Dois mil e dezessete começou com um homem armado até os dentes atirando numa multidão que comemorava o ano novo em Istambul, matando 39 e deixando 70 pessoas feridas. Prenúncio de tragédias? Provavelmente.
No dia seguinte, o novo gestor de São Paulo fantasiou-se de gari e foi varrer uma praça que já estava varrida. Pouco depois, os grafites de São Paulo foram apagados dos muros pelo mesmo gestor e começaram manifestações mais calorosas. Perdemos Zygmunt Bauman e suas reflexões sobre o amor líquido que tanto fazem sentido para o tempo em que vivemos. Além dele, Vida Alves, Marisa Letícia Lula da Silva, Pedro Costa, João Gilberto, Belchior, Nelson Xavier, Luiz Melodia, Rogéria, Charles Bradley, Sérgio Sá e tantos outros.
Teve surto de febre amarela, posse de Donald Trump como o quadragésimo quinto presidente dos Estados Unidos, Eike Batista foi preso. O Carnaval chegou com gritos de Fora Temer, o Oscar premiou filmes duvidosos, a reforma da Presidência esquentou os debates e descobrimos que na nossa carne tem papelão.
A greve geral bateu na porta, Lula é condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por conta de um triplex, Temer é absolvido de suas culpas, a tensão entre Trump e Coreia do Norte tem direito à ameaças de uma guerra nuclear. Lula ou Bolsonaro? Vai ter reforma da previdência?
Com todos os escândalos suprapartidários de corrupção sistêmica dos últimos anos, já sabemos que a grande resposta tem que ser nas urnas (urnas essas que descobrimos que podem ser hackeadas).
A reforma da previdência está virando a esquina e pode ser um bom sinal para o país não quebrar. É escandaloso que classes mais baixas paguem por aposentadorias do público. Enquanto a aposentadoria média de contribuintes do INSS é de R$ 1.240, a do servidor público do poder executivo chega a R$ 7.583, sem falar das aposentadorias do poder Judiciário, com média de R$ 26.300 e do Poder Legislativo em R$ 28.547. Enquanto isso, o teto da aposentadoria no setor privado é de R$ 5.531.
Precisamos da reforma da previdência para brigar contra os supersalários, mas onde estão os políticos que querem comprar esta briga com o Poder Judiciário? A maioria deles sujos e com medo de retaliação.
Partidos políticos, ao invés de trabalharem para colocar o Brasil nos trilhos, trabalham para perpetuar no poder como briga de heróis: é Partido X vs Partido Y, azul contra vermelho, esquerda contra direita. Posicionamentos extremistas, para qualquer um dos “lados”, estão ganhando vez, e isso é um reflexo da polarização que começa muito antes, dentro de cada estrutura econômica, política e social do país.
E com essa politicagem, o Brasil beira a bancarrota. De nada adianta continuar na briga de espadas sem ver a grande figura. De nada adianta apontar os erros do outro lado sem apresentarmos soluções para o todo. De nada adianta separar um país que só se constrói unido.
Nós repetimos isso todo o ano, mas 2018 pode ser o estopim para um ano de mudanças no Brasil. E em ano de eleição, não existe momento melhor para aplicar a transformação como se deve: a partir da ação.
(Adriano Meirinho, CMO e co-fundador do Celcoin, aplicativo de serviços financeiros que transforma o celular em maquineta serviços. Executivo de Marketing com MBA em Administração de Negócios do Varejo pela FIA-USP e certificação em Practitioner em Programação Neurolinguística (PNL). Meirinho acumula experiência de mais de 18 anos em marketing e propaganda, com passagens em importantes empresas, como Oppa e Catho On-line, onde recebeu seis prêmios Top Of The Mind de 2006 a 2012 e três prêmios Ibest, nos anos de 2002 e 2004)