Já dissemos, anteriormente, que a Física é a mais filosófica das ciências, mas, a essa altura de nossa laboriosa pesquisa e insistentes deduções filosóficas e induções científicas, podemos acrescentar que é também a mais metafísica das ciências naturais.
Tendo em vista que a existência da alma (Espírito) é pressuposto da existência de Deus, conforme demonstrado em Títulos precedentes, entendemos de bom alvitre a lição de Emmanuel, relativa ao assunto, em seu importante livro “O Consolador” , psicografia de Francisco Cândido Xavier, discorrendo sobre a Física e sua relação com a existência do Criador do Universo, que valoriza e enriquece a nossa Tese.
Eis as colocações do então mentor de Chico Xavier:
“15 – Existem Espíritos especialmente encarregados da execução da leis físicas no planeta terrestre?
– Essa verdade é incontestável, e o homem poderá examinar e estudar constantemente, auferindo o melhor proveito na sua rotina de esforços perseverantes; porém, todas definições do materialismo serão inúteis em face da realidade irrefutável dos fatores transcendentes, em todos os grandes fenômenos físicos da Natureza.
16 – As novas revelações científicas positivadas pelos professores Thomson, Rutherford, Ramsay e Soddy, entre outros, no campo da Física, sobre os átomos e os elétrons, são passíveis de fornecer o exato conhecimento de todas as etapas da evolução anímica?
– A Ciência, propriamente humana, poderá estabelecer bases convencionais, mas não a base legítima, em sua origem divina, porquanto os átomos e os elétrons são fases de caracterização da matéria, sem constituírem o princípio nessa escala sem-fim, que verifica, igualmente, para o plano dos infinitamente pequenos.
17 – Como são considerados, no plano espiritual, os conhecimentos atuais da Física na Terra?
– As noções modernas da Física aproximam-se, cada vez mais, do conhecimento das leis universais, em cujo ápice repousa a diretriz divina que governa todos os mundos.
Os sistemas antigos envelheceram. As concepções de ontem deram lugar a novas deduções. Estudos recentes da matéria vos fazem conhecer que os seus elementos se dissociam pela análise, que o átomo não é indivisível, que toda expressão material pode ser convertida em força e que toda energia volta ao reservatório do éter universal. Com o tempo, as fórmulas acadêmicas se renovarão em outros conceitos da realidade transcendente, e os físicos da Terra não poderão dispensar Deus nas suas ilações, reintegrando a Natureza na sua posição de campo passivo, onde a inteligência se manifesta.
18 – Onde o ponto imediato de observação para que a Física reconheça a existência de Deus?
– Desde o ponto inicial de suas observações, a Física é obrigada a reconhecer a existência de Deus em seus divinos atributos. Para demonstrar o sistema do mundo, o cientista não recorreu ao chamado “eixo imaginário”? Basta essa incógnita para que o homem seja conduzido a ilações mais altas, no domínio do transcendente.
A mecânica celeste prova a irrefutabilidade da teoria do movimento. O planeta move-se na imensidade. A matéria vibra nas suas mais diversificadas expressões.
Quem gerou o movimento? Quem forneceu o primeiro impulso vibratório no organismo universal?
A Ciência esclarece que a energia faz o movimento, mas a força é cega e a matéria não tem características de espontaneidade.
Só na inteligência divina encontramos a origem de toda coordenação e de todo equilíbrio, razão pela qual, nas suas questões mais íntimas, a Física da Terra não poderá prescindir da lógica com Deus.
19 – As noções de Física conhecidas pelos homens são definições reais e definitivas?
– Os homens possuem da matéria a conceituação possível de ser fornecida pela sua mente, compreendendo-se que o aspecto real do mundo não é aquele que os olhos mortais podem abranger, porquanto as percepções humanas estão condicionadas ao plano sensorial, sem que o homem consiga ultrapassar o domínio de determinadas vibrações.
Mergulhadas nas vibrações pesadas dos círculos da carne, as criaturas têm notícias muito imperfeitas do Universo, em razão da exiguidade dos seus pobres cinco sentidos.
É por isso que o homem terá sempre um limite nas suas observações da matéria, força e movimento, não só pela deficiência de percepção sensorial, como também pela estrutura do olho, onde a sabedoria divina delimitou as possibilidades humanas de análise, de modo a valorizar os esforços e iniciativas da criatura.
