O ato de ler e uma prática social das mais importantes na sociedade atual. O mundo é narrado sobre a ótica do signo linguístico. O conhecimento é reverenciado na forma escrita e a aquisição dar-se-á por meio da leitura. Ao falar da importância do ato de ler para o desenvolvimento de um povo, Goethe evidencia que “O declínio da literatura indica o declínio de uma nação”. Infelizmente não estamos nem no nível do declínio de leitura. Nós somos exordiais em leitura, é o que atesta um relatório divulgado pelo Banco Mundial. Segundo a organização, os estudantes brasileiros podem demorar mais de 260 anos para atingir o nível de proficiência em leitura dos países desenvolvidos.
Dois séculos e seis décadas representam um tempo abismal e denota a real e pressurosa necessidade
de que nós precisamos fazer algo. É impossível pensar em desenvolvimento nacional com a média de leitura dos brasileiros, 2,88 livros por anos, é ridícula perante a média de leitura chilena, 5,4 livros ao ano, só para ficar no continente latino americano.
A narrativa oral foi durante muito tempo o principal meio para socialização do conhecimento socialmente produzido. Contudo o surgimento da escrita representa um marco na história do homem moderno. Esse período é definido como o ínterim de transição entre a história e a pré-história. A proto escrita que nasce no fim do período Neolítico, representa o inicio rudimentar do tempo em que o homem escreve. Mas é com os sumérios por meio da escrita cuneiforme, recebeu esse nome por que era feito por meio de objetos em formato de cuia, e juntamente com os hieroglíficos egípcios que temos os registros mais remotos de escrita com significado. O homem escreve há pouco tempo, cerca de 3000 anos a. C, se comparado ao surgimento do homem moderno na Terra, por volta de 200 mil atrás, nossa história sob o planeta deu-se a maior parte do tempo sem a escrita. Porém mesmo que recente em termos históricos, a escrita e consequentemente a leitura possibilitaram avanços inimagináveis. Hoje a maior parte do conhecimento socialmente produzido e ratificado, está sobre as bases do código escrito e o acesso a ele dar-se-á por meio da leitura. Ler é poder.
A leitura como prática social não pode ser pensado fora do olhar crítico do materialismo dialético. Como instrumento inventado, sua prática é social e moralmente regulada. Por isso precisamos garantir as classes populares o direito a leitura nos mais variados gêneros literários, científicos e etc.
Para que aconteça uma mudança de paradigma no quadro da falta de leitura em Bruzundangas é necessário que exista um pacto nacional pelo desenvolvimento da leitura. Sabemos que pouco interessa as classes políticas desse país, o desenvolvimento de uma sociedade crítica e participativa, por isso é nossa missão conquistar esse direito a força. Defender a criação de modernas bibliotecas nas periferias urbanas e rurais, fomento a programas populares de bolsas publicações voltadas a escritores não publicados, bibliotecas itinerantes são ações que devemos empreender de forma premente. Além disso devemos cobrar a destinação de recursos pecuniários a professores para que eles sejam os fomentadores da política de leitura e escrita nesse país.
É evidente que um país não se faz apenas com livros, também é impossível edificar um nação justa com uma equânime distribuição de riquezas sem eles, mas os livros são um bom pretexto para comunicação entre as pessoas, “Na minha vida ainda preciso de discípulos, e se os meus livros não serviram de anzol, falharam a sua intenção. O melhor e essencial só se pode comunicar de homem para homem.” Friedrich Nietzsche
(Edergênio Vieira, poeta e educador na Rede Municipal de Ensino de Anápolis)