Expressão usada para se mostrar a perda de uma oportunidade, “o cavalo passa arreado” é um dito popular comum aos que tiveram o grato prazer de respirar o saudoso aroma da zona rural. Tem ainda algumas variações como, “o cavalo não passa arreado duas vezes para o mesmo peão”, mas essencialmente com o mesmo sentido. Ou seja, monta-se na hora certa e no cavalo certo ou fatalmente fica-se a pé ou ainda estatela-se no chão.
Fatos recentes demonstram que o PSDB tem uma inexplicável ojeriza em montar no lombo de um alazão manso com sela ajustada. Quando Dilma, mostrando inabilidade impar, caiu do trapézio sem nenhuma rede de proteção, o partido teve oportunidade de ajustar no cenário nacional numa clara demonstração de juízo em prol da nação.
Acabou ficando em cima do muro, ou na posição de biruta de aeroporto, agindo com os ventos do improviso, protegendo apenas o próprio umbigo ou passando um claro sinal de improviso dos espertos. Não fringue oi oposição nem situação, muito pelo contrário.
Com o arquirrival Lula se atolando em processos e o PT em curva descendente, os grupelhos internos do partido optaram por uma autofagia impro dutiva, transformando parceiros e inimigos íntimos. Ninguém se tocou sobre o desperdício de oportunidades. Resultado: o astuto Lula viu que a turma ficava só piscando e sacou rápido para vencer o duelo. Enquanto o PSDB se engalfinhava Luis Inácio recuperava o terreno perdido.
Até as estrelas do partido, como o ascendente Doria, prefeito de São Paulo foi bombardeado com fogo amigo. A oposição ficou vendo rindo enquanto o circo pegava fogo. Para estragar mais ainda o Senador Aécio Neves continuou líder da agremiação procurando convencer que batom na cueca era molho de tomate que escorreu quando degustava espaguete. Sequer convenceu a própria família.
Agora, numa capítulo ainda mais sofrível, acena que vai deixar a base do governo. Na base do “vai ser bom não foi?” Age com a síndrome de ejaculação precoce. Aos olhos da nação como fica? Só valia enquanto Temer respirava poder? Agora que se danem projetos antes defendidos. Como será o divorcio de um casamento em que o Padre sequer abençoou os noivos. Ninguém sabe. Disposto a continuar domando mula coiceira, o partido não se firma. Claro que alguns vão lembrar que o Senador Ronaldo Caiado é quem, literalmente, caiu da mula. Mas será que ele, na política, dispensaria um bom cavalo arreado? Acho improvável.
Rosenwal Ferreira, jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal.