprir aviso prévio.
(Avelar Lopes de Viveiros – Cel RR PMGO)