Nesta fase historiográfica, tento desvendar e assimilar as 100 grandes coisas que ajudaram a mudar a História do mundo, ora preocupando-me os famosos cientistas, homens e mulheres, fascinantes, alguns brasileiros, onde já se nota a predominante tendência machista, mostrando evidente discriminação de gênero, aflorando a racial, contra o segmento étnico negro, já que, por incrível que pareça, dos cem cientistas biografados, somente George Washington Carver é negro, nascido escravo, nos Estados Unidos, durante a guerra civil americana. Ganhou bolsa para a universidade Highland, em Kansas, logo recusado por ser negro. Mas que importa? Persistente, talentoso, sabia o que queria. Assim, com o trabalho árduo e persistente, preocupado com os estudos dos solos, na década de 1930, Carver já era reconhecido como um dos maiores cientistas botânicos do mundo, certamente ajudando a mudá-lo.
Tenho como fundamental as contribuições científicas de cada cientista, ou os avanços e descobertas às vezes anunciados a um mundo cético e descrente. O certo, porem, é que muitas descobertas, como a do médico, Hipócrates, com justiça, chamado “pai da medicina” que, além de rejeitar a crença de seus contemporâneos de que as doenças eram causadas por deuses vingativos, foi a primeira pessoa no universo a separar medicina de superstição. Disse que toda doença tem uma causa natural, chegando a admitir que “alguns pacientes recuperam a saúde ao ficarem satisfeitos com a bondade do médico”, fato ainda presente em nossos dias, justificando se poder dizer que a origem histórica de Hipócrates, em terras gregas, segundo John Hudson Tiner, ilustre autor do livro epigrafado, perde-se na noite dos tempos (7580 a.C. – 7500 a.C.).
Com os 100 cientistas prudentemente escolhidos, entre tantos consistentes ensinamentos seculares, ficou claro que um avanço em um campo científico “sempre” causou uma enxurrada de atividades nos outros ramos da ciência, devendo ser por isso, certamente, que ninguém pode tirar da história da humanidade, sobretudo do mundo ocidental, as mais vivas realizações dos gregos, deixando “eras” de grande progresso, como a que ocorreu na Grécia Antiga (580 a.C. – 200 d.C.). Felizmente, com a queda de Roma em 476 d.C., os cientistas árabes mantiveram vivas as realizações dos gregos, “enquanto a Europa caia na escuridão da Idade Média.” Em que pese, foi assim que surgiu a primeira revolução científica, evidenciando o período de 1450 a 1650, exibindo ao mundo a intrigante e revolucionária prensa tipográfica de Gutenberg e o oportuníssimo “abridor de caminhos” apelidado enciclopedismo, proporcionando grandes avanços na história da cultura humana.
Pitágoras, estudioso da Grécia antiga, apaixonado pelo conhecimento, que acreditava que o mundo é matemática por natureza e que, de tão louco, para não dizer talentoso, principalmente em âmbito político, morreu no exilo em cidade italiana. Imaginem, Aristóteles, filósofo, cientista, educador, mestre e monstro dos que sabem e que, aluno em academia de Platão, decerto aprendeu ser essencial ensinar amor por alguma coisa. Pensem, quantos séculos isso faz! Euclides, grego (7325 a.C. – 270 a.C.), que escreveu famoso livro sobre geometria, didático, chamado “Os Elementos”, que tem sido usado continuamente por mais de dois mil anos, nos ensinando a todos que não basta coletar fatos. Arquimedes (7287 a.C. – 7212 a.C.) que talvez tenha sido o mais moderno entre os diversos cientistas da antiguidade e que usou conceitos matemáticos investigando o mundo físico de forma semelhante a Isaac Newton e outros cientistas do iluminismo. Erastótenes, Galeno, também gregos.
Notem, Sigmund Freud, um dos pensadores mais influentes dos tempos modernos, pioneiro do estudo do inconsciente, com sua técnica de psicanálise, deixando três Ensaios sobre a teoria da sexualidade, com emoções sexuais reprimidas, tornando-se mundialmente famoso. Quanto avanço no âmbito sexual e psicanalítico! Joseph John Thomson, o primeiro a descobrir uma partícula menor que o átomo. Filho de um vendedor de livros. Albert Einstein, considerado o maior cientista do século XX, entre outros avanços, suas teorias, a especial e a geral da relatividade. Alexander Fleming, extraordinário, descobriu a penicilina, o primeiro antibiótico, causando quanto progresso! O botânico Alexander Von Humboldt, que financiou totalmente uma expedição científica à América do Sul, coletando espécimes de plantas. Lavoisier (Antoine Laurent), que declarou a lei de conservação da massa, ficando a teoria ou sabedoria segundo a qual “nada se perde, nada se cria” e que, após prisão, julgamento e condenado à morte, no mesmo dia, foi levado à guilhotina. O corpo jogado em uma vala comum. Ironicamente, dois anos depois, os franceses construíam estátuas em sua homenagem.
Os brasileiros, Adolpho Lutz, médico, sanitarista que, como cobaia, em perigosa experiência, comprovou que a transmissão da febre amarela se dava através do mosquito Aedes Aegypti, tornando-se assim, bastante conhecido; Vital Brasil, com o primeiro soro antiofídico polivalente, até o presente tratamento mais eficaz para as picadas de cobras; Osvaldo Cruz, que erradicou a febre amarela, a malária e a peste bubônica; Carlos Chagas, sanitarista, com bem-sucedida campanha de erradicação da malária em São Paulo; Manuel de Abreu, com a radiografia em 35 mm do pulmão para o diagnóstico precoce da tuberculose; Mário Schenberg, pioneiro da física e astrofísica no Brasil, descobrindo o chamado “efeito Urca”, fenômeno ligado às estrelas supernovas; o padre e cientista brasileira Roberto Landell de Moura, com as primeiras transmissões radiofônicas do mundo; o jovem físico notável Cesar Lattes, descobridor da partícula méson-pi, marcando o surgimento da física das partículas, impulsionando a pesquisa no Brasil.
Pouco importa como esses dedicados autores assimilaram e avançaram no conhecimento. Ouçam: Gilberto Amado (1887 – 1969), em “Depois da política”, XXVI, escreveu que “A sabedoria é a arte de subir ao mais alto de si mesmo”. Queria pensar assim. Imaginem se incluíssem nessa inquietação intelectual, os 100 homens, 100 artistas, 100 invenções e as 100 mulheres que ajudaram a mudar a história do mundo! Com suas múltiplas utilidades. Com certeza, veria a enorme dedicação e trabalho que tiveram esses ilustres historiadores, autores desses livros raros, merecendo registro: Bil Yenne, com duas biografias, Barbara Krystal e Gail Meyer Rolka.
(Martiniano J. Silva, advogado, escritor, membro do Movimento Negro Unificado – MNU, da Academia Goiana de Letras, IHGGO, Ubego, mestre em História Social pela UFG, professor universitário, articulista do DM – martinianojsilva@yahoo.com.br)