“Logo após as atribulações daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados. Haverá então sinais no sol, na lua e nas estrelas; e na terra, as nações estarão em angústia, perplexas pelo bramido do mar e das ondas. Os homens desfalecerão de medo, na expectativa do que está por abater-se no mundo habitado, porque os poderes dos céus serão abalados.
Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem e todas as tribos da terra baterão no peito e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu com grande poder e glória.
Ele enviará os seus anjos para reunir, ao som da grande trombeta e em alta voz, os seus eleitos dos quatro ventos, da extremidade da terra até as extremidades do céu. Quando começarem a acontecer essas coisas, erguei-vos e levantai a cabeça porque está próxima a vossa libertação”.
(Evangelhos de: Mateus, cap. 24, vv. 29 a 31 – Marcos, cap. 13, vv. 24 a 27 – Lucas, cap. 21, vv. 25 a 28).
O divino Messias prossegue com as profecias nos dias que antecederam a sua crucificação. Com linguagem alegórica, o Mestre esclarece o que ocorre depois das atribulações terrenas determinantes para o fechamento e a abertura de ciclos evolutivos segundo a ordem das Leis de Deus, fazendo referência às catástrofes cósmicas.
A princípio, as mutações de natureza material ou espiritual geram medo, angústias, dissabores e incertezas porquanto a transição geradora de estabilidade quase sempre vem acompanhada de crises, geradoras de dores ou de sofrimentos. Jesus menciona as crises destinadas ao reparo do mal, por intermédio das mutações cósmicas, para falar da evolução espiritual.
Certa vez, Allan Kardec recebeu a seguinte orientação dos Espíritos Superiores, conforme mencionam Wantuil e Thiesen na obra Allan Kardec:
“Quando um mal existe, ele não se cura sem crise; assim é do pequeno ao grande; no indivíduo como nas sociedades; na sociedade como nos povos; nos povos como o é na Humanidade. Nossa Sociedade, dizemos, é necessária; quando o deixar de ser sob a forma atual, ela se transformará como todas as coisas...” (WANTUIL, Zeus e THIENSE, Francisco. Allan Kardec: Pesquisa bibliográfica e ensaios de interpretação, vol II. Rio de Janeiro: FEB, 1979, p. 39).
Essa profecia de Jesus também corresponde ao que ocorreu logo depois de sua crucificação:
“Desde a hora sexta (12:00hs) houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona (15:00hs). [...] Eis que o véu do Santuário se rasgou de alto a baixo em duas partes, a terra tremeu e as pedras se fenderam. Abriram-se os túmulos e muitos corpos de santos que tinham adormecido ressuscitavam. E, saindo das sepulturas depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade Santa e apareceram a muitos. O centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: ‘Verdadeiramente este era o Filho de Deus’ ”. (Mateus, 27:45-54).
As ressurreições mencionadas depois da crucificação do Messias não ocorreram aos corpos físicos e sim aos corpos espirituais.
O Mestre prossegue ao lembrar o profeta Daniel (7:13-14):
“Eu estava contemplando, nas minhas visões noturnas, e eis que vinha sobre as nuvens do céu um como Filho do Homem; e se dirigiu até ao Ancião e foi introduzido à sua presença. E foi-lhe dado o domínio, a honra e o reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram. Seu domínio é um domínio eterno que não passará, e o seu reino não será destruído”.
O Filho do Homem em Jesus é apresentado como sendo rei poderoso, ungido por Deus. O Filho do Homem representa a perfeição espiritual possível de ser atingida na condição de espécie humana. Depois que o Espírito passa por todas as etapas evolutivas por meio da espécie humana, ascenderá aos mundos venturosos porque alcançou à condição de Filho do Homem, ou seja, de pureza espiritual segundo a escala adâmica.
As verdades do Evangelho de Jesus causam conflitos aos recalcitrantes do egoísmo e do desamor. Quando as verdades do Evangelho forem praticadas por todos os povos, a Humanidade passará por estágio superior de evolução. Será o fim das injustiças e do endurecimento dos corações humanos. Isso não ocorrerá sem a reação dos materialistas e dos perversos que passarão habitar mundos inferiores ao nosso orbe até que alcancem a regeneração.
O fenômeno evolutivo ocorre nos ambientes da vida espiritual e da vida social. O bom combate mencionado por Paulo, entre a verdade e a ignorância, resulta a vitória definitiva do bem, da paz e do amor universal em nós mesmos:
“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”. (2Timóteo; 4:7-8).
Somente depois do bom combate haverá libertação dos ciclos encarnatórios. O bom combate ainda reflete o uso do livre-arbítrio entre o bem o mal. No entanto, em níveis superiores de evolução todas as escolhas estarão entre o bem e o bem por que não há mais opção para o mal.
Os eleitos do Senhor são todos os seus filhos destinados a evoluir intelectual e moralmente, sob as assistências de seus anjos ou mensageiros das verdades (ou trombetas) celestiais.
A vinda do Filho do Homem é necessária no que tange à evolução do Espírito e inevitável quanto ao nosso encontro com o Cristo de Deus. Encontro sublime que ocorrerá na Terra, noutros planetas ou nos Céus para que se cumpra a Vontade Soberana do Pai segundo as profecias de Jesus.
(Emídio Silva Falcão Brasileiro é educador, escritor e jurista. Autor do livro “A Caminho do Deserto”, AB Editora. Membro da Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás, da Academia Goianiense de Letras e da Academia Aparecidense de Letras)