É bom saber, que embora tardiamente, a medicina reconhece toda dependência (obsessão e compulsão), seja pelo que for: álcool, alimentação, outras drogas, jogo, sexo, consumo...) tudo isto é uma doença. Tudo que é doença não nos deve trazer orgulho.
Todo doente merece respeito e tratamento. A doença se agrava quando o seu portador é taxado com qualquer adjetivo pejorativo. Ainda a ciência da neurologia e psicologia está engatinhando na descoberta das causas desta doença.
Os portadores da dependência, normalmente sofrem com o desprezo daqueles que se consideram fortes e vencem com facilidade a obsessão e compulsão. Para muitos, ou quase todos, o gordinho e o viciado, precisam é de “vergonha na cara”, ou força de vontade.
Não sou cientista e nem psicólogo. Mas pelo que observo, convivo e leio, todo dependente é de uma riqueza de sensibilidade. Sofre mais do que os outros, com a dor do viver, da decepção, do desprezo, da frustração, da ansiedade, da concorrência, do fracasso, da injustiça, da desigualdade, da separação, da dificuldade ou incapacidade de mudança ....
Nós, “sadios”, como jamantas pesadas, carregando nossas indiferenças, nossa “dor de viver” passamos por cima de seus sentimentos, exigindo uma perfeição, uma correção, uma produtividade, um otimismo sem respeito algum ao seu momento psicológico.
Vivemos presos na redoma do trabalho, da tecnologia, do dever e do prazer, sem conseguir compreender que o sofrimento sentido pelo outro tem sua origem numa doença que se desenvolve no ambiente provocativo ou facilitador que nós criamos.
Lembro-me dos três “c”: eu não causei, eu não controlo, eu não curo, mas acrescento um quarto “c”: é preciso compreender o doente para amar e exigir. Bom seria começar pelo perdão e abraço.
(José Vanin Martins, escritor)