Faz trinta anos de um encontro de jornalistas pela paz. Foi em Florianópolis, dezembro de 1998. Dali saiu uma carta, uma declaração de amor aos seres humanos homens e mulheres, crianças e idosos, jovens e adultos, nativos ou migrantes e negros, brancos, amarelos, vermelhos. Quem faria outra declaração hoje já no século XXI? Vocês viram nas tevês, rádios, internets, jornais e revistas dados divulgados sobre a crescente violência com mais de 63.800 mortes violentas de mulheres e homens nas cidades e nos campos. São milhares de mortes, feminicidios, confrontos, desaparecimentos, sumiços, abandonos, denúncias inconclusas, inquéritos arquivados, testemunhas amedrontadas, ameaças, mães e avós, irmãos primos, amigos com medo muito medo por causas de pressões descabidas de agentes públicos e ou gangues da bandidagem. Vejam todas as mulheres e homens de Goiás, Brasil, América, Europa, Ásia e Oceania como o mundo está. Também nós agora assinaríamos textos com estes feitos há 30 anos? Jornalistas, sociólogos, artistas, assistentes sociais, professores/as, policiais, médicos, psicólogos, motoristas, enfermeiros, futebolistas, físicos, botânicos, fonoaudiólogos, assentados, acampados, por terra e água para matar a sede e a fome do povo urbano e rural e aquático? Quem está ainda com esperança de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno? O que fazer? Vamos ler a declaração e dizer que temos sim esperança de uma sociedade solidária que sempre adote o respeito e ponha em pratica os direitos a vida. Direitos humanos sociais, políticos, econômicos, culturais e ambientais. Direitos e deveres individuais subordinados aos direitos sociais, vizinhos, comunitários, cheios de amizade, gentilezas, amores mil, poesias, letras e comunicações libertadoras.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de viver e de sonhar com um planeta mais justo e pleno de dignidade e de amor.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de brincar na chuva e soltar barquinhos de papel nas sarjetas e enxurradas.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito a uma educação que forme seres humanos livres, criadores, inventores e produtores de novos conhecimentos.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de construir a sua própria "Constituição", escolhendo os valores para nortear uma conduta pessoal solidária e fraterna.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de estabelecer relações humanas amparadas na fraternidade e no respeito à diferença.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de se encontrar pelos caminhos que levam à festa e à fruição da vida e da alegria.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de escutar o Outro e comungar de suas esperanças e sonhos.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de plantar girassóis para que todas as tardes sejam de primavera.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de descobrir o sorriso ou a dor que mora no Outro.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de ser, ao mesmo tempo, flor e beija-flor, para provar da doçura que é a natureza do Outro.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de habitar em casas que sejam como corações abertos, acolhedoras e sem trancas, onde sempre brilhe a luz da fraternidade.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de construir dentro de si mesmas um templo para o seu Deus, na forma em que O conceberem.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de se embriagar de paixão e de se "jogar nos precipícios para colher morangos", somente saboreados por aqueles que ousam se atirar para além de todas as limitações impostas.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de não morrer de saudade e de percorrer os caminhos que levam ao encontro e aos beijos dos amantes.
- Todas as pessoas do mundo têm direito de que o trabalho seja um campo em que floresça a dignidade humana, sempre no horizonte de servir e amar o Outro.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de serem os guardiões dos portões do Jardim da Humanidade.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de saborear os frutos coloridos e suculentos da sabedoria, da arte e da ciência sem precisar dar dinheiro em troca.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de não serem medidas por suas posses.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de se expressar livremente, impregnando a palavra de paixão transformadora.
- Todas as pessoas do mundo têm direito à comunicação e à informação para construir um mundo baseado na igualdade entre homens e mulheres.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de acreditar que a unidade, com respeito às diferenças dos povos, é não somente possível, mas inevitável para alcançar a paz mundial.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de saber a verdade sobre os caminhos e os roteiros que levam à liberdade e à dignidade.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de conviver amorosamente com os animais e com todos os seres da natureza que estão na Terra.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de transformar os muros que as separam em praças onde todos se encontrem para celebrar a cidadania e a solidariedade.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de errar e serem amparadas carinhosamente na retomada da vontade de crescer e aprender mais e mais.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito a não mais ter medo das palavras Paz e Amor.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de cultivar a terra e dela receber o alimento sagrado para o sustento do corpo e da alma.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de chorar de alegria.
- Todas as pessoas do mundo têm o direito de receber tratamento humano na saúde e na doença e de fazer escolhas livres e conscientes sobre tudo que envolva a vida e a morte.
- Todas as pessoas do mundo que não sonham estes sonhos têm o direito de serem tocadas no coração para que desejem também caminhar na beleza...
Encontro de Jornalistas para a Paz
Florianópolis, dezembro de 1998
Encontro de Jornalistas para a Paz. Florianópolis, dezembro mês de Jesus Cristo e de todos homens que declararam ao longo da história amores a todos os seres humanos ontem, agora e sempre pelo planeta e universo cheio de vida, igualdades, oportunidades e realizações como estão caminhando agora o acampamento Santa Dica para o Rio Corumbá que tantos cascalhos revelam para Brasília, para o mundo todo, mensagens, declarações de eleições, trabalho, escolas, universidades, músicas pelas liberdades, fraternidades, igualdades, és um mundo novo, nosso. Avós, mães/pais, filhas e filhos, netos e netas, eleitores elejam gente comprometida com a vida digna, de ser vivida com diversidade, pluralidade, ciência, fé, esperança, sonhos, utopias. Corações nas bocas. Pernas nas estradas da vida, mãos à obra pela caminhada de todas as juventudes que querem mais amores e mais paz, mais cooperações, contribuições por um livre e sempre solidário e igual, ainda é tempo. Há tempo para construirmos juntos uma nova sociedade. Creio em Deus e na história libertadora.
(Pedro Wilson Guimarães, professor da UFG e da PUC-Goiás – Sociologia e Política 1968-2010. Foi secretário de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas da Prefeitura de Goiânia – 2015/2016. Foi vereador, deputado federal e prefeito de Goiânia – 1994 a 2011/PT. Coordenação do Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino)