Uma bomba atômica por ano – é assim que o 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública classifica o número de assassinatos cometidos no Brasil em 2016. Ao todo, 61,5 mil cidadãos perderam a vida de forma violenta, por homicídio doloso. Um aumento de 3,8% em relação a 2015. De acordo com o levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, lançado no dia 30 de outubro, sete pessoas foram assassinadas por hora no ano passado. Uma verdadeira guerra.
Quase três mil pessoas foram mortas em latrocínio, que é o roubo seguido de morte. Mais de um milhão (1.066.674) de veículos foram furtados entre 2015 e 2016. Outro dado que causa preocupação é o de que os investimentos de municípios, Estados e União em políticas públicas de segurança caíram 2,6%.
Diante desse cenário, a sensação de impotência da população é constante. E o sentimento cresce com declarações como a dada pelo Ministro da Justiça, Torquato Jardim. Ao analisar a situação do Estado do Rio de Janeiro, que enfrenta uma forte crise econômica e de segurança, o ministro afirmou que comandantes de batalhões da Polícia Militar são sócios do crime organizado. Apesar do governo do Rio e da PM refutarem a afirmação, o estrago na confiança dos cidadãos já estava feito.
Como a sensação de insegurança é diária, as pessoas têm medo de fazer ações cotidianas, como andar na rua. Mas os números elevados da violência e os problemas da segurança pública não são os únicos fatores que contribuem para o aumento do medo. Desde 2015, mais de 70 mil postos de trabalho do segmento de segurança privado foram fechados. É óbvio que isso contribui para o aumento da sensação de insegurança e, em alguns casos, para o aumento da criminalidade. O bandido tem um estímulo extra para agir quando chega a um local e não encontra nem vigilantes, nem policiais.
Diferentemente do que muitas pessoas imaginam, o crescimento da segurança privada não está atrelado à violência, mas sim a uma economia forte. Para se ter uma ideia, entre janeiro de 2015 e setembro de 2017 foram fechadas 72.968 vagas, conforme dados do Ministério do Trabalho. Tal número corresponde a mais de 10% do número de vigilantes contratados pelas empresas do setor de vigilância. Os dados deixam claro que a segurança privada, assim como todas as outras atividades, depende de uma economia forte para crescer.
(Jeferson Furlan Nazário é presidente da Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist))