Não vem a ser novidade dizer que, o Brasil é continental, pois, está situado em tamanho no terceiro lugar, no continente americano. Em primeiro, o Canadá, segundo os EUA, e em quarto o México. Por ocasião da proclamação da República, plagiando os Estados Unidos, recebeu a denominação de Estados Unidos do Brasil. Entretanto, no governo militar, a denominação foi, de novo, mudada, desta vez, para República Federativa do Brasil. Todavia, não importa a nominação, mas sim, o título do artigo, realmente, os problemas constituem desafios permanente, na vida da gente, e, de igual modo, da humanidade. Imagine você leitor, nem bem solucionamos um, aparece uma gama de outros.
Assim, aconteceu conosco quando assumimos a direção nacional da Pesca, hoje Secretaria Nacional da Pesca. Naquela instituição, os incentivos fiscais jaziam amontoados, como montes de milho, nas lavouras antigas, num salão do edifício da pesca, no Rio de Janeiro, praça 15 de novembro. Estava a carecer de solução, a mais urgente era a informatização. De sorte que, ato continuo, contratamos um perito, sorte grande, um coronel reformado, diligente, de garra, o coronel Príncipe Júnior, autor, inclusive, de um livro de matemática, naquele tempo, usual no curso secundário. Havia muita gente aposentada no Rio, mas este era, como dito, altivo, muito atuante, tanto assim que, em apenas um ano, conseguiu informatizar tudo que havia desorganizado, há mais de dez anos. Solucionado o primeiro imbróglio, vieram outros, como redirecioná-los com a modernização feita pelo governo, instaurando o Fiset Pesca: Fundo Setorial de investimentos da Pesca. Eis o desafio, assomado a outro, maior ainda, na região sul do país havia sobre pesca, indústrias modernas em insolvência, pois, a captura maior do que os estoques de peixe, levou a escassez, inviabilizando seu funcionamento. De igual forma, parte da frota pesqueira, ociosa, por falta de pescado, além disso, reivindicando, clamando pelo incentivo fiscal.
A melhor opção encontrada foi adoção uma política de fusão e incorporação das empresas estagnadas, e, além disso, redirecionar os incentivos, para a região norte do país, e, incentivar, também, a pesca interior. Ato continuo, fizemos o projeto, e o submetemos à aprovação do Conselho de Pesca. Esta e as outras iniciativas, desencadeou, açodou a ira dos trambiqueiros, escritórios de projetos afeiçoados ao JB, bem como, a informantes do tal SNI, e mesmo, proprietários de empresas, em insolvência, ou, dificuldades financeiras, consubstanciado a elas, a tentativas de subornar os técnicos, inclusive, diretor da área de incentivos fiscais, para continuar mamando nos incentivos, prova de que, naquela época, já havia corrupção, aliás, ela vem de longe, atrelada a velhaca subcultura corruptora. A insistência levou-nos a instituir uma equipe capaz de caracterizar as tentativas de suborno ao corpo técnico da diretoria de economia pesqueira. Caracterizada, bem caracterizada, a malsinada prática, vício asqueroso, formalizamos processo na justiça contra os “propinadores”, ou trambiqueiros. Atente bem leitores, o espanto. Parecido, com o espanto filosófico de Platão, continuado por outros filósofos da era do renascimento, como René Descartes, alguns do Iluminismo, não importa. Entretanto, importa muito o comportamento, decisão da justiça, mandando arquivar o processo, denúncia, considerando a iniciativa da Secretaria da Pesca, agente provocadora, por ter tomado a iniciativa de montar esquema, destinado a desmascarar os corruptores.
