Segundo a Associação Nacional da Agroecologia, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Em 2015, mais de um trilhão de litros de agrotóxicos foram pulverizados nas lavouras do país.
Segundo o Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, o brasileiro consome de 7,5 a 8 litros de agrotóxico por ano. Cerca de 75% dos alimentos consumidos no Brasil possuem agrotóxicos.
As indústrias dessas substâncias tóxicas geram grandes pressões devido ao lucro mensal. Seu poder econômico e a falta de consciência política tolera grandes quantidades de substâncias em nossas lavouras, contaminando nossos alimentos: nossos venenos de cada dia.
Câncer, intoxicação alimentar, morte, dores de cabeça, pressão alta, depressão, suicídio, alterações reprodutivas (como esterilização), má formação fetal, efeitos sobre os sistemas imunológico e nervoso central, mutações genéticas, entre inúmeros itens já foram apontados como consequências dessas práticas.
Não sabemos de fato quais consequências as gerações futuras enfrentarão. Principalmente pelo fato de haver várias combinações de agrotóxicos que são utilizados na produção de alimentos e não são sintetizadas nas pesquisas. Portanto, não se sabe seu verdadeiro efeito na saúde da população.
Um dos graves problemas é que não há orientações para os agricultores. Muitos deles usam essas substâncias e isso atinge a maior parte da população. Não há um incentivo governamental para que os produtores mudem seu modelo de produção.
Os casos de contaminação por agrotóxicos não são notificados oficialmente, mesmo atingindo a maior parte da população. Cerca de 70% das substâncias tóxicas usadas são destinadas à cultura de milho, soja e cana-de-açúcar. O milho e a soja são usados em inúmeros alimentos, inclusive como ração de animais, que em tempo futuro serão as carnes consumidas pela população.
No dia 13 de agosto de 2016 foi publicada essa notícia em vários jornais do país: “agrotóxicos deixam rastro de câncer e morte pelo interior de São Paulo. Agrotóxicos usados na monocultura da cana em SP elevam índices de adoecimento entre os agricultores e toda a população”.
Em setembro, outra notícia: “a utilização continuada de agrotóxicos na produção agrícola aumenta as chances de camponeses desenvolverem quadro depressivo e, com o desenvolvimento da doença, cometerem suicídio. A produção de tabaco no Rio Grande do Sul, estado com forte presença da indústria de cigarros, é uma das situações emblemáticas desse fenômeno... O estado do Rio Grande do Sul apresenta o maior número de casos de suicídios no país: 10 a cada 100 mil habitantes – o dobro da média nacional”.
O Ministério da Saúde adverte que os agrotóxicos estão em segundo lugar como os maiores causadores de intoxicação no Brasil. Dos 200 tipos de agrotóxicos diferentes, muitos desses compostos são proibidos em outros países, mas no Brasil são utilizados em larga escala sem uma preocupação em relação aos males que podem causar.
A abamectina (causa toxicidade reprodutiva) é usada, entre outros alimentos, na batata, ervilha, manga, feijão, melão, melancia, morango, tomate, citros. O acefato (aumenta células carcinogênicas) é utilizado, entre outros, em plantações de couve, amendoim, brócolis, repolho, tomate, soja. O glifosato (altamente tóxico, de efeitos neurológicos) é utilizado em nectarina, maçã, banana, pêra, pêssego, cacau, café, trigo, entre outros.
Entre os inseticidas, os organoclorados (extremamente perigosos) deixam resíduos permanentes nos tecidos gordurosos de mamíferos, aves e peixes. O veneno é capaz de permanecer por mais de 100 anos no meio ambiente. Os organofosforados e os carbamatos são largamente utilizados no Brasil.
Seria ótimo se todos tivéssemos acesso e estímulo a uma produção orgânica, isenta de substâncias tóxicas. Mas, pelo visto, isto ainda está longe de acontecer! Até a próxima página!
(Leonardo Teixeira. É pós-graduado em direito, escritor, com sete livros publicados, membro da União Brasileira de Escritores e ilusionista. Contato: escritor[email protected])