General Filipe Antônio Xavier de Barros, um taguatinguense que governou Goiás
Diário da Manhã
Publicado em 26 de dezembro de 2017 às 22:16 | Atualizado há 7 anosDe vez em quando, meu amigo Gercílio Godinho, que foi meu colega de Ginásio João d´Abreu em Dianópolis nos anos sessenta e meu leitor de todos os dias, cobra-me matérias sobre gente e coisas do sudeste tocantinense, outrora pertencente ao nordeste de Goiás.
Gercílio é um daqueles ferrenhos defensores da terra e não mede esforços para ver sua terra colocada em seu devido lugar, e várias vezes me forneceu elementos para preencher estas minhas páginas, quando, por exemplo, escrevi sobre seu pai, Camilo Godinho, um pioneiro de Goiânia, que, a pedido de Pedro Ludovico, andou comprando lotes e construindo casas para ajudar a implementar a jovem capital.
Tão amigos se tornaram, que deu o filho Gercílio para o então interventor batizar.
De uns tempos para cá, ele, visitando o Palácio no Centro Administrativo da Praça Cívica, revendo a galeria dos ex-governadores, viu que faltava justamente o retrato de um ilustre taguatinguense, cuja presença fora subtraída da História pela ausência na referida galeria.
E não mediu esforços para tentar repor a verdade na História de Goiás: mandar colocar uma foto oficial do ilustre taguatinguense, o general Filipe Antônio Xavier de Barros, um impoluto general que se sentou na cadeira maior do Palácio da Esmeraldas.
Ia a uma autoridade, tomava “chá de cadeira” em antessalas de gabinetes, sem resultado, pois parece que os goianos – a começar dos mais altos – não prezam sua história, pouco se importando em preservar as suas origens.
Depois de muito batalhar, foi apelar para seu amigo de muitos anos, o secretário Vilmar Rocha, com quem Gercílio, como hábil político, manteve longo e fecundo convívio desde que fora prefeito de Taguatinga, e Vilmar, um atuante deputado estadual.
E o secretário Vilmar prometeu ajudá-lo, até incumbindo alguns subalternos de viabilizarem o projeto de Gercílio.
Depois de ver certa má vontade de alguns comandados do secretário Vilmar Rocha, e ameaçando-os de comunicar a seu chefe aquele gesto rebelde, resolveram atender cumprir a ordem, e Gercílio pôde respirar aliviado, quando, na presença de sua esposa, Stela, de seu filho, Gercilinho, do secretário Vilmar Rocha e outras pessoas, viu ser entronizado o retrato do General Filipe Antônio Xavier de Barros na Galeria dos ex-Governadores, entre os retratos de Eládio de Amorim (antecessor) e Belarmino Cruvinel (sucessor), tendo governado Goiás de 18 de fevereiro a 12 de setembro de 1946.
Para fazer justiça, é mister dizer que Filipe Antônio Xavier de Barros nasceu em Taguatinga-TO em 5 de novembro de 1878, tendo como pais Pacífico Antônio Xavier de Barros e Felipa Rosa da Cunha. Casou-se com Amasiles Xavier de Barros, com quem teve umaa filha.
Fez seus primeiros estudos em Goiás, iniciando sua carreira militar aos dezoito anos, quando ingressou na Escola Tática e de Tiro de Rio Pardo, no rio Grande do Sul. Transferiu-se depois para a Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, então Federal, de onde saiu em 1904 como alferes-aluno, tendo sido promovido a segundo-tenente em janeiro de 1907 e nesse mesmo ano concluiu o curso de Engenharia e Estado-Maior; em setembro de 1909 foi promovido a segundo tenente; a capitão em fevereiro de 1919 e em maio de 1921 a major, ingressando na Intendência de Guerra criada no Brasil pela Missão Militar Francesa.
Em agosto de 1922 foi promovido a tenente-coronel, e um ano depois chegou a coronel, em setembro de 1923, ascendendo o generalato em maio de 1929 como general-de-brigada, quando assumiu o Serviço de Intendência do Exército.
Como resultado da Revolta Comunista de 1935, o general Filipe participou de uma reunião de generais do Exército que manifestaram apoio ao ministro da Guerra, general João Gomes Ribeiro Filho cobrando-lhe punição rigorosa aos envolvidos na intentona, propondo que os militares implicados fossem não só submetidos a julgamento, como expulso das fileiras.
Em 1937 presidiu o Clube Militar, passando à reserva em setembro de 1940 bo posto de general-de-divisão.
Muito ligado ao general Eurico Gaspar Dutra, foi nomeado interventor em Goiás em janeiro de 1046, quando Dutra assumiu o Palácio do Catete, substituindo o desembargador Eládio de Amorim.
Empossado em 18 de fevereiro de 1946, procurou implementar o progresso, através da abertura de estradas no norte do Estado e desenvolver a vida cultural de Goiânia.
Entretanto, a forte oposição de políticos locais levou-o a exonerar-se em 11 de setembro de 1946, sendo substituído por Belarmino Cruvinel.
Hoje, por iniciativa de Gercílio Godinho, esse ilustre filho de Taguatinga hoje figura na Galeria dos ex-Goverrnadores no Centro Administrativo de Goiânia.
(Liberato Póvoa, desembargador aposentado do TJ-TO, membro-fundador da Academia Tocantinense de Letras e da Academia Dianopolina de Letras, membro da Associação Goiana de Imprensa – AGI e da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas – Abracrim,escritor, jurista, historiador e advogado – liberatopo[email protected])