É provável que quase a totalidade dos goianienses conheça a história de sua cidade. Até porque a maioria ainda tem algum familiar que vivenciou os primeiros anos da capital e está sempre a relembrar fatos e costumes.
Não vamos tão longe, há apenas 40 anos as coisas eram muito diferentes por aqui. Essa geração ainda preserva lembranças importantes que, se não, relatadas poderão se perder para sempre.
Outro importante testemunho da memória é a paisagem construída, onde os primeiros edifícios e formas dos espaços urbanos contam, através da linguagem arquitetônica, as características daquela época. Ao observar uma residência por exemplo, como os ambientes eram dispostos, a presença de um alpendre, os elementos decorativos nas fachadas, os materiais utilizados, tudo tem um significado e expressa como a sociedade se comportava naquele período dentro da história, as influências que recebia.
Assim, o Art Déco, o estilo que mais marcou a arquitetura de Goiânia, forma um valioso conjunto de edifícios que repercute internacionalmente, mas em seu próprio local não recebe o devido valor.
Eles estão ali, em meio a outros tantos modelos expressivos, todos os dias testemunhando o passado. Mas pessoas passam diariamente diante deles e nem sempre, os percebem. Ficaram velhos, descuidados, desinteressantes. Cobertos por painéis de propaganda. Talvez os desejos mais íntimos, seriam que eles desaparecessem logo para dar lugar a novos prédios modernos, que atendam às necessidades atuais. (Justifica-se pelos vários pedidos de demolição em áreas históricas). Mas ser atual não é sempre inovar repensando conceitos anteriores?
Vamos sonhar com ações de preservação mais eficazes, estimulantes, que levem os próprios goianienses a uma nova perspectiva de sua valiosa herança.
(Leandra de Brito Rodrigues, professora do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Goiás - Uni-Anhanguera, analista em Obras e Urbanismo da Secretaria Municipal de Cultura e membro do Grupo Executivo de Revisão do Plano Diretor 2017)