20 – Como poderemos compreender o éter?
– Nos círculos científicos do planeta muito se tem falado do éter, sem que possa alguém fornecer uma imagem perfeita da sua realidade, nas convenções conhecidas.
E, de fato, o homem não pode imaginá-lo, dentro das percepções acanhadas da sua mente. Por nossa vez, não poderemos proporcionar a vós outros uma noção mais avançada, em vista da ausência de termos de analogia.
Se, como desencarnados, começamos a examiná-lo na sua essência profunda, para os homens da Terra o éter é quase uma abstração. De qualquer modo, porém, busquemos entendê-lo como fluido sagrado da vida, que se encontra em todo o cosmo; fluido essencial do Universo, que, em todas as direções, é o veículo do pensamento divino.
21 – Pode a Física oferecer-nos elementos para apreciar o plano divino da evolução?
– Também aí podereis observar a profunda beleza das leis universais. Ao sopro inteligente da vontade divina, condensa-se a matéria cósmica no organismo do Universo. Surgem as grandes massas das nebulosas e, em seguida, a família dos mundos, regendo-se em seus movimentos pelas leis do equilíbrio, dentro da atração, no corpo infinito do cosmo.
O ciclo da evolução apresenta aí um dos seus aspectos mais belos. Sob a diretriz divina, a matéria produz a força, a força gera o movimento, o movimento faz surgir o equilíbrio da atração e a atração se transforma em amor, identificando-se todos os planos da vida na mesma lei de unidade estabelecida no Universo pela sabedoria divina.
22 – A substância é igual em todos os mundos? Como compreender a revelação dos espectroscópios?
– Reconhecido o axioma de que o Universo obedece a uma lei de unidade, somos obrigados a reconhecer que o que se encontra no todo existe igualmente nas partes.
Contudo, o espectroscópio não vos poderá revelar todas as substâncias que se encontram nos outros mundos, e não podemos esquecer que a Terra é um apartamento muito singelo dentro do edifício universal, sem que possamos conhecer, pelos seus detalhes modestos, a grandeza infinita da obra do Criador.
23 – Existe uma lei de equilíbrio e uma lei de fluidos?
– As grande leis gerais do equilíbrio têm a sua sede sagrada em Deus, fonte perene de toda vida. E, em falando da lei de fluidos, cada orbe a possui de conformidade com a sua organização planetária.
Com relação ao plano terrestre, somente Jesus e os seus mensageiros mais elevados conhecem os seus processos, com a devida plenitude, constituindo essa lei um campo divino de estudos, não só para a mentalidade humana, como também para os seres desencarnados que já se redimiram dos labores mais grosseiros junto dos círculos da carne, a fim de evolutirem nas esferas mais próximas do cenário terrestre.
24 – As leis da gravidade são análogas em todos os planetas?
– As leis da gravitação não podem ser as mesmas para todos os planetas, mesmo porque, em face da vossa evolução científica, já compreendeis que os princípios newtonianos foram substituídos, de algum modo, pelos conceitos de relatividade, conceitos esses que, por sua vez, seguirão, igualmente, o curso progressivo do conhecimento.
25 – O teledinamismo é aplicado nas relações entre os planos visível e invisível?
– Sendo o teledinamismo a ação de forças que atuam à distância, cumpre-nos esclarecer que, no fenômeno das comunicações, muitas vezes entram em jogo as ações teledinâmicas, imprescindíveis a certas expressões do mediunismo.
26 – Ante os princípios da Física, como poderemos compreender o magnetismo e quais as suas características no intercâmbio entre encarnados e desencarnados?
– O magnetismo é um fenômenos da vida, por constituir manifestação natural em todos os seres.
Se a ciência do mundo já atingiu o campo de equações notáveis nas experiências relativas ao assunto, provando a generalidade e a delicadeza dos fenômenos magnéticos, deveis compreender que as exteriorizações dessa natureza, nas relações entre os dois mundos, são sempre mais elevadas e sutis, em virtude de serem, aí, uma expressão de vida superior”.
Nota: de meu livro, inédito: "Deduções Filosóficas e Induções Científicas das Existência de Deus".
(Weimar Muniz de Oliveira, wei[email protected])