Não foi fácil, nem rápido: o encontro de credores, executivos da Oi e o administrador judicial Arnold Wald começou na manhã de 19 de dezembro e terminou na madrugada do dia seguinte, no Riocentro. A Assembleia Geral dos Credores foi o último capítulo de uma saga que começou em 20 de junho de 2016, quando a Oi apresentou à Justiça o pedido de Recuperação Judicial para renegociar suas dívidas. O plano foi aprovado na primeira assembleia, fato inédito até então entre as recuperações judiciais no país. A aprovação foi por maioria expressiva na classe de credores sem garantia real (72,17%) e praticamente por unanimidade nas classes trabalhistas (100%), garantia real (100%) e microempresas (99,8%).
No início, havia a preocupação em como os colegas da empresa reagiriam ao pedido de Recuperação Judicial. Mas foi deles que veio o primeiro e mais forte sinal de que iríamos atravessar esta tormenta. Depois de o pedido ser feito, os próprios funcionários criaram e fizeram circular a hashtag #somostodosoi, para que todos continuassem a fazer o seu trabalho da melhor forma possível. O resultado: a empresa melhorou seus indicadores da qualidade.
Seguros de que a empresa continuaria a todo vapor, fomos para a negociação. Foi um longo período de conversas com grandes e pequenos credores. Viajei pelo Brasil para implantar centros de negociação de acordos com quem tinha até R$ 50 mil a receber. Só nestes centros, nos entendemos com 30 mil dos 55 mil credores. Isso mostrou como a Recuperação Judicial é importante para preservar as empresas e assegurar a estabilidade da economia do País.
Com o Plano de Recuperação aprovado e homologado pela Justiça, fica a reflexão: o quanto este instrumento pode estar ajudando a economia brasileira a sair da recessão? Quantas falências foram evitadas? Quantos empregos deixaram de ser destruídos? Em relação à Oi, cito alguns números para dar a dimensão da companhia: falamos de uma empresa que tem cerca de 130 mil funcionários, diretos e indiretos que foram preservados. E que investe em média R$ 5 bilhões por ano e, só de janeiro a setembro de 2017, teve gastos de custeio de R$ 13 bilhões. O caso da Oi servirá para estudos e aperfeiçoamento do instrumento de recuperação judicial.
Nosso foco agora é fazer com que a empresa volte a ter a relevância que merece. Assumimos esta meta com credores, acionistas, clientes e moradores dos locais em que a companhia atua, uma abrangência não equiparada por nenhuma outra empresa no país. A aprovação do Plano de Recuperação Judicial é o que faltava para que novos investidores, inclusive fora do Brasil, se unam ao projeto da Oi. A capitalização prevista (que vai aumentar o patamar de investimento de R$ 5 bilhões para R$ 7bilhões anuais no triênio 2018/19/20) vai transformar intenção em realização. O futuro das telecomunicações anuncia mudanças profundas no nosso dia-a-dia. Para este novo mundo, uma nova Oi nasceu na madrugada do dia 20 de dezembro de 2017.
(Eurico Teles, presidente e diretor jurídico da Oi)