Carta Aberta a profissionais do Serviço Social em Goiás
No ano passado, recebi um comunicado do Sindaseg. Respondi. Em meu Facebook, deixei o registro dos dois comunicados. Da mesma forma que, quando entrei para a construção deste sindicato, o levei às minhas redes sociais e a este jornal, além de divulgar isto através de diversos artigos publicados, o faço nesta minha saída. Claro.
Há oito anos, quando comecei a passar por assédio laboral na Prefeitura de Goiânia, procurei o Sindigoiânia. A Prefeitura me devia 5 meses de uma chefia e havia me defenestrado, mesmo após sindicância provocada pelo MP/GO, que me apoiou e viu que eu estava correta. O assessor jurídico do Sindigoiânia me recebeu inúmeras vezes, me enrolou meses e nada fez, além de piadinhas. Anos depois, após processo administrativo interno e a gestão do MP/GO, recebi o que a prefeitura me devia, mas ainda fora do meu órgão de origem, encontrei uma pessoa que queria reativar nosso sindicato de assistentes sociais e logo tínhamos um grupo.
Coloquei minha questão e minha intenção de ser candidata a vereadora. Trabalhamos, refizemos a luta sindical, reabrimos o nosso sindicato de assistentes sociais. No entanto, no ano passado, estava sendo isolada pela presidente do sindicato e ironizada pelo seu assessor jurídico; ambos vieram do Sindigoiânia.
Embora eu deseje sucesso à categoria em suas conquistas, saí fora do Sindaseg. Não me disponho mais a conviver em um movimento panelesco, de pessoas condescendentes com as arbitrariedades que notoriamente ali, foram à mim dirigidas. Estive presente e participante no último ano, calada, vendo a "assessoria de comunicação" agindo sem se comunicar comigo, sendo eu, diretora neste campo. E não foi por ausência minha, pois quando produzi um boletim informativo, esta assessoria surgiu; apresentei - me e me coloquei, para o trabalho. Somente a presidência funciona, e as assessorias jurídica e de comunicação, conforme lhes convém. Tá bom. Para quem quiser. Para mim, não. Não esperava um sindicato de assistentes sociais panfleteiro, que vai na cola de outros movimentos, que não questiona, não propõe alternativas, que não se organiza e nem a classe trabalhadora, que ignora princípios éticos, teóricos e metodológicos do Serviço Social.
A coisa foi tão bruta e tolerei tanto, que, após o envio de minha resposta ao comunicado que recebi (passei dois dias pensando se saia), a presidente se limitou a dizer que me avisassem que a assessoria de comunicação faria uma carta de renúncia para que eu assinasse, "pois o Sindaseg é sério". Ela não sabe que sei escrever. Sequer leu meu comunicado, onde eu disse que faria a carta.
Esta minha carta não é de renúncia, é de repúdio!
Contribuí e continuarei contribuindo com a categoria. Não abro mão disto. Minha luta não começou nem para aqui. Sei de cor o nosso Código de Ética. Desde 1993, quando me formei muito bem formada, pela antiga UCG. Recuar agora, é resistência e não, desistência!!
Ora, se uma liderança sindical arrebanha pessoas que não sabem para que serve um sindicato, então estão ameaçadas, estas pessoas e a categoria que elas representam. É inconteste o que passei, em termos de assédio laboral. É inconteste que fui companheira, respeitosa, alegre, propositiva, que agi sem tumultuar ou desprezar qualquer colega ou questão importante, dentro do Sindaseg. E que o grupo não foi recíproco, comigo. Não estive ali para fazer amizades ou para que gostassem de mim, mas esperava alguma consideração profissional e respeito; cuidei de minhas atitudes, neste sentido. Mas ali o que rege é a hipocrisia, a desfaçatez, a incoerência, o personalismo estrelista, a ignorância e o alpinismo social. É indigno. Não há o que se reclamar de minha postura profissional ou pessoal no trabalho, ainda que eu não seja perfeita.
Interesses obscuros regem o Sindaseg. Há leniência do restante da diretoria, diante da presidência e da assessoria jurídica, embora eu ainda considere algumas pessoas como de bem, ali dentro. Liderança espúria!
Reforço aqui o papel de um Sindicato, de acordo com o que aprendi em minha lida como ativista dos movimentos sociais e da política e também, em minha formação e vivência profissional.
No Google, lê - se que “o sindicato dos trabalhadores é uma associação que reúne pessoas de um mesmo segmento profissional. O sindicato cumpre papel importante nos dissídios individuais de pessoas que fazem parte da categoria. Os sindicatos defendem os interesses profissionais, sociais e políticos dos seus associados, em uma base territorial.”
O blog Brasil de Fato registra: “No nosso entendimento, um sindicato deve perceber o trabalhador, acima de tudo, como um ser humano – na sua integralidade. Logo, a ação de um sindicato de caráter emancipador não deve se limitar a uma pauta de reivindicação. A luta dos trabalhadores deve suplantar as questões imediatas e corporativas.”
Saio deixando aqui plantada, uma semente de dignidade que talvez, possa germinar e crescer o suficiente para dar abrigo aos que ficam, aos que virão... Tenho mãe, irmã, sobrinhos, filhos, neta e mesmo se não tivesse ninguém, não sairia sem deixar bem claro que ninguém merece e nem precisa de assédio. De nenhum tipo. É questão Ética e qualquer assistente social que se preze, sabe o que é isso, em nossa profissão. Se estamos para organizar a classe trabalhadora e nem nos organizamos como tal e sequer nos reconhecemos e nos defendemos, não temos Ética.
Minha conduta sempre foi pautada nas três dimensões do Serviço Social: teórico-metodológica, ético-política e técnico- operativa. Tolerei muito no trabalho e não esperava pelo que passei, no Sindaseg. Este momento de retrocessos e de perdas no campo social e do trabalho, não me permite esmorecer. A luta continua, não parou e não para aqui, repito.
Não se trata de coitadismo, colega. É questão de Categoria. Recebi comunicado de que o Sindaseg não me apoiaria em minha questão trabalhista, por ser questão pessoal e eu o comuniquei, informalmente, que a minha pessoa não mais faria parte desta gestão. Fica aqui, o meu registro oficial de repúdio. Que conste nos autos.
Atente - se!
(Alexandra Machado Costa, assistente social, poetisa, funcionária pública municipal)