Um texto de excelente contexto, que ao impressionar-me pela simplicidade da explicação sobre um assunto tão complexo e que vem a cada dia dominando o mundo e que confirma a assertiva de William Shakespeare de “Que há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia...” E eu não poderia deixar de compartilhá-lo com os leitores do Diário da Manhã, mesmo porque trata-se de um assunto que versa sobre o que ocorre em nosso dia a dia no trabalho, no lar, no automóvel ou por onde quer que andemos.
Para iniciar o entendimento sobre o mundo invisível que nos cerca, devemos nos reportar para quando tudo começou, ou seja em 1900, quando o físico alemão Max Planck introduziu a ideia de que a energia era enviada em “pacotes” chamados quanta (meio que parecido com a transmissão de dados pela internet), com o fim de derivar uma fórmula para a dependência da frequência observada com a energia emitida por um corpo negro. Em 1905, Einstein explicou o efeito fotoelétrico por um postulado sobre que a luz, ou mais especificamente toda a radiação eletromagnética pode ser dividida num número finito de “quanta de energia”, que são localizados como pontos no espaço.
A Física Quântica surgiu como a tentativa de explicar a natureza naquilo que ela tem de menor: os constituintes básicos da matéria e tudo que possa ter um tamanho igual ou menor. Em outras palavras, pense o seguinte: tudo o que é maior do que um átomo está sujeito a leis da física que chamamos de “física clássica”. Por exemplo, elas sofrem a atração da gravidade, as leis da inércia, ação e reação, e por aí vai. Mas quando analisamos tamanhos menores que um átomo, tudo muda e as regras da física clássica já não valem mais. Foi preciso então admitir que erma necessárias outras leis para lidar com essa realidade e, também, uma física totalmente nova, que ficou conhecida como Física Quântica.
Nosso dia ocorre numa escala dita macroscópica (tudo aquilo que podemos ver a olho nu, por assim dizer). São os objetos que podemos enxergar sem a ajuda de lentes ou microscópios atômicos. A física quântica lida com coisas muito tremendamente pequenas. Muitíssimo menores que um milímetro. Existem várias partículas do átomo, como os nêutrons (que contém uma carga neutra e são formados por três quarks) e prótons (carga positiva, também formados por três quarks), juntos eles formam o núcleo atômico.
O mundo em que vivemos é feito de átomos. Os átomos são feitos de coisas ainda menores chamadas quarks e elétrons. Ainda não sabemos se os quarks são feitos de coisas ainda menores. Os átomos, elétrons, quarks e outra coisa tão pequena que ainda não sabemos muito sobre ela, chamada fóton, têm comportamentos bizarros de vez em quando: nunca podemos saber exatamente onde estão. Não é por falta de instrumentos potentes, é uma lei da física, chamada Princípio da Incerteza de Heinsenberg, que diz que nunca saberemos a exata posição das coisas. Nunca saberemos onde os elétrons de um átomo estão exatamente. Nunca. É algo estranhíssimo, mas é a verdade. Há elétrons que, inclusive, somem de um lugar e reaparecem em outro, algo como um teletransporte. Não dá para ver que caminho seguiram para ir de um lugar a outro, só sabemos que eles fazem isso.
No mundo macroscópico, o “nosso” mundo, ondas são muito diferentes de objetos. Porém, se tivéssemos o tamanho de átomos, tudo se comportaria como uma onda de vez em quando e como uma partícula outras vezes. Essa foi uma das consequências mais bizarras da física quântica.
Há átomos, como o de Urânio que, do nada, explodem. Nunca sabemos que átomos vão explodir, ou quando, só sabemos que alguns vão e outros não. Aparentemente, nada faz eles explodirem, mas eles explodem. Dizem que irritou tanto a Einstein que foi aí que ele pronunciou sua famosa frase “Deus não joga dados com o universo”.
Muito embora a Física quântica seja esquisitíssima, e ainda por cima seja, como gostam de apontar alguns (sempre aqueles que não conhecem nada de ciência), “apenas uma teoria”, sem ela não teríamos os avanços da nossa tecnologia atual. Até o computador, smartphone ou tablet no qual você está lendo esse texto deve muito à mecânica quântica em algum nível.
É Deus se manifestando e contribuindo com a evolução da humanidade. “Quem tem ouvidos que ouça, quem tem olhos que veja!”
(José Cândido Póvoa, poeta, escritor e advogado. Membro fundador da Academia de Letras de sua terra natal, Dianópolis – GO/TO)