A inteligência desenvolveu-se, até hoje, na maior das lentidões, ao perpassar das eras, que se perdem na noite dos tempos, ao longo da evolução da vida na Terra, conforme nos informa a Antropologia, coadjuvada pela Paleontologia e ciências afins, em atenção à Lei da Evolução, de que Charles Darwin não pode ser posto de lado, em sua “Da Origem das Espécies”¹.
Na ascensão de sua inteligência, que se elaborou por milênios de milênios, até às épocas moderna e contemporânea, foram necessários muitos embates, vitórias e incontáveis derrotas, para que o homem pudesse entender, pouco a pouco, que precisa conviver com a natureza, com respeito, acatamento e união, se quiser sobreviver. Caso contrário, depredando-a, acabará por decretar o perecimento de si mesmo e da natureza.
O propósito do paradigma proposto pelos sábios é no sentido de preservar o ser humano e a própria natureza.
Veja-se a lição de Fritjof Capra, em “O Ponto de Mutação...”²:
“A abordagem sistêmica da economia possibilitará introduzir alguma ordem no presente caos conceitual, proporcionando aos economistas uma perspectiva ecológica que se faz urgentemente necessária. De acordo com a concepção sistêmica, a economia é um sistema vivo composto de seres humanos e organizações sociais em contínua ação entre si e com os ecossistemas circundantes de que nossas vidas dependem. Tal como os organismos individuais, os ecossistemas são sistemas auto-organizadores e auto-reguladores em que animais, plantas, microrganismos e substâncias inanimadas estão ligados através de uma teia complexa de interdependências que envolvem a permuta de matéria e energia em ciclos contínuos. As relações lineares de causa e efeito só ocorrem muito raramente nesses ecossistemas, e os modelos lineares não são muito úteis para descrever as interdependências funcionais dos sistemas sociais e econômicos neles inseridos e sua tecnologia. O reconhecimento da natureza não-linear de toda a dinâmica de sistemas e a própria essência da consciência ecológica, a essência da “sabedoria sistêmica”, como a chama Bateson³. Esse tipo de sabedoria é característico das culturas tradicionais, não-alfabetizadas, mas foi tristemente negligenciado em nossa sociedade super-racional e mecanizada...”
2 – E nesse transitar infindo através da forma, dos protozoários ao vertebrado, em busca do ser inteligente, no orbe terrestre, alguns séculos de milhões de anos transcorreram-se no relógio do Infinito, conforme nos informa Emmanuel, em “A Caminho da Luz”4, psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Com relação às primeiras manifestações de vida no planeta, o benfeitor, depois de no item anterior referir-se à “Vida Organizada”, escreve:
“Dizíamos que uma camada gelatinosa envolvera o orbe terreno em seus mais íntimos contornos. Essa matéria, amorfa e viscosa, era o celeiro sagrado das sementes da vida. O protoplasma foi o embrião de todas as organizações do globo terrestre, e, se essa matéria, sem forma definida, cobria a crosta solidificada do planeta, em breve a condensação da massa dava origem ao surgimento do núcleo, iniciando-se as primeiras manifestações dos seres vivos.
Os primeiros habitantes da Terra, no plano material, são as células albuminóides, as amebas e todas as organizações unicelulares, isoladas e livres, que se multiplicam prodigiosamente na temperatura tépida dos oceanos.
Com o escoar incessante do tempo, esses seres primordiais se movem ao longo das águas, onde encontram o oxigênio necessário ao entretenimento da vida, elemento que a terra firme não possuía ainda em proporções de manter a existência animal, antes das grandes vegetações; esses seres rudimentares somente revelam um sentido – o do tato, que deu origem a todos os outros, em função de aperfeiçoamento dos organismos superiores.”
3 – Ao fim, o autor de “O Ponto de Mutação...” continua, no parágrafo subsequente, às páginas 381/382:
“... A sabedoria sistêmica baseia-se num profundo respeito pela sabedoria da natureza, a qual é totalmente compatível com os insights da ecologia moderna. Nosso meio ambiente natural consiste em ecossistemas habitados por incontáveis organismos que co-evoluíram durante bilhões de anos, usando e reciclando continuamente as mesmas moléculas de solo, água e ar. Os princípios organizadores desses ecossistemas devem ser considerados superiores aos das tecnologias humanas baseadas em invenções recentes e, com muita frequência, em projeções lineares a curto prazo. O respeito pela sabedoria da natureza é ainda corroborado pelo insight de que a dinâmica da auto-organização em ecossistemas é basicamente a mesma que a dos organismos humanos, o que nos força a compreender que nosso meio ambiente natural é não só vivo, mas também inteligente. A inteligência dos ecossistemas, em contraste com tantas instituições humanas, manifesta-se na tendência predominante para estabelecer relações de cooperação que facilitam a integração harmoniosa de componentes sistêmicos em todos os níveis de organização...”
Referências:
1 – Charles Robert Darwin (1809 – 12882), naturalista inglês e autor da “A Origem das Espécies.
2 – Editora CULTRIX – São Paulo – 2006, cap. 12, p. 381.
3 – Gregory Bateson (1904 – 1980), biólogo e antropólogo norte-americano. Deixou um importante trabalho, em sua especialidade, sob o título “Passos para a Constituição de um Panorama Ecológico.
4 – (FEB – Brasília/DF – 18ª edição – 1991, cap. II, p. 26/27).
Nota: de meu livro, inédito: “Deduções Filosóficas e Induções Científicas da Existência de Deus”.
(Weimar Muniz de Oliveira. wei[email protected])