Visito o Ceará desde que se revezam no poder do estado os coronéis Virgílio Távora, Cesar Cals e Adauto Bezerra. Na década de 1980, era nítido o desgaste desses três homens públicos junto ao povo de sua terra. Virgílio Távora diferenciava-se de seus pares pelo fato de ter sido considerado o primeiro modernizador da economia cearense. Adauto e Cesar eram adeptos de práticas subdesenvolvidas clientelísticas que mantinham a terra do grande José de Alencar presa às amarras do subdesenvolvimento. O ambiente era propício para as mudanças que viriam a acontecer a partir de uma importante instituição liderada por um jovem e dinâmico empresário. A instituição em questão era o Centro Industrial Cearense, então, liderado pela face da mudança Tasso Jereissati. Com a vitória, esse dinâmico empresário? oriundo do PMDB para depois se filiar ao PSDB? consolidou sua liderança nos três governos que administrou o Ceará.
A ideologia modernizadora do partido, conduzida, operacionalmente, pelos brilhantes técnicos do Banco do Nordeste (sede em Fortaleza), fez do Ceará uma vitrina a ser exposta ao país afora. Obras estratégicas como o Porto de Pecém, o Centro Cultural Dragão do Mar, o Açude Castanhão mudaram a cara da terra da escritora Raquel de Queiroz, além de catapultar o jovem governador ao patamar de líder nacional do partido.
Com isso, a identidade modernizadora do PSDB cearense se confundia ao PSDB paulista. Bastava observar o número de voos partindo dos principais centros do país para o Ceará. O sucesso da administração do “galego” não passava despercebido por importantes instituições como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de desenvolvimento; e essas instituições estiveram presentes no processo de modernização cearense.
Posto isso, vale a seguinte indagação: o PSDB de Goiás teve o mesmo êxito que o seu coirmão cearense? A ideologia modernizadora dos tucanos goianos teve o mesmo sucesso que os da administração Jereissati?
A resposta é não. Explico. Institucionalmente falando, o Ceará teve um plano de governo elaborado por técnicos de alto nível. Esse plano gerou inúmeros projetos estruturantes que alavancaram a economia cearense. O plano foi um sucesso pelo fato de o governador não só apoiá-lo integralmente, mas também por ter assumido a liderança de sua implementação.. Resultado: a junção técnica e a vontade política fizeram a diferença.
Nossa “modernização” apresentou, ao longo desse ciclo gerenciado pelo PSDB, pífios resultados. Se o vapt-vupt é o rei da coroa modernizadora goiana, existem muitas outras ações que se tornaram em verdade predatórias. Basta observar a total incapacidade que teve o governo em recuperar a Celg. A total apatia da Secretária de Planejamento em dar uma direção ao desenvolvimento goiano reforça à falácia da modernização que existe entre nós. Outro fator que contribuiu para isso foram as tais reformas administrativas, pois, além de não darem fôlego institucional para a construção do futuro, limitaram-se a extinguir e trocar de nomes de instituições, dessa forma, consolidando um mero trocar seis por meia dúzia.
(Salatiel Soares Correia, engenheiro, bacharel em Administração de Empresas, mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outras obras, de A Construção de Goiás)