A arte provoca os sentidos humanos, questiona os valores mais arraigados, provoca prazer e desenvolve possibilidades sensitivas no humano. Ela estrutura em uma obra as questões da vida humana, que em um determinado contexto passam despercebidas diante de nossos olhos. Isso deixa o homem mais suscetível à transformação, sendo assim, podermos afirmar que a arte contribui para o desenvolvimento humano. O exercício da arte tem um potencial criativo por si, se pretendemos uma educação intelectual mais humanizada, a necessidade da arte é, ainda, crucial para desenvolver no educando a percepção e imaginação, para captar a realidade circundante e desenvolver a capacidade criadora necessária à modificação dessa realidade (BARBOSA, 1994 p.5).
A arte está em constante jogo e o homem se completa no jogo, é nesse jogar do ser que venho falar de uma arte e sua importância no ensino aprendizagem: a palhaçaria. Mas o que é palhaçaria? Segundo Wagner Costa ““a palhaçaria” é a arte brincante de vestir e de pintar a alma, o corpo e as coisas com a sábia e saudável alegria inocente e libertadora de um palhaço.” É também a arte de “[...] incorporar o espírito dos palhaços e soltar a imaginação, seja nas palavras, nos sons, nos desenhos, nas imitações”, por isso, contribui para o desenvolvimento cognitivo e afetivo do ser.
No processo de ensino e aprendizagem existem vários caminhos metodológicos capazes de potencializar os saberes de forma poética em qualquer disciplina. Um dos caminhos palhaçaria- teatral. Lembro-me das minhas experiências como professor na sala de aula, nas disciplinas de arte, história e geografia, essa última em que criei o geo-teatro e como artista, com teatro do oprimido nas periferias, isso tudo iniciada em 1987. A partir da data mencionada, venho pesquisando teatro-palhaçaria e suas contribuições para desenvolvimento poético do ser no processo educativo e na formação enquanto ator e palhaço. O objetivo é extrair dessas artes instrumentos pedagógicos para o saber dialético no processo de ensino e aprendizado.
Foi nesse contexto de experiências que criei o curso, a palhaçaria na sala de aula no estado criativo, pelo Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte-Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte. O objetivo do curso é provocar uma prática e consciência filosófica, corpórea e política do professor que deseja apropriar das técnicas de palhaçarias, dentro do seu processo de ensino e aprendizagem, enquanto educador, artista e cidadão na poética da sala de aula. Além disso, consideramos o ser do palhaço e suas perfomance, e o professor na situação de palhaço, através do corpo cômico no processo cognitivo e afetivo na sala de aula e criar o coletivo ciranda dos palhaço com a comunidade ,artistas e educadores.
Criar um ambiente de um jogo palhaço no processo da aprendizagem requer equilíbrio e conhecimento no que consiste na arte da palhaçaria. É preciso um olhar poético e hermenêutico diante do trabalho a ser proposto e que o professor seja codificador e coletador do jogo brincante de ideias para que ele possa criar elementos, para o desenvolvimento do potencial do aluno. O jogo é toda a ocupação sem qualquer outra finalidade que não seja a ocupação em si mesma. O jogo “[é] uma atividade fortuita e infinitamente flexível que nos brinda uma oportunidade para ampliar e reorientar tanto a mente com o espírito”. O jogo da palhaçaria teatral tem esse víéis, com a possibilidade da busca constante do estado criativo, em um processo de produção poética do ser, fazendo ciência através do jogo brincante com doçura e transformando a sala de aula em espaço de prazer e poesia.
Esse trabalho não consiste em formar palhaço, mas através de sua técnica e descoberta, ele se transforma em aliado no ensino aprendizado na educação. Sabemos que o palhaço lida com seus fracassos, está sempre entrando em problemas que tenta resolver ao seu modo. Diante disso, o palhaço está sempre nos levando através do riso a uma aprendizagem de busca e, assim, desata os problemas da vida e nos ensina a sempre luta, pois o palhaço está em eterna luta, brincando com sua situação, tentando sair das complicações que ele mesmo criou. As esquetes de palhaços nos mostram em seu processo constante a busca desse desatar de criar e resolver problemas, o palhaço está sempre rindo de si mesmo, como seu riso faz tudo se tornar mais fácil para solucionar seus problemas. É claro que essa proposta de trabalho requer um domínio do professor palhaço na sala de aula, uma compressão e um estudo minucioso e ainda o cuidado na utilização da técnica palhaçaria em seu processo pedagógico. Experimentar... Esse é dos caminhos e é preciso ir mais além encontrar os ser no estado físico e espiritual, descobrir o palhaço, em você ,se jogar, transformar em conhecimento em aprendizado e em seguida é ação-reflexão dialética
No processo de ensino e aprendizagem existem vários caminhos metodológicos capazes de potencializar os saberes de forma poética em qualquer disciplina. Um desses caminhos é o brincar. Em relação à brincadeira, Vygotsky (1991, p.35) afirma que: “[é] uma atividade humana criadora, na qual a imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ações pelas crianças, assim, como de novas formas de construir relações sociais com os outros sujeitos, crianças e adultos”. Os estudos de Piaget e Vygotsky nos levam a refletir sobre o significado do jogo simbólico e do brinquedo na infância. O lúdico propicia à criança o desenvolvimento das estruturas cognitivas, a construção de personalidade, o intercâmbio do cognitivo com o afetivo, o avanço nas relações interpessoais, nas interações e no conhecimento lógico matemático, a representação do mundo e o desenvolvimento da linguagem. Sendo assim, ressaltamos sobre a importância do jogo da palhaçaria brincante na formação do individual.
Finalizamos a primeira turma em Goiás de palhaçaria na sala de aula... Além dos conteúdos do curso, eles tiveram aulas de palhaçaria musical com o musico, doutor pela USP Marcos Rossett.Como resultado montamos o espetáculo ciranda dos palhaços que apresentou em varias escolas .Acreditamos Sempre que pessoas não tiverem contato direto com aquilo que precisa ser feito; nada poderá ser feito, dizia Paul Goodman, e sem o desejo de aprender a aprender não é possível lançar voos transformadores. Um desses saberes libertadores é a arte da palhaçaria. A palhaçaria teatral é um atividade cultural , é um campo privilegiado para descobrir a nós e o mundo, através do processo artístico nos descobrimos humanos no ser
O Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte-Seduce cuja atual diretora é a Luz Marina (uma mulher lutadora), é um marco na história de Goiás no que diz respeito ao trabalho com a arte como processo libertador, potencializador com todas as linguagens artísticas, acreditando a importância de apreciar, experimentar, apropriando da realidade para poder transformá-la com afeto, inteligência, sabedoria e doçura. Toda equipe do ciranda arte estão de parabéns , vem transformando a arte em Goiás
(Marlos Pedrosa, palhaçator Pequi, escritor com três obras publicadas, professor de teatro e palhaçaria no Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte-Seduce e professor de teatro no Cepi-Juvenal José Pedroso, diretor do grupo Pau a Pique e da Cia Brinkatores. marlos[email protected])