A bíblia fala de sepultura bem branca
Que guarda verme em cemitério abandonado,
Igual aquele que caiu da mula-manca
Falso e arrogante tal qual sepulcro Caiado
O senador Ronaldo Caiado não é velho pelos seus 70 anos, mas porque, desde sempre, ele traz nas veias o “sangue velho dos avós.” Não mudou em nada os métodos de seus antepassados: a polícia, a moita, o toco e a tocaia. Nunca vem de frente.
Agora mesmo, acuado por artigo que escrevi, mostrando que os goianos o conhecem por fora, mas não sabem nada dele por dentro, Caiado bateu queixo e espumou de raiva, qual Queixada mal atirado (para usar uma expressão sua de muito mau gosto) e correu para a moita.
Mandou um jornalista de direita me xingar, aqui mesmo no Diário da Manhã, no último sábado, dia 27. O conhecido jornalista, baixinho e feioso que nem sapo cururu, e viscoso e amargo que nem babosa, numa crise de epilepsia, contorceu- se todo, estrebuchou, babou e a sua baba era ódio puro e inveja... ham ,ham, ham... Depois da crise, virou baba-ovo, lambendo as botas do senador... hem, hem, hem...
Ao ler a obra prima, o Senador mostrou os dentes (não era rosnado), riu-se para dentro às gargalhadas, que o Caiado ri-se sempre para dentro, como se risse de si mesmo.
Covardia maior ele fez foi com o estudante de arte dramática de Morrinhos, Ian Leão: induziu o ingênuo rapaz a assinar a catilinária. Ingênuo, mas puxa-saco e de caráter duvidoso.
Eu não me importei com o xingatório, e os cabo de taca do Caiado saiam da frente, que a minha conversa é com o
Senador. O dono dos porcos.
O artigo difamatório chega a falar de humanismo do Caiado, “enquanto médico residente no Rio de Janeiro subiu os principais morros para atender pacientes. E já atendeu até gente que se diz de esquerda”. “Só se for para quebrar-lhes as pernas”, diz Dom Orvandil, Arcebispo Primaz da Igreja Católica, que chega a pedir a cassação do seu CRM. “Caiado é a negação do espírito médico por essência. Suas convicções de direita o enrijecem e o desumanizam. O seu CRM deveria ser cassado” e assevera
“Seu Caiado é militante do ódio e da destruição. É cegamente rancoroso. Sua seletiva biografia não nega a trilha de ódio que percorre. É fundador da UDR – União Democrática Ruralista.” – assinala Dom Orvandil, para fazer uma denúncia gravíssima: “O escritor Fernando de Morais disse em seu livro “Na Toca dos Leões” que o então presidente da União Democrática Ruralista(UDR) procurou a agência do publicitário Gabriel Zellimeister para fazer sua campanha de candidato à presidência da República. O publicitário afirma que o candidato, médico, defendeu a esterilização das mulheres nordestinas por meio de um remédio adicionado à água . Seria a solução para o maior problema do País, a superpopulação dos estratos sociais inferiores, os nordestinos”.
Da propalada coragem pessoal de Caiado, o ex-senador Demóstenes Torres escreveu no Diário da Manhã o seu testemunho:
“Um dia, no meu escritório político no Setor Sul, houve um telefonema entre Ronaldo Caiado e o hoje conselheiro do Tribunal de Contas dos municípios de Goiás, Tião Caroço. Este trazia uma notícia que transtornou o Senador, que disse aos berros: ‘avise ao Marconi que eu vou resolver com ele da forma que ele quiser, no braço, na faca, no revólver’. Esse episódio se tornou público e gerou os maiores desgaste para o fanfarrão, que para minha surpresa repeliu tudo. Um dia, me contando a história, negou que havia falado isso, se esquecendo que eu era testemunha ocular.” E ao final, Demóstenes o desafia: “Pois agora, Ronaldo Caiado, quero ver se você é homem mesmo. Nos mesmos termos em que você mandou oferecer a Marconi, eu me exponho.” Ao final, Demóstenes vai-lhe no queixo: “Você diz em seus discursos que Caiado não rouba, não mente e não trai. Caiado, você rouba, mente e trai.”
E nada aconteceu ao ex-senador que pode voltar à vida pública.
Mas quem mais conhece a tibieza do senador Ronaldo Caiado é o seu próprio tio, o advogado Antônio Ramos Caiado, o Caiadinho, que em reportagem no Diário da Manhã, disse: “Não teria paciência para suportar a convivência de políticos como esses, quebraria o pau”. Segundo ele, não ficaria como o seu sobrinho, o senador Ronaldo Caiado que convida seus contendores para resolver lá fora. Eu resolveria ali mesmo”.
Demonstrada aqui a tolerância do senador à cusparada na cara, a mim não me interessa a sua coragem ou frouxura pessoal. Para mim, o que interessa é política. E do artigo aqui publicado na última sexta-feira, que tanto o incomodou, os xingatórios dos seus pau mandados não desmentiram nada. Se não negaram, confirmaram.
Não negaram o grilo do Tesouras, Aricá, o chamado grilo do fim do mundo; não negaram a carnificina do Duro protagonizada pela polícia dos Caiado; não negaram a sua condição de fundador da UDR, o braço armado do latifúndio, que deixou nos campos um cemitério, mas me xingaram tudo, menos de santo e rapadura.
Há quase 30 anos, o senador Ronaldo Caiado é parlamentar, mas não existe uma lei de sua autoria. No Parlamento, pertence à bancada do boi, aliada da bancada da bala, que é irmã da bancada da Bíblia. O três blocos fascistas, mais fisiológicos do que o próprio Centrão.
O senador Ronaldo Caiado é dono de latifúndios sem horizontes, e possui milhares de cabeças de gado. Mas não existe uma criança, nenhuma que tenha tomado uma xícara de leite de vaca dele.
Este é o Caiado como ele é: por fora, bela viola; por dentro pão bolorento.
(Carlos Alberto Santa Cruz, jornalista)