Não é preciso ser sábio para entender que a vocação do vale do Araguaia é um grande projeto baseado no Turismo Ecológico e Cultural – numa região que tem nada menos que 570 lagos. Um projeto em que o Meio Ambiente seja o protagonista central e que faz lembrar muito da origem de povos indígenas da região, segundo o qual eles foram criados como peixes Aruanâs e viviam no fundo do rio. Havia uma proibição: não poderiam passar por uma cavidade no fundo do rio. Mas um Aruanâ passou; e ao chegar à superfície deparou-se com uma praia intocada do Araguaia, de areias muito brancas. Fascinado, retornou ao fundo e contou para seus companheiros. Juntos, eles foram a Kananciué, o Espirito criador daquela gente pedir para viverem nas praias, Kananciué explicou-lhes que para isso teriam que deixar de viver no fundo do rio, deixar de ser imortais por amor ao rio e suas praias, eles optaram por ser mortais. O psicanalista Hélio Pelegrino dizia que esse mito é um emblema da sabedoria humana: renunciar à imortalidade, aceitar ser mortal, para começar a viver. Quem sabe não imitamos os aruanâs e renunciamos às supostas grandezas financeiras para conviver em paz com o rio?
A água está aí com a possibilidade de deflagrar até uma Terceira Guerra Mundial. Nós sabemos que em várias partes do mundo esse conflito é acirrado incessante e bastante intenso, haja vista ser a água um recurso finito, muito escasso, porém vital à sobrevivência da vida. Os ataques são incessantes e agressivos. Assim sendo, temos que ter sabedoria, paciência e sobretudo há que se agir humanitáriamente e com muita empatia a fim de que não venhamos a causar problemas acintosos e graves a todo este imprescindível recurso, cada vez mais nos causando assombros e espantos de grande monta e de toda ordem afim de suprir as nossas necessidades de vida ao utilizar esta substância vital tão degradada e abusada pelo ser humano. Sem a água, o ser humano simplesmente desaparece, como outras criações de Deus que também já desapareceram soçobrardes pela ignorância e egoísmo humano. Fundamentados nesta vital prerrogativa natural e visando sobretudo atender o cumprimento de atribuições legais durante nossa gestão técnica na Femago, procuramos fervorosamente controlar, principalmente no médio Araguaia e em um bom pedaço do Alto Araguaia a sensível questão do Garimpo depredatório que estava fazendo assorear indefinitivamente a rasa calha do rio que corre em planície aluvionar pouco profundo; No decorrer desta Primeira Promotoria Móvel auxiliada pela Promotoria do Meio Ambiente e pelo Batalhão Florestal (predecessor do Batalhão Ambiental) em 1997, interrompemos as atividades predadoras; interrompendo em torno de 40 garimpos ilegais, além de procurar fazer com que esses empreendimentos se tornassem passíveis de licenciamentos e ordenamentos legais. O Garimpo irregular é danoso e prejudica todas as correntes do Ecossistema desprovido das apropriadas condicionantes harmônicas e legais, trazendo em seu bojo, consequências nefastas para a destruição paulatina de toda bacia Hidrográfica do rio Araguaia. Verdadeiras superfícies lunares foram formadas em consequência ao longo dos anos da nefasta atuação destes empreendimentos clandestinos, desde a cabeceira até a foz da calha do rio. Processos erosivos e formação de voçorocas advindas também dos desmatamentos e das queimadas, além da perda da Fauna, de uma maneira geral, tanto a ictiológica como a fauna terrestre e alada em muito sofreram consequências nefastas de uma das mais ferrenhas destruições já observadas em solo Goiano. A mata ciliar foi muito agredida em toda sua essência ao longo das décadas, gerando como consequência verdadeiros ataques acintosos de espécies invasoras agasalhadas tanto pelas matas secundárias e até terceirarias em todo o vale do Araguaia.
