Antes de tentar fazer jus ao título escrevinhando sobre os oceanos, a água salgada, gostaria de mencionar que, agora mesmo, coincidentemente, ouvi na “Rádio CBN”, que a “Sabesp - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo” reduzirá a captação do “Sistema Cantareira”, de 21.000 para 17.000 litros de água por segundo. O misericordioso leitor assíduo sabe o quanto prezo a água tanto que escrevi uma série para este matutino vanguardista, constituída de uma dúzia de capítulos intitulada de “A Água” aonde afirmo que ela, quando “brota” duma cacimba, mina, cisterna, não é insípida e nem inodora, como aprendemos na escola, até a água da chuva possui identidade, odor, tanto que podemos escolher o gosto pelos rótulos das engarrafas expostos nas gôndolas, nas prateleiras dos mercados e padarias, enfim, os problemas críticos envolvendo a poluição da água me chamam a atenção desde quando eu pescava descalço batendo peneira nos riachos à volta de casa, na Vila Tibério, em Ribeirão Preto, mas, voltando para o “presente”, não teve jeito, não me contive e peguei o celular – que parece estar “virando tudo” – para calcular a “captação anual”, bem, retirando 21.000 litros de água por segundo capta-se, em 365 dias, um ano, 662.256.000.000, seiscentos e sessenta e dois bilhões, duzentos e cinquenta e seis milhões de litros por ano, são números astronômicos não é mesmo misericordioso leitor? Quase deu o número da “Fera”, o “666”, credo e outra coisa que o escrevinhador ia esquecendo, ele mencionou, na série a “A Água” que, por incrível que pareça, entre os mais de 220 países do planeta somente 5 são autossuficientes no produto, lógico, a água. O Brasil é o mais privilegiado deste seletíssimo e pequeniníssimo grupo, inclusive com os maiores aquíferos do mundo, entretanto, o misericordioso leitor tem observado a cor e o cheiro, aliás, o fedor asqueroso, insuportável das águas dos ribeirões que “cortam” as nossas cidades cortando os nossos corações inconformados. Este tema desgