Nesse artigo discuto as pesquisas do lingüista Alexandre Caroli, da Unicamp, sobre os poetas psicografados no Parnaso de Além Túmulo, e livros do autor Humberto de Campos, ex-jornalista, membro emérito da Academia Brasileira de Letras. O cientista da linguagem/literatura aplica modelos matemáticos para comparar o estilo dos autores quando vivos e depois sob a pena psicográfica de Chico Xavier.
Achei também muito interessante esta reportagem do Diário da Manhã, (disponível gratuitamente em https://impresso.dm.com.br/edicao/20170704/pagina/6) onde um sistema computacional potente avaliou os escritos de Chico Xavier e confirmou que eram provenientes de "várias pessoas diferentes". Os estilos eram muito diferentes para provir de uma só pessoa (também publicado em Superinteressante). Tais estudos batem com a pesquisa do linguista da Unicamp , Alexandre Caroli, que pesquisou os mesmos escritos, concluindo cientificamente (usando também análises matemáticas) que os autores espirituais mantinham o mesmo estilo de quando eram vivos. Nos estudos de Caroli, disponível na internet, aconteceu algo muito interessante : o estilo psicografado de Augusto dos Anjos, via Chico Xavier, não estava batendo com o estilo dele enquanto vivo, estudado por Cavalcanti Proença , importante crítico literário. Então Caroli foi estudar profundamente o caso e o inusitado aconteceu : Cavalcanti Proença havia se enganado nos cálculos que estudavam o estilo de Augusto do Anjos !!!, e, por isso, na verdade, o estilo dele enquanto encarnado batia exatamente (com muitos dados matemáticos) com o estilo enquanto desencarnado. Então, o que era um erro do Chico Xavier transfomou-se, na verdade, num erro do Cavalcanti. E assim foi provado cientificamente que o estilo de Augusto encarnado e desencarnado batiam por completo (silabação , métrica, decaimento de sílabas tônicas, cortejo rítmico , etc, etc).
Abaixo eu cito algumas conclusões de A. Caroli, que também podem ser vistas na gravura que ilustra o artigo. Aqui cito a parte do trabalho de Caroli onde ele discute a discrepância que o grande crítico literário Cavalcanti Proença achou entre a obra encarnada e a obra desencarnada de Augusto dos Anjos. Caroli estava comparando o aparecimento dos seis tipos de sibilantes (que são fonemas “sê” que, neste caso, aparecem nas últimas sílabas tônicas dos versos) nas obras encarnadas/desencarnadas. Vejam bem a complexidade da coisa, só de sibilantes, (ou seja, fonemas “sê”, aparecendo na última sílaba tônica) são Seis tipos... Pois bem, Cavalcanti Proença achou que um determinado tipo de sibilante, o tipo “f”, era o que mais ocorria no Augusto encarnado, e Caroli achou, em seus estudos, que era o que menos ocorria. Portanto, haveria uma flagrante discrepância entre o Augusto encarnado e o desencarnado. Aí Caroli descreve o desenrolar de suas pesquisas: “...na comparação das ocorrencias dos seis tipos de sibilantes, notei que, pelos números de Cavalcanti, o tipo “f” era o que mais ocorria no “Eu” (livro encarnado) Já no Parnaso (livro desencarnado) o tipo f era o que menos ocorria. Por causa dessa grande divergência, recontei em “Eu” quantas vezes ocorre de o vocábulo final dos versos , sendo oxítono, terminar em “s” ou “z”. O resultado de meu estudo demonstrou que havia um equívoco no número de Cavalcanti: o tipo “f”, no livro encarnado, na verdade, ocorre apenas 80 vezes”. Isso ocorre o tipo “f” em último lugar (6º) na freqüência dos sibilantes em Augusto dos Anjos encarnado. Ora, com a correção, o Augusto desencarnado equipara-se completamente com o desencarnado, pois neste último a freqüência relativa de sibilantes está exatamente em 6º lugar...!
Isso é um mínimo detalhe, entre milhares de outros detalhes altamente técnicos na metrificação/silabação/rimação das dezenas de poetas psicografados. Como que uma pessoa com 4º ano primário incompleto, trabalhando o dia todo para sustentar-se, teria tempo, formação acadêmica, etc, para Plagiar todos estes detalhas altissimamente técnicos?? Psiquiatricamente é impossível para uma mente , nessas circunstancias, ter uma tal envergadura (nem discuto aqui os que dizem que isso é um fenômeno patológico, tipo histeria, dissociação, etc, de tão primitiva que é esse modo de pensar).
Eu, particularmente, já estudei praticamente todos os livros mais importantes de Chico Xavier, inclusive os poéticos, os estilos são completamente diferentes de um autor para outro. Por exemplo, o estilo de André Luiz é muito límpido, científico, detalhista, quase que um relato médico dos acontecidos (P.ex., Nosso Lar, Os Mensageiros, Missionários da Luz, etc), fazem pensar. Já os de Emmanuel (p.ex., Renúncia, Há dois mil anos, Ave Cristo, 50 anos depois, etc) são muito mais artísticos, emotivos, cheios de grandes lances românticos e afetivos, fazem chorar.
