Batista Custódio dos Santos, na juventude, voltado às lides dos campos em Caiapônia, no sudeste goiano, dos irmãos foi primeiro a ser enviado pelos seus pais, para Goiânia, a fim de estudar.
No Ateneu Dom Bosco fez parte de um grupo de jovens que absorveu os bons preceitos disseminados pelos padres salesianos seguidores de Dom Bosco.
Consta ter sido Batista colaborador do Jornal Mural ali existente, monitorado pelo legendário padre Zezinho. Então, vê-se, o rapaz tinha inclinação para jornalismo.
Mas sua entrada ao texto impresso deu-se através do Divulgador Cinematográfico, uma pequena revista por mim editada que era, entre 1955 a 1958, distribuída aos frequentadores de Cine Casablanca, o mais charmoso de Goiânia, que funcionava na atual rua do Lazer.
O professor de inglês Thales de Mileto Guimarães disse-me que tinha um amigo estudante, de muito talento que poderia colaborar no Divulgador Cinematográfico e, de pronto, entregou-me o texto de um soneto intitulado: Imara. Claro, Imara, era Maria o seu amor daqueles bons tempos de Goiânia impregnada de muito romantismo.
Concordei-me em publicar o soneto “Imara”, de Batista Custódio e destaquei as palavras “colaboração popular”. Não imaginava que aquele rapaz magérrimo estivesse ali, com o publicar do seu soneto, iniciando as suas passadas no jornalismo goiano. Mas de fato foi e Maria, vale dizer, foi a moça com a qual contraiu núpcias e a primeira filha do casamento foi a Imara, um grande esteio da consolidação do O Cinco de Março e o Diário da Manhã.
Depois de ver a poesia impressa o neófito da comunicação entrou em contato com os jornalistas da época como Geraldo Vale, Irorê Gomes, Goiás do Conto, José Asmar, Adory Otoniel da Cunha e outros.
O Primeiro Emprego
Certa feita escreveu um artigo sobre sua família e o levou para ser publicado no jornal O Popular que recebia colaboração dos leitores.
Mostrando seu trabalho ao editor-chefe do jornal O Popular, disse ao mesmo que era de Caiapônia, veio estudar em Goiânia e que desejava ser jornalista.
O redator-chefe do “O Popular”, respondeu-lhe, depois de ler o seu texto: “Jovem, você quer ser jornalista? Volte para sua Caiapônia pois que para jornalista você não terá êxito”.
Cabisbaixo, regressando ao seu hotel (Edifício Euclides Figueiredo, defronte ao Café Central) por sorte ele, Batista Custódio, passou pelo Brassèrie Restaurante, à época ponto de encontro de jornalistas que ali ficavam discutindo problemas, tomando muito café, enchendo os pires de cinza de cigarro, para o aborrecimento das pobres garçonetes.
Batista mostrou o texto para vários deles. Alguns leram o texto, outros fingiram que teria lido. Um deles, o Geraldo Vale, leu o texto e disse que o autor tinha o “Complexo de Édipo”. A turma continuou nos assuntos, dando pouca importância ao jovem.
De repente, após ter lido o texto, o talentoso jornalista Adory Otoniel da Cunha pôs-se de pé e proclamou de alto e bom som para que todos ouvissem: “Vocês estão todos enganados! Esse jovem, é um jornalista nato, e chegará, na imprensa, a objetivos maiores do que qualquer um de nós.”
Depois, virando-se para Batista Custódio, disse: “Meu jovem, você trabalha em algum local? – Não, respondeu o rapaz. – A partir de hoje você tem emprego. Vai trabalhar no Jornal Tribuna de Goiás que o deputado Clotário Barreto edita, do qual sou diretor. O referido semanário, já naquela época, fazia apologia da mudança da capital federal para o planalto goiano. O rapaz foi lá, e tornou-se o colunista social, função que desempenhou a contento.
Em meados de 1958 fez parceria com Telmo de Faria e no ano de 1959 fizeram circular O Cinco de Março, que marcou época na comunicação em Goiás, tornando-se o terror dos políticos corruptos e peitou até os dirigentes da Revolução de 31 de Março o que culminou na prisão do próprio Batista Custódio.
Nesse período crítico de sua vida conheceu Consuelo Nasser, sua parceira profissional e futura esposa. Mãe de Fábio Nasser Custódio dos Santos.
Vale acrescentar que eu, quando passei a presidência da Associação Goiana de Imprensa – para Batista Custódio dos Santos, em 1967, em sua pose, no Umuaram Hotel, se sentaram na mesma mesa Pedro Ludovico Teixeira e Sebastião Dante Camargo Júnior, as duas maiores lideranças da época, mas de correntes antagônicas.
Em 1994, Batista Custódio criou o Diário da Manhã. Eu até que não me havia entusiasmado com a idéia do diário. Mas tudo deu certo, O Diário da Manhã tem sido muito importante. Na verdade, um autêntico seguidor das passadas do O Cinco de Março, nascido no dia 5 de março, coincidentemente na mesma data em que no século passado nascia em Pirenópolis, a Matutina Meiapontense, o primeiro jornal a circular em plagas goianas.
Em tempo, o mesmo redator-chefe de O Popular, que recusou publicar o artigo de Batista Custódio, o decano do jornalismo goiano Eliezer José Penna, engajou-se no seu projeto e, mais tarde, foi um dos esteios dos primordios do Diário da Manhã.
E não existe nenhum demérito nesse episódio pois também o Adory Otoniel da Cunha, Geraldo Vale, o professor Thales de Mileto Guimarães e eu próprio trabalhamos com carteira assinada, no O Cinco de Março ou no Diário da Manhã.
Justifica-se, pois, as homenagens advindas da Assembleia Legislativa aos 21 anos do Diário da Manhã e os 35 anos do O Cinco de Março, cordão umbilical do Diário da Manhã.
Parabéns aos familiares de Batista Custódio, sua esposa Marly e filhos ali presentes.
Parabéns ao benquisto deputado Major Araújo, autor da proposta que culminou nas homenagens do legislativo goiano, no Palácio Alfredo Nasser, ao Cinco de Março e o Diário da Manhã, na pessoa de Batista Custódio, jornalista.
(Walter Menezes, ex-presidente e conselheiro permanente da AGI – Associação Goiana de Imprensa e diretor do Jornal da Cultura Goiana)