Os primeiros presidentes da república do chamado governo militar, de militar mesmo só havia os presidentes da república, embora as eleições fossem indiretas também para governadores de dos estados. Em quase todos os municípios as eleições eram diretas, apenas os considerados áreas de segurança eram indicados pelo governo federal, os prefeitos eleitos pelo voto popular, porém, comunal já era, o costume matreiro do compadrio, voto de cabresto, subserviente leniente, mercantilizado, nesta condição jazia ele desde o Império, voto paroquial. Como dizia, Tanto o presidente Castelo Branco como o presidente Médici foram rigorosos no combate a corrupção, prova disso ficou configurada no afastamento do governador do Paraná, da época pego com a boca na botija recebendo propina. A partir do governo Geisel, Ernesto Geisel, passou a haver por aconselhamento do famigerado SNI, à presidência de tolerância indiscreta com a corrupção, abraçada de corpo e alma pelos governos do Muda Brasil de José Sarney, Collor de Melo, repudiada por Itamar Franco, fumegando no governo de Fernando Henrique, mormente com o Estatuto da Reeleição. Logo ele, que tinha condições de fazer o papel do rei filósofo de Platão, criador da primeira universidade do mundo a Academia de Platão, um rei sábio, culto, excelência, podendo, inclusive chegar ao pódio, por meio de eleição, no lugar de pelo sangue, hierarquia. Em nosso tempo de dirigente, era Geisel, já se tolerava a dita mácula, em voga epidêmica per quase todos governantes, piores inimigos viscerais do povo, da nação, porquanto surrupia do mais miserável patrício ao mais abastado, gerando descrença na democracia.
Voltemos ao tema, os desafios. Havia funcionários de sobra na pesca paradoxal, faltava verba para a pesquisa pesqueira, negociamos, com a total cobertura do então ministro da agricultura, Alissom Paulinelli a transferência de parcela considerável deles: médicos, dentistas, farmacêuticos, enfermeiras, outros mais, para a superintendência, naquele tempo: INPS, Incrível, tinha ele, ao contrário de hoje, verba sobrando, o acordo foi consumado. Solucionado o problema, surgiram outros, tal como, a onda avassaladora de denúncias contra a direção da pesca, subsidiada pelo próprio SNI, o aconselhador da presidência, no que diz respeito a tolerância, com corruptos e corruptores. Ficaram, ainda mais encolerizados, com a mudança que realizamos do organismo pesqueiro para Brasília. A miríade de viúvas, capitaneadas por inúmeros candidatos preteridos, procuravam, de dentes e unhas, fazer triunfar, seus interesses mesquinhos tendo, como ponto de apoio, o então, famigerado, Jornal do Brasil: Jornal este, lacaio da Sagrada Segurança do Governo (SNI), interesses escusos, tal qual, aos de lobos em pele de cordeiro. Malgrado toda trama maquiavélica, colocamos em ação, calcado em portaria aprovada pelo Conselho de Pesca, o trabalho de fusão e incorporação de empresas, pesca interior e frota norte.
Com efeito, este, facilitado pelo fim do acordo de pesca do Brasil com Trinidad Tobago, que mantinha cerca de duzentos barcos pesqueiros, com bandeira desse país, pescando em toda costa norte brasileira: Maranhão, Pará ao estado do Amapá, fronteira com as Guianas, no Rio Oiapoque. No que diz respeito ao Acordo de pesca, a negociação foi feita pelo Itamarati, no entanto, desde o começo até sua formalização, aprovação foi assessorado por equipe pesqueira que instituímos, persistente junto a ele, do começo ao fim. A princípio, relutava, porém, o próprio Ministério da Marinha, membro do Conselho de Pesca, estendeu sua mão forte, pelo fim do acordo. Vitorioso, retirada a frota, outro desafio, induzir empresas pesqueiras, seja de processamento, seja de captura a se deslocarem para a região. Nem bem solucionamos um desafio, adveio outro, também enorme, mordas leitor, o sul estava exaurido de peixe pela sobre pesca, o norte vazio, mas, inquestionavelmente, no sul tinha mais conforto, sobejo conforto, além de estrutura montada. De forma que, mesmo com o incentivo fiscal, havia relutância, formidável relutância em se deslocar para lá, e persistente, esfaimada luta politiqueira, uso de pistolões para instalar novas indústrias de processamento de pescado na região saturada de instalações e extorquida de peixe.
Todavia, a frota pesqueira ociosa no sul, paulatinamente, passou a ocupar o espaço deixado pelos barcos estrangeiros, de Trinidad Tobago. A pesca interior auxiliada pelos recursos, oriundos de financiamento que conseguimos do BID, tomou fôlego, crescia, a cada dia. Atualmente, a Secretaria da Pesca, não tenha mais, aquela garra de nosso trabalho de condutor da política pesqueira, subsidiada pela jovem equipe que organizamos, capacitamos, para incentivar, modernizar o setor, pesca marítima e interiorana, maricultura e piscicultura nas águas interiores, onde nosso país é o mais rico do planeta terra. O tal de SNI, escondido por trás das moitas, procurava questionar os acordos altivos que realizamos, com o fim de transformar, um organismo, na época, carcomido e esclerosado, numa Agência moderna de Pesca: Tendo eles as mentes corrompidas, por ilação, acreditavam que os outros, também, eram como eles. Até a contabilidade da pesca, antes nunca feita, portanto, nunca submetida ao TCU, como gestor da pesca, providenciamos toda ela, período de dez anos, e submetemos ao TCU, que a aprovou com ressalvas, a era natural, pudera dez anos omitida, esquecida, segundo os experts, por falta de pessoal capaz, peritos em contabilidade pública, eles pelo tal jornal, seu porta-voz, nos criticaram, mas o ministro, saudoso ministro, Gilberto Pessoa, corajosamente emitiu seu voto de aprovação.
Assim, é a história do desenvolvimento, construtor do progresso, bem-estar da humanidade. A coisa, no atual governo, caminha, tão emperrada, que empreendimentos construídos, mesmo propinados pelos sucessivos gestores públicos, como a Ferrovia-Norte Sul, a duplicação da BR-153, continuam em compasso de espera, esquecidas pelos tais governantes, mais preocupados em salvar a própria pele, do que, arregaçar as mangas, solucionando desafios de grande magnitude, para nosso crescimento econômico. Acontece que, falados desafios, estendidos ao âmbito nacional, ademais, quase sempre propinados, acabam emperrados, pois o interesse não é bem a prosperidade da comunidade, mas sim, o de perpetuar no poder, subsidiar a corrente patrimonialista, para isso, aprovaram um fundo bilionário, que assegura as campanhas nababescas, ao passo que, o correto, na democracia, seria gastar as solas dos sapatos, dialogando com os eleitores, falando de seus propósitos, como candidatos, ouvindo reivindicações da sociedade eleitora.
Grandes são os desafios, clamando por grandiosas as soluções, contudo, para tamanha causa, os nossos gestores contratados pelo voto secreto, oxalá, secreto consciente, acrescido de sapiência, precisam semear muito, além disso, em solo humoso, de aluvião. No entanto, vem eles, plantando pouco e em terra árida, de sorte que, constitui muita ousadia querer, demagogicamente, colheita farta. Embora a democracia seja a melhor forma de governo, possível aos humanos, encontra-se, no agora, toda desacreditada, contudo, desacreditada pelos próprios governantes.
Sim senhor, com a democracia indireta, a vontade geral, tão decantada por Rousseau, foi usurpada por eles, com isso, os eleitores ficaram desarmados, esquecidos, inclusive, pela educação, com nível cultural nanico, distanciaram, paulatinamente, de seu direito de participar da vida política, controlar os governantes, cutuca-los com vara curta, mas respeitando-os para ser também, respeitados, não praticando, fazendo desordem, porém, fazendo tudo, de forma ordeira pacífica, no entanto, praticando, pelo voto, como dito, alternância de poder, troca de um gestor por outro, quiçá, de outro partido, arejando a república, solapando a familiocracia, caminho asfaltado, para a oligarquia, inimiga execrável, felina, da democracia. De igual forma, calcado no contraste, a própria guerra, destruidora, mortífera, na esteira de sua face maligna, cruel, tem seu lado, face benigna, descobrindo pelo investimento na ciência, avassaladoras descobertas, um tanto benignas a humanidade.
(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia pela PUC-Go, produtor rural)