O lixo reveste-se também em uma forte consequência danosa da depredação que procurávamos diagnosticar tecnicamente afim de encaminhar ao Ministério Público e todos os Municípios visitados, robustos subsídios técnicos Observamos que os mesmos não possuíam Aterros Sanitários apropriados, utilizando-se os mesmos de buracos advindos de Caixas de Empréstimos formando assim os nefastos lixões; vilões de uma sangria desatada no encaminhamento de vetores nocivos tanto á saúde humana como ao Ecossistema em geral; resultando assim, em verdadeiros Lixões que os usuários mal conscientizados, procuram utilizar afim de estocar o seu lixo nefasto repasto de toda uma região do vale do Araguaia. A Femago na época, alocou alguns projetos de Reciclagem do Lixo, proporcionando aos Municípios Orientações técnicas visando sanar este grave problema que no final das contas, esta danosa consequência era direcionada a calha central do rio, vindo assim contribuir enormemente para que o rio Araguaia e seus afluentes fossem gradativamente e paulatinamente cada vez mais entulhado e assoreado, inclusive através da locação de materiais nocivos à saúde humana, conforme temos observado praticamente ao longo das praias, principalmente após as tão ansiosamente festejada temporadas turísticas. Realmente, uma grande parte dos turistas já estava sendo conscientizada como resultado dos trabalhos educativos envidados desde aquela época da materialização da I Promotoria Móvel. Uma pequena parte ainda teima até hoje em deixar depositados nas praias, sacos e mais sacos de lixos, além de outros vetores poluidores. Isto é bastante grave e muito nocivo à toda calha do rio Araguaia e seus afluentes. A importância da Prevenção e Preservação vem a ser vital não só para Goiás, como para todo o Brasil; Esta Veia Aorta de todos os Goianos merece sobretudo cada vez mais, robustas atenções, não só das autoridades mas também de toda comunidade usuária! A materialização do Batalhão Florestal, precursor do Glorioso Batalhão Ambiental aliado ainda à criação da Delegacia Especial do Meio Ambiente, também coincidiu, como resultado robusto e palpável do que fora preconizado durante a vigência desta Primeira Promotoria Móvel, vindo a partir daí estabelecer a toda Biota e Ecossistema Geral do vale, um cristalino grau seletivo de monitoramentos e fiscalizações harmônicas com a Sustentabilidade de todo o Vale do Araguaia. No entanto, até sacrifícios de vida (2 militares) ocorreram, afim de que fosse estabelecido o atual “status quo” vigente nos dias atuais. Palestras, debates, conferencias e orientações escolares em muito conscientizaram ribeirinhos, turistas, e usuários em geral, fazendo com que os municípios lindeiros passassem a enxergar de uma vez por todas uma maior objetividade e pragmatismo. Toda uma ordem satisfatória e salutar de preservação e uso sustentável do vale foi conquistada e seus resultados permanecem até o dia de hoje, Tive a honra de ser o Condutor Técnico desta Epopeia, titânica tendo em Batista Custódio nosso grande Idealizador hospedeiro na Apa do Encantado!
(João José de Sousa Jr, geólogo da Amazônia, formado pela UnB em 1973. Comendador do Araguaia, pesquisador das Ciências Quânticas e Filosofia Espiritualista, articulista e cronista voluntário do Diário da Manhã; Prêmio de Meio Ambiente Altamiro Moura Pacheco; ex-professor da UFMG e ex-diretor técnico da Femago e Metago; ex-assessor da Prefeitura de Goiânia e do Governo do Estado de Goiás; convidado a ser entrevistado pelo Programa do Jô Soares – atual consultor de empresas; ordenador do Aquifero Termal Caldas Novas- Rio Quente. Idealizador da Proposta do Aquífero como Patrimônio Natural da Humanidade. ex-garimpeiro e assessor do promotor Sulivan Silvestre. E - mail: jjsjconsultoria@hotmail.com. Zap 99226-1789)