Passadas as sessões que julgaram os crimes de toda ordem da chapa Dilma-Temer (Dilma Rousseff e Michel Temer), vieram-me à cabeça alguns personagens e outros fatos do mundo real e ficcional. O mundo todo então soube que o até então colendo (agora nefando) Tribunal Superior Eleitoral-TSE, inocentou a impedida Dilma Rousseff (sofreu impeachment em agosto 2016 ) e seu então vice-presidente Temer, pelos crimes perpetrados na campanha das eleições para presidente e vice em 2014.
Relembrando para a posteridade, a então candidata, como fartamente documentado pelos órgãos de polícia federal e de justiça cometeu os crimes de falsidade ideológica, propaganda enganosa (discursos mentirosos para os eleitores), abuso de poder econômico, divulgação de dados falsos sobre o principal concorrente à época, senador Aécio Neves; uso de caixa 2, recebimento de propinas da empresa Odebrecht; entre outros ilícitos fora desta lista.
O que fez o nosso agora nefando TSE? Simplesmente inocentou a dupla Dilma/Temer de qualquer crime ou ilícito. Não incluiu as delações dos marqueteiros Joao Santana e Mônica Moura, feitas ao próprio TSE agora em 2017. A sessão última se tornou uma sentença irrecorrível, definitiva? Ainda não se sabe. Uma alforria e salvo-conduto para os ainda encrencados com a justiça, porque outros inquéritos estão em andamento contra a ex presidente Dilma e o atual presidente Temer( empossado em 31 de agosto de 2016). Já se sabe que o DEM, entrou com recurso no STF e o relator será o ministro Ricardo Lewandovsky ( petista por afinidade e simpatia). Dificilmente ele relatará em favor de cancelar o julgamento do TSE .
Agora, durmamos todos com essa ocorrência! De acordo com nossos adestrados maestros do TSE, de ora avante, tudo vale em uma campanha eleitoral; tudo pode. Houve uma permissividade generalizada. Contanto que seja eleição para cargo graúdo. Não vale para prefeitinhos ou vereador. De preferência mandatários de alta patente. Passados já dois dias da última sessão (9.06.17), lembraram-me a farsa, a ópera-bufa, a fanfarronice que foram as conferências, as escaramuças, os socos e pontapés de palavrório entre os ministros pró e contra a cassação da chapa eleita.
Como sabido, o tribunal se compõe de sete juízes. Gilmar mendes (presidente), Napoleão Nunes, Tarcísio Vieira, Admar Gonzaga, Luiz Fux, Rosa Weber e Herman Benjamin (relator). Os burlescos e parlapatões ministros da absolvição foram Gilmar, Napoleão, Tarcísio e Admar. Os justos e democráticos a favor da cassação foram Luiz Fux, Herman Benjamin e Rosa Weber.
O que ressoa pelo mundo é que a robustez e quantidade de provas dos crimes estão fartamente comprovados, e ainda assim ,os quatro ministros bufões pela absolvição não se coraram e não se vexaram com a aleivosia e desplante de seus votos. Se tornaram inimigos e vilões da democracia e da justiça.
E assim fugindo do lado trágico, grave e afrontoso para nossa democracia e nossas instituições, veio-me outra face no mínimo tragicômica que foi esse histriônico julgamento. O enfadonho e modorrento voto de cada um desses burlescos e adestrados julgadores me evoca uma figura agora ficcional, mas símbolo máximo da justiça (a virtude de atribuir a cada um o que é seu).
Eu lembro aqui da deusa têmis (filha de zeus). Ícone maior do senso de justiça. Para tanto ela traz dois adereços: uma balança e a venda nos olhos. Uma balança de dois pratos (dois lados) simbolizando o que? O equilíbrio, a prudência, a ponderação. Aqui sim, a melhor definição do que vem a ser justiça. É atribuir a cada pessoa o que lhe é de direito (razão) ou dever (culpa). Em outras palavras, dar a cada um o que é seu. Para chegar a esse equilíbrio, no peso correto e justiça, a deusa têmis precisa estar de olhos vendados. Dessa forma ela irá pesar (ponderar) o atributo, o direito, a culpa de cada julgado sem saber a cor, a beleza, a cara, o status social ou força econômica e autoritária do paciente(acusado).
O que fez nosso mofado TSE? Retirou de têmis a venda dos olhos e quebrou-lhe a balança. Por isso ela chora copiosamente. Seu pranto se dá porque foi afrontada, vilipendiada e maculada indelevelmente.
Oh, até então justíssima têmis, receba da nação brasileira o nossa pesar. Todos nós sentimos também a mesma ofensa. Esse labéu, essa decepção e descrença são de todos aqueles brasileiros honestos e justos , que ainda vivificam nossa esperança em um país melhor.
Na verdade essa sessão do TSE, mais pareceu um ópera-bufa, com três bufões( Napoleão, Admar e Tarcisio ) e um furioso( ministro Gilmar Mendes)
Seriam bons casos para nosso afamado Alienista e psiquiatra Dr Simão Bacamarte , no estudo da loucura. Viva nosso Machado de Assis. Em tempo, todo o teatro julgador também me lembrou outra não menos famosa obra, a revolução dos porcos ou melhor “ A Revolução dos Bichos” de George Orwel . Estimulo a quem não leu dar uma lida nesse livro. Vale a pena . Qualquer semelhança dos porcos orwelianos com os integrantes do TSE não será mera coincidência . Junho/2017.
(João Joaquim, médico e articulista DM facebook/ joão joaquim de oliveira www.drjoaojoaquim.blogspot.com - WhatsApp (62)98224-8810)