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OPINIÃO

As instituições brasileiras vivem no mundo da lua

É cada vez mais profundo o abismo entre o país real e o insti­tucional. Enquanto a violência, nos meios urbano e rural, cres­ce de maneira assustadora, sem que o Estado se mova para contê-la, a agenda parlamentar inclui entre suas prioridades temas como abertura de cassinos, sucessão presidencial e re­forma ministerial.

Mundos desconectados, sem diálogo, o que explica o contí­nuo desgaste das instituições perante a sociedade.

Não há exagero em afirmar que as instituições brasileiras vi­vem (e não é de hoje) no mundo da lua, alheias às demandas mais elementares da população.

A violência rural fica em segundo plano. O agronegócio é, há décadas, o sustentáculo da economia brasileira. Responde por mais de 30% dos empregos formais e é o responsável pe­los sucessivos superávit na balança comercial. Neste momen­to de crise, carrega o país nas costas.

O Brasil é, hoje, com todos os contratempos ao produtor, o segundo exportador mundial de alimentos, só atrás dos EUA – e com um diferencial: temos potencial de crescimento.

Se hoje já alimentamos mais de 1 bilhão e meio de pessoas no planeta, temos condições de ampliar bem mais esse mer­cado. Isso, em circunstâncias normais, tornaria o setor priori­tário, independentemente de qual corrente ideológica estives­se no poder.

Não é, porém, o que ocorre. No discurso dito progressista, o produtor rural é descrito como retrógrado, perverso, herdeiro das mais aviltantes tradições coloniais, cultor de práticas escra­vagistas e predador ambiental, entre outras aberrações.

É evidente que tal perfil contrasta enormemente com o fato de ser ele reconhecido mundialmente como um dos mais so­fisticados, em ciência e tecnologia de ponta. Não há como con­ciliar os dois perfis.

O discurso ideológico quer criar condições políticas e mo­rais para justificar as invasões criminosas que têm aumentado.

Stálin, quando quis estatizar a produção rural soviética, não hesitou em matar de fome, entre 1932 e 1933, 7 milhões de cam­poneses ucranianos, confiscando alimentos e fechando as fron­teiras, em meio a um inverno de – 30ºC.

Aqui, o processo, obviamente, é outro, mas o objetivo é o mesmo. Promovem-se, via milicianos do MST, invasões e de­predações, de propriedades produtivas; reivindicam-se para os índios terras que estão há gerações nas mãos dos atuais proprie­tários, devidamente documentadas; impõem-se multas bem acima da capacidade de pagamento do produtor, além de au­mentos escorchantes de impostos. Entre outras barbaridades.

Não há dúvida de que se postula a estatização do agronegó­cio, como etapa do projeto bolivariano, engendrado por Lula e seu exército vermelho, comandado por Stédile, que põe em ris­co a economia do país e a subsistência da população.

Há dias, assistimos a alguns episódios dessa natureza no Rio Grande do Sul e na Bahia. E o que fez o Estado? Aprofun­dou o processo de emissão de multas, aumentando a insegu­rança jurídica dos produtores. Nenhum miliciano invasor foi preso. Não se registrou nenhuma manifestação das autorida­des do governo federal, empenhado em reformar o ministério para se manter no poder.

A bancada petista no Congresso, como é de praxe, inverteu o julgamento moral, considerando vítimas os agressores e vi­lões os agredidos. Na mídia urbana, o tema preponderante é a sucessão presidencial.

Enquanto o país real está à deriva, o institucional, voltado para o próprio umbigo, considera razoável cortar R$ 10 do sa­lário mínimo para que o Orçamento do próximo ano tenha seu deficit reduzido.

Ronaldo Caiado, líder do Democratas no Senado Federal

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