O único caminho que resta a negras e negros é chegar ao poder. Somente pela representatividade política essas cidadãs e esses cidadãos serão reconhecidos como tal, e a população negra deixará de ser oprimida, violentada e excluída do meio de bem-estar social a que todos almejamos. O trajeto é longo, a luta é árdua, mas a causa é justa, necessária e urgente.
A população negra no Brasil é a que mais sofre com a desigualdade social, é a que mais carece de políticas públicas protetivas e afirmativas, é a que mais está exposta à violência, e a mais vulnerável socialmente. Sou negro, preto, e digo, muitas vidas estão se perdendo, jovens são jogados na marginalidade por falta de opção de vida digna, são eles, os negros, que lotam as cadeias.
Nos últimos tempos, é comum as pessoas empregarem a palavra “empoderamento”, que vem do verbo “empoderar”, e se refere ao ato de dar ou conceder poder para si próprio ou para outrem, quando se faz comparativo de classes sociais. Buscar essa condição de empoderamento é determinante para que nós, negras e negros tenhamos voz, sejamos ouvidos e representados nas instâncias de poder. Isso se faz, por meio de um processo de educação contínua e de construção coletiva.
Nossa luta deve estar pautada em políticas públicas, em educação, lazer e saúde. É preciso politizar a população trabalhadora de negras e negros; termos um projeto de nação que parta da fala delas e deles, que são maioria populacional e minoria política e econômica, e exigir o domínio de fazer política e de serem igualmente mandatários.
As ações afirmativas na educação e no serviço público devem ser cuidadas com maior zelo, pois permitem que formemos uma elite negra no campo da ciência, pesquisa, intelectualidade e burocracia. O que nos desafia, desde já, é transformar essa massa especializada, que escapará do lugar comum de ser negra e negro no Brasil, numa imensa vanguarda que elevará a luta racial e será capaz de remodelar esse quadro social no país.
André Luiz Barbosa do Nascimento é presidente Estadual da Unegro - União de Negros e Negras pela Igualdade