Há poucos dias o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve sua condenação criminal confirmada em segunda instância penal. E a pena aumentada. Ainda não foi recolhido para cumprimento da sentença em virtude da exaustão de recursos que se aguarda. De todo modo, está condenado, ninguém lhe retira mais essa mancha, da mesma maneira que seu dedo ausente não lhe será restituído. Duas características que o identificam e identificarão por muito tempo.
Os elementos de sempre – além do próprio réu – políticos, militantes, grande imprensa, continuam esbravejando contra o jugamento. Ora acusam a licitude do processo, ora difamam as autoridades judiciais, ora culpam a população por não reagir. Não tentaram responsabilizar a Rússia ainda, mas não seria surpresa se o fizessem.
De uma forma tangente levanta-se o debate sobre a ausência do réu no pleito eleitoral deste ano: quais as conseqüências, os prejudicados, os beneficiados. Quem lucra e quem perde com a situação cavada diligentemente pelo condenado.
Obviamente num país onde a desinformação não é madrasta, o nome Lula tem peso, aliás, toda a chamada esquerda brasileira tem nessa figura sua esperança, por isso luta cinicamente contra a realidade. Uma vez Lula morto, finda-se uma era e abre-se espaço real para novos nomes e melhores propostas. A esquerda não tem plano B sustentável. Levará muitos anos para se reerguer.
Isso tudo é muito positivo para a nação, entretanto, nota-se que apesar de tudo, de todos os golpes envolvidos, a esquerda não está paralisada. Não se pode confundir reerguimento com extinção. Agora mesmo, em 2018, e não possuindo um candidato à altura, ela se aliará, se reagrupará àqueles que, embora se digam diferentes, trilham caminhos semelhantes ideologicamente. Afinal, a diferenciação que a grande mídia faz entre extrema-esquerda, esquerda e centro-esquerda é pura maquiagem. Qualquer um deles, se eleito, ajudará nessa reconstrução de pautas que arrasaram o país intrinsecamente. E pior, tentarão amenizar os crimes cometidos durante os últimos 15 anos, no mínimo.
É bem provável que este seja o único plano alternativo do condenado: esconder-se na sombra, costurar acordos e torcer para que um dos seus lobos, ainda que disfarçado como ovelhas, assuma o poder.
Até o momento só existe um caminho, potencialmente viável, que não leva a esse resultado maquiavélico, apenas um nome não coaduna, participa, lembra, assemelha-se ou induz a qualquer conluio entre si e esta esquerda condenada.
Caso esse nome não se sagre vencedor, o que não é difícil, haja vista a extrema competência e empenho que o dinheiro sujo traz, os verdadeiros condenados serão a população, que de resto já cumpre sua pena há tempo demais.
(Olisomar Pereira Pires, escritor)