Todo mundo sabe que, quando a cabeça vai mal, tudo vai mal. Mesmo o mais ignorante tem noção de que nossa mente é que regula toda nossa vida.
Se a mente está tranquila, o coração está feliz; a paz reina dentro de nós, aparece em tudo o que falamos e fazemos; e a suavidade reina em nossa convivência com os demais. Mas se a mente está descontrolada, surgem logo os problemas, as dificuldades, as violências morais e até físicas. O mal-estar e a amargura costumam aparecer depressa se a mente vive um mau momento.
No trabalho, se o empregado está com a mente tomada por um problema pessoal ou familiar, seu comportamento e sua produtividade logo pioram. Dificuldades de convivência, acidentes do trabalho, decaimento na assimilação de novas tarefas e muitos outros inconvenientes surgem de imediato.
No meio familiar, todo mundo sabe de que jeito o papai chega em casa. No seu rosto está estampado o estado mental. O semblante carregado é sinal de mente com problemas, e o melhor é não se expor, porque a irritação, a aspereza e as expressões violentas costumam ser comuns nessas situações.
Se tomamos um táxi, um ônibus ou qualquer outro meio de transporte, esperamos que o condutor do veículo esteja com a mente em bom estado; e ficamos preocupados se o vemos mentalmente agitado, violento, sem controle.
Tudo isso e muito mais ilustra a importância da mente em nossas vidas. Ela é uma peça central em tudo o que nos acontece. Sendo assim, nada mais lógico do que dedicarmos a ela um grande cuidado e um grande carinho.
Não devemos, por exemplo, usar nossa mente como lata que recebe o lixo alheio. Havemos de preservá-la dos tantos pensamentos e imagens desqualificados, violentos e doentios que hoje são difundidos pelo mundo de forma enlouquecida e enlouquecedora, quer seja via internet, televisão, cinema, livros e revistas. Precisamos selecionar, e bem, os conteúdos que merecem a honra de entrar em nossas mentes.
Outro cuidado que devemos ter é o de não entregar a mente para os impostores de sempre, os fabricantes de fanáticos, os comerciantes de graças divinas. Se entregamos nossa vida a qualquer um, é certo que farão dela um joguete, um instrumento de suas audazes sugestões ou ideias extraviadas.
Preservemos nossa mente, também, das tristezas do mundo. É certo que nos interessemos por saber o que acontece com a humanidade, tanto a daqui como a de toda parte; mas não precisamos passar o tempo todo catando detalhes das muitas desgraças que o mal produz hoje no mundo.
Cuidar de nossa mente é cuidar de nossa vida. Por isso, conforme ensina o escritor e educador González Pecotche, toda noite, ao nos deitarmos, depositamos um tesouro sobre nosso travesseiro.
(Dalmy Gama, escritor, professor, docente de Logosofia)