Os poetas que ele psicografa (que se ajuntarem todos os livros, p.ex. Parnaso de alem tumulo, Antologia dos Imortais, Volta Bocage, Retornam Cantando, etc, dão mais de 100), cada um tem um estilo e uma estilística completamente diferente (inclusive com número de sílabas, acentuação, fonetica, semantica, etc, tudo muito assimétrico). Mesmo para o maior genio seria impossível.
Muitos alegam fraude e se perguntam por que Chico Xavier não psicografava coisas “difíceis”, por exemplo, científicas, matemáticas, outras línguas, médicas, etc. Pois estão enganados : Chico Xavier psicografou muitos livros "técnicos", p.ex. , Evolução em dois mundos (medicina), mecanismos da mediunidade (fisica), caminho da luz (antropologia/historia), Brasil Coração do Mundo, etc. Psicografou inclusive em inglês. Alem de mais de 100 poetas difíceis, mantendo toda tecnicidade deles. Eu, um intelectual, nao consigo plagiar nem um... E não eram “plágios amadores”. Como Caroli mostra, Chico “plagiava” até o número de sílabas de um poema (p.ex., todos os poemas de Augusto dos Anjos em decassílabos), “plagiava” não só estilo, mas todos os modelos matemáticos que um poema tem. Os cientistas da literatura sabem que um poema não é algo simples. Por exemplo, cada autor tem uma predileção para um tipo de sílaba tônica, cesuras, hemistíquios, etc. Chico, 4o ano fundamental incompleto plagiou mais de 500 autores...
Alguns detratores da psicografia citam críticos literários, relativamente desconhecidos, ao meu ver, que denigrem o fenômeno da psicografia. Eu responderia: Os estudos lexicograficos sobre Chico Xavier não são amadores. A nao ser que Alexandre Caroli, R. Magalhães Jr. , Bernardo Elis, Monteiro Lobato, Elias Barbosa, etc, linguistas/literatos famosos, sejam "amadores".
O livro A Caminho da Luz, escrito em 1932, por exemplo, “profetizou” a Segunda Guerra, inclusive o exterminio judeu. Só a partir de 1942-43 começou o exterminio judaico sistemático.
Nos dois trabalhos científicos muito interessantes do linguista da Unicamp Alexandre Caroli Nos quais ele faz um estudo matemático da estilística dos autores psicografados por Chico Xavier e neles chega à conclusão de que o estilo é o mesmo tudo com base repetindo em modelos matemáticos e científicos de poética e estilística.
Acima já citei alguns trechos desse estudo científico para que vocês possam ajudar o discutir em cima de dados objetivos e não em cima de “fulano acha isso sicrano acha aquilo”.
Como se vê, São Dados altamente técnicos de linguística e ciência literária coisa que é maioria de nós aqui não tem capacidade de julgar, mas acho importante colocar para verem que é coisa séria e não achismo da minha parte ou fanatismo da parte de outros.
São estudos que requerem altos conhecimentos de linguística e ciência literária conhecimentos aliais que nem eu tenho mas que amigos da área , mesmo nao espiritas, me disseram ser fidedignos.
As poesias psicografadas pelo Chico além de terem a mesma estilística e temas dos autores tinha também o mesmo número de sílabas e o mesmo decaimento na sílaba tônica a mesma cesura do verso os mesmos enjambements. Ou seja são coisas literalmente matemáticas que mesmo o linguista teria de passar meses e meses para fraudar com tal fidedignidade os autores propostos. Agora imagine o Chico Xavier fez isso com quase 200 poetas, só um levaria meses ou anos, e não tinha nem o 4º ano do ensino primário
Não é como pensam os leigos simplesmente sentar numa mesa com lápis e ir copiando poesias dos autores vivos. Esses escritos são iguais ao dos vivos literalmente matematicamente
E repetindo como disseram os grandes literatos e críticos literários Monteiro Lobato, Bernardo élis ,Elias Barbosa ,R Magalhães Júnior, se tudo isso for um plágio é o maior plágio da história da humanidade e só pelo plágio o autor mereceria cem cadeiras na Academia Brasileira de Letras ,segundo Monteiro Lobato
Eu mesmo já li praticamente Toda obra importante de Chico Xavier com olhar médico ,com olhar crítico e com olhar psiquiátrico e vi inúmeras, mas inúmeras, provas de conteúdos altamente originais inovadores e cientificamente corretos
Há erros? Sim há pequenos erros estou consciente deles e mesmo posso aponta los. Mas são erros assim como qualquer autor encarnado comete
Inclusive livros escritos em inglês livros escritos de trás para frente livros altamente técnicos como em medicina ,biologia, física ,Matemática ,antropologia, história ,sociologia, cito como exemplos: a evolução em Dois Mundos, mecanismos da mediunidade, A Caminho da Luz ,Brasil Pátria do mundo coração do Evangelho, Missionários da Luz assim como centenas de outros... vejam bem centenas...
(Marcelo Caixeta, médico, atualmente coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia Médica – Hospital Asmigo (psychological.medici[email protected]). Escreve as terças, quintas, sextas, domingos no Diário da Manhã - Goiânia. Acesso gratuito em impresso.dm.com.br)