Estamos perdidos, desorientados, desorganizados, talvez sem esperança ou expectativas, por que digo isso, porque basta olhar para nossa sociedade brasileira atual e nossa pesquisa eleitoral presidenciável. Lembrando-se do grande historiador do século XX Eric Hobsbawm e parafraseando-o: continuamos vivendo a era dos extremos. De um lado a população pede de volta um condenado por corrupção, do outro um deputado de carreira que nunca fez nada pela população, a não ser enriquecimento, e talvez ilicitamente, tendo como solução para os problemas brasileiros armar toda a população como no velho oeste ou matar todos os bandidos que parece ser o mais grave, pois talvez além das crianças não sobre ninguém.
Parece que nós brasileiros não gostamos muito do debate, da boa e velha discussão, do bate papo e da troca de ideias para alcançar soluções possíveis. Gostamos mesmos é da violência por violência, espancar por espancar, matar por matar, por quê? Ah não interessa, merecia. De tudo isso surge às frases idiotas: bandido bom é bandido morte, sempre que ouço isso eu peço a definição de bandido. Quais bandidos queremos mortos? O negro, pobre, favelado ou também queremos os brancos, ricos, moradores de suas mansões? Aqueles que desviam milhões dos cofres públicos e matam milhões nas filas dos hospitais.
Não consigo entender nossa sociedade, pois políticos desviam milhões, bilhões e são reeleitos, pelos mesmos que querem os bandidos mortos.
Fica clara a nossa falta de leitura e pesquisa que é algo natural do ser humano. A pesquisa faz parte da nossa construção social para o mínimo problema do cotidiano. Na leitura de uma bula de medicamento, na pesquisa de preços na compra semanal. A leitura é fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade, não vemos uma proposta sólida, plausível e real para educação. Não é a toa que ainda somos um país com alto índice de analfabetismo e com um número absurdo de alunos e alunas universitários analfabetos funcionais.
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) apontou que levaremos 260 anos para equipará o nível de qualidade de leitura dos estudantes brasileiros com os estudantes de países mais ricos. Absurdo? Absurdo é dar aula em faculdade e o aluno não conseguir ler e entender um texto de simples compreensão, absurdo é ter alunos no 9º ano que não ler e muito menos escreve.
Segundo pesquisa do Estadão indica que o brasileiro lê apenas 4,96 livros por ano – desses, 0,94 são indicados pela escola e 2,88 lidos por vontade própria. Do total de livros lidos, 2,43 foram terminados e 2,53 lidos em partes. A média anterior era de 4 livros lidos por ano. Os dados integram a quarta edição da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil.
A Exame aponta o índice de brasileiros que prefere ler no seu tempo livre caiu de 36% entre 2007 para 28% em 2011. É o que aponta a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada pelo Instituto Pró-Livro. O estudo tem como objetivo identificar os hábitos e as preferências dos leitores brasileiros. Assistir televisão continua sendo a atividade preferida e foi escolhida por 85% dos entrevistados. Em seguida aparecem escutar música ou rádio (52%), descansar (51%) e reunir-se com amigos e a família (44%). Cada entrevistado escolheu até cinco opções.
É desta forma que a maioria da população se produz enquanto agente social, elaborando seu próprio conhecimento popular. Diante de tudo isso, percebemos que nos países mais avançados o saber comum da população é mais aprofundado, seus projetos são mais elaborados, ao se comparar com o Brasil.
Precisamos de homens e mulheres que tenham propostas verdadeiras e sólidas para o que sempre é tema de campanha, educação, saúde e segurança.
Precisamos repensar a nossa postura, nossos pensamentos, repensar a nossa moral. Precisamos lutar contra a nossa ignorância, nosso jeitinho brasileiro que não tem nos levado a lugar nenhum.
Nesse momento tão importante para todos nós é necessário, um pouco de reflexão, discussão e um bom dialogo.
Não podemos discutir apenas entre o condenado e o candidato sem proposta, analisemos outras candidaturas.
Durante 450 o brasil foi pressionado a copiar o modelo europeu, há 50 anos tem copiado o dos Estados Unidos. Então percebemos que agora que os EUA e a Europa estão em profunda crise, o brasil está sozinho consigo mesmo e é obrigado a desenvolver seu próprio modelo que pode ser valioso para o mundo inteiro.
Para o “país do futuro” como sempre foi dito, o futuro chegou.
(Francisco Neto, professor universitário e psicanalista)