País em desenvolvimento, emergente, o Brasil precisa conseguir escapar das armadilhas que impedem o seu surto de crescimento econômico em patamares asiáticos. Tanto no setor primário. O do agronegócio. Quanto no secundário. Das indústrias. Até no terciário. De serviços. Um País de dimensões continentais não pode ficar refém, por mais de sete décadas, de apenas um sistema de transportes de cargas e passageiros. Como ocorre, hoje.
O rodoviário é hegemônico. Com cobertura de 80% dos serviços. Um percentual contrapro-ducente. O que traduz uma dependência. Uma ditadura dos cartéis. Das indústrias automo-bilísticas, de autopeças, de pneus, de combustíveis fósseis, das empreiteiras que constroem as rodovias e BRs, boa parte envolvida em escândalos de corrupção, como mostram as investigações da Polícia Federal, Ministério Público e Poder Judiciário. Em múltiplas instâncias.
Não é o sistema mais eficiente. Basta examinar os modais em operação na China, Comunidade Econômica Europeia, Estados Unidos, Canadá. O escoamento da produção, para os mercados interno e externo, deve optar pelo mais econômico, veloz, que traga uma menor perda e ele¬ve a maximização da taxa de lucro. A greve de 12 dias dos caminhoneiros e o locaute paralelo dos empresários do setor apontou a falência do atual modelo de negócios de transportes.
Não há alternativa. É urgente a necessidade de adoção de novos modais. Como o Ferroviário, o Hidroviário e o Aeroportuário. Em larga escala. Como campeão em produção de commodities do agronegócio, com a necessidade de reindustrialização do País, como anota o economista da Universidade de São Paulo [USP] André Singer, e o crescimento da área de serviços, o Brasil deve enfrentar os novos desafios, fixar o olhar no futuro e abandonar arquétipos do passado.
(Hermes Traldi, 63 anos de idade, produtor rural, empresário no meio urbano, engenheiro agrônomo graduado na USP, homem de mercado, com ideias liberais, cultura empreendedora e defensor das ideias de Friedrich von Hayek, ideólogo da Escola Austríaca de Economia)