“Do fruto da boca enche-se o estômago do homem; o produto dos lábios o satisfaz. A língua tem poder sobre a vida e sobre a morte; os que gostam de usá-la comerão do seu fruto.”
(Provérbios 18:20-21)
Quero hoje refletir sobre o poder que têm as palavras. A começar pelo que dizemos dentro de casa. Às vezes dizemos palavras como se elas fossem clichês: elas sugerem negatividade dentro da família, porque evoca ódios e desavenças; desenha um mundo amaldiçoado, malévolo, condensa as pessoas à escuridão, ao desânimo e estimula às desavenças e conflitos dentro e fora de casa. Da mesma maneira, um simples comentário que pode comprometer a moral de um homem, espalha-se a ponto de não podermos mais consertar o mal causado. Se não se pode falar bem de uma pessoa, ou para uma pessoa, é melhor que não se diga nada!
Sejamos senhores de nossa língua, para não sermos escravos de nossas palavras. Já dizia William Shakespeare “É melhor ser rei de teu silêncio do que escravo de tuas palavras”. Nossas palavras têm muito poder. Por sua palavra Deus criou tudo que existe e suas palavras sempre se cumprem. Nossas palavras afetam nossas vidas e têm poder até sobre a vida e a morte! A boca fala do que está dentro do coração. Com nossas palavras podemos nos condenar. Em Tiago 3:2 recebemos a orientação de que “Todos tropeçamos de muitas maneiras. Se alguém não tropeça no falar, tal homem é perfeito, sendo também capaz de dominar todo o seu corpo...”
Mediante as várias situações de violências as quais presenciamos e que nos são noticiadas, é que me veio a ideia de falar sobre nossas palavras. Elas profetizam maldições a nós mesmos e aos outros. Imaginemos se em casa as crianças aprendessem o valor do bom dia, boa tarde, boa noite, por favor, com licença, me desculpe, muito obrigado(a), grato(a), errei, etc. Pensem se as crianças aprendessem desde cedo a serem honestas, serem pontuais, serem solidárias... Se entendessem a importância do respeito aos amigos, aos colegas, aos idosos, aos professores, às autoridades... Agregados a esses valores a criança aprenderia a comer de tudo, a não falar de boca cheia, a realizar os hábitos de higiene pessoal, a não jogar lixo no chão, ajudar nas tarefas diárias, a não pegar o que não é seu... Em casa é que se aprende a ser organizado, a cuidar das suas coisas, respeitarem regras, usos e costumes. É com a família que se aprende os valores ideológicos de sexo, de gênero, de religião e, sobretudo, aprende-se a amar a Deus.
Estes são valores que instruem para o futuro e, por isso, apreendem-se na família, com as primeiras palavras. Mas a formação do ser humano perpassa por conhecimentos que se adquirem nas escolas. Eles são os complementos da formação humana, um conjunto de aprendizados que nortearão as mentes das pessoas e irá prepará-las para o mundo da paz. Na escola aprende-se matemática, português, história, geografia, ciências, química, sociologia, arte etc. Portanto, na escola adquire-se o conhecimento complementar da formação para a intelectualidade, mas é na família, em casa que se aprende a importância do respeito mútuo.
As coisas que saem da boca vêm do coração e são essas que tracejam a bom senso. Do coração saem os bons e os maus pensamentos, os homicídios, as imoralidades, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias; saem também a decência, a sabedoria, enfim, são das palavras e pelas palavras que os homens se entendem e promovem a paz no mundo.
Espelhemo-nos aos ensinamentos da Sagrada Família para nos entendermos e fazer prosperar um mundo melhor e sereno.
(Célia Valadão Secretária Municipal de Políticas para as Mulheres, Cantora e Bacharel em Direito)