Crônica passada, antes da pneumonia que me fez ver a vó pela greta, terminei no lugar comum a dizer que em matéria de governo, falimos. Contudo, ficou a frustração de eu não ter descoberto que o quadrado tem mais um lado, o que, fatalmente, me colocaria no guinness book.
Sempre achei que a crítica não só é necessária, como também é democrática. Sem ela é simples chororô da vida.
Porém -tudo na vida tem um porém-, a crítica que sugere alguma solução, melhor desempenha a sua função de censura. Longe de mim, no entanto, entender que não se deve criticar sem apontar saída.
Dito isso, no meu nanismo no entendimento das coisas, vez por outra, assumo o atrevimento de “achar”, e empurro as minhas ideias.
Viraram chacota os sujeitos empoderados estabelecidos e instalados na Praça dos Três Poderes em Brasília, com ramificações em todos os Estados e municípios. Qualquer deles que entrar em ônibus, metrô, barco, avião, passear pelas ruas, é vaiado, xingado, filmado nas mais variadas posturas, isso, quando não apanha. Mas fizeram por merecer. O Brasil é porque não quebra, também, mais de 200 milhões de almas apenadas a pagarem pesados impostos, porque senão até o solo e o subsolo eles desviariam para algum paraíso fiscal. O papel moeda, esse, já vai em malas e similares, não tendo, servem cuecas, calcinhas.
Ué, fiquei só nas críticas.
Então, lá vai o quinto lado do meu quadrado.
Vejo o parlamentarismo como alternativa para a sinuca de bico que nos encontramos politicamente. Em outras épocas, dentro deste presidencialismo capenga sempre restavam alguns gatos pingados fora da lama para serem convocados pelo povo. Agora, não sobrou um. Que tristeza!
Penso num parlamentarismo rígido. Sim, porque no Brasil o “jeitinho” sempre termina por desmoralizar tudo, quer pelo deboche quer pela corrupção descarada mesmo. A eleição distrital, com o poder do eleitor retirar a qualquer momento o mandato de representação condicional e temporariamente concedido ao seu representante eleito. Poder igualmente para destituir o gabinete (que no caso é o executivo) que perde a confiança do povo, e determinar tanto eleições bem como dissolução do parlamento (legislativo).
(Iram Saraiva, ministro emérito do Tribunal de Contas da União)