O luminar cientista Albert Einstein cunhou duas frases tão sabias quanto reciprocamente complementares: toda dificuldade é janela de oportunidades superadoras, assim como loucura é querer resultados diferentes, fazendo-se sempre as mesmas coisas. Em seu artigo de 09/08/18, o renomado articulista do DM e ex-desembargador do Tocantins Liberato Póvoa continua afrontando a turba malta barulhenta do continuísmo, firme no seu desiderato de endireitar o país. Esse indômito magistrado por si só é um homem despojado, para frente, que trabalha, resistindo ao canto da sereia, ate o dia em que o Brasil sair da idade média e ingressar na modernidade democrática. A maçaroca de emendas e artigos da constituição que ainda não foi regulamentada, de maneira que não dá para saber direito o que vale e o que não Vale é, segundo esse onómata jurista, uma campanha pela ilegalidade: “Vai haver muita frustração nestas eleições de 2018 para quem aposta numa substancial renovação no Congresso e nas Assembleias legislativas. Parece que a intenção da lei é exatamente manter empoleirados os que lá já estão, afirmou. A cultura brasileira ainda é de acreditar no conto do vigário, de concordar com as coisas erradas, a começar pela ambição de mentira contada ao público. Essa novena foi encomendada para sabotar o que ainda resta da nossa escassa legalidade. As regras do jogo eleitoral favorecem quem já tem mandato, pois enquanto os candidatos comuns tiveram seu tempo de propaganda eleitoral reduzidos à metade, os detentores de cargos efetivos dispõem de todo o mandato para fazer propaganda explicita e oprimida pela legislação, num entrevero desigual criado apenas para beneficiar os que já são beneficiados. Há desatinos mais caros na ampla renovação na composição do Congresso Nacional nas eleições desse ano, como querem as redes sociais. Esse contorcionismo político, desprovido de senso de responsabilidade vai frustrar os seus partidários. A autodestruição do país continua com os escândalos de corrupção que desgastaram políticos e partidos tradicionais vaticinando que haverá poucas caras novas em Brasília a partir de 2019. Os candidatos mais revelantes não aparecem para condenar a ruína extra, não articulam resistência ao embrulho, não se valem da ocasião para reformar programas de mudança. Nenhuma surpresa maior ai. Quase como de hábito, ainda mais em votação pré-eleitorais, não há debate nacional algum, mesmo entre as elites, dos votos dos partidos e das decisões parlamentares, seus arranjos clientelísticos em grandes escala. Tratar dessa rotina destrutiva parece ingenuidade juvenil, tola. O jogo de profissionais continua. O instinto de sobrevivência do establishment é notável. Como arguto observador do Congresso, afirma que teremos a menor renovação políticas das últimas sete eleições. Cita três razões: redução do tempo de campanha de 90 para 45 dia que privilegia políticos já conhecidos: redução de horário eleitoral gratuito de 45 para 35 dias: e financiamento público. Segundo ele, os deputados e senadores são favorecidos por: disputar no exercício do mandato serem mais conhecidos, terem serviços prestados e bases eleitorais consolidado, cabos eleitorais, dobradinhas, financiadores, acesso à mídia, estrutura de campanha e emendas parlamentares que garantem o apoio dos beneficiados pelo orçamento da União.” Vez por outra, “a justiça eleitoral promove uma reforma meia-sola, apenas para consolidar a posição dos que a aprovaram. Isto vem ocorrendo sempre às vésperas de eleições”. A política dos cidadãos nunca foi tão vigorosa, mas eleitoralmente não resulta na formação de coalizões políticas robustas o suficiente para romper a blindagem das velhas estruturas partidárias e oligarquias políticas. Urge que esta lei eleitoral seja mudada e consolidada à margem dos casuísmos ou estaremos para sempre fadados aos casuísmos perpetuando no poder aqueles que não queremos mais que nos representem, vaticina.
(Edvaldo Nepomuceno, escritor)