Esta crônica foi editada no O Popular em 18.4.09, quando o Mendonça reclamou que os hinos que cantam nas igrejas não são como os de antigamente.
Zé Mendonça, meu velho e dileto amigo, colega, confrade, “compadre”, campineiro e atleticano como eu, vendedor na tabacaria do Irineu, e engraxate nas horas vagas, me contemplando com o brilho dos meus sapatos, de graça, por ser goleiro do Atlético. Depois, produtor cultural, escritor diversificado, letrista de hinos, professor universitário, historiador, rei Midas, que tudo na sua mão vira ouro, presidente quase perpétuo de academia de letras e instituto de história, escreveu, há poucos dias, que os hinos sacros tradicionais acabaram, sendo substituídos por letras e músicas sem o sentimento dos de outrora.
De fato, mas o que acontece é que você se afastou da nossa Campininha das Flores de Nossa Senhora da Conceição, que, no ano que vem, vai inteirar 200 anos. Dê uma chegada à Matriz de Campinas, na Praça Santo Afonso, ao lado onde você batia bola no campo dos Marianos, e, também, ao lado do Colégio Santa Clara, onde você trepava no muro pra ver as internas fazerem educação física. O dia é na terça-feira, das 6 da manhã às 8 da noite, onde acontece a concorredíssima Novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Se você não puder ir, então, ligue na Difusora, que a Rádio transmite a Novena das 15 horas. Você vai vibrar, tenho certeza, pois lá todos os cânticos que reclamou são entoados e sentidos com inusitada emoção. Às 18 horas o coral é comandado pela cantora Célia Valadão, e sempre, às 8, Maria Júlia Franco atua com Dona Ana Rosa. Ainda, Antônio Fernandes, o conhecido e admirado poeta Antônio do P, é o acordeonista oficial da Novena. Mas os demais corais também fazem arrepiar, porque os hinos são aqueles que você reclamou. Em outras igrejas persiste uma inovação de cânticos que os fiéis não conhecem e os templos ficam apáticos.
Há, no início da cerimônia, a entrega solene da cesta com os pedidos escritos pelos fiéis. Durante a bênção da água, muitas pessoas, com os frascos, expõem, também, objetos, como as chaves de veículos: “Senhor, nosso Deus, derramai a graça da vossa bênção sobre a água que vossos filhos e filhas aqui trouxeram...”
Outro momento que muito entusiasma na Novena é a Ave Maria do Padre Pelágio. Seguem os hinos clássicos: “As intenções são para ti, Senhor...”, “A nós descei divina luz...”, “Vosso olhar a nós volvei...”Bendito, louvado seja...” “Minh´alma engrandece a Deus meu Senhor...”, “Te amarei, senhor, eu só encontro a paz e a alegria bem perto de Ti...”. Durante a sagrada Comunhão: “Foi ao partir o pão que Jesus se deu a conhecer...”. Os demais: “Vem ó Senhor com o teu povo a caminhar...”, “Senhor, tu me olhaste nos olhos, a sorrir, pronunciaste meu nome...”, “Mãe do Perpétuo Socorro, venho a ti...”, “Coração Santo, tu reinarás, tu nosso encanto...”, “O meu coração é só de Jesus...”, “Queremos Deus, ó povo aflito...”, “A 13 de maio, na Cova da Iria...”
Finaliza, com aplausos, o cântico: “Ó minha senhora e também minha mãe...” Por isso, Mendonça, pra matar saudades, não se esqueça da sua Campininha. Se quiser, dou carona!
Em tempo – 1) O 19º Prêmio Célia Câmara, do Concurso do SESI – Arte e Criatividade em Literatura, para incentivo aos novos talentos, será concedido a José Mendonça Teles. 2) Amigos do Araguaia – Vamos trabalhar para que se torne lei a obrigatoriedade de todos os pescadores levarem nas suas tralhas milhares de alevinos. Segundo a sabedoria popular, de onde se tira e não põe, acaba!
Macktub!
(Bariani Ortencio barianiorten[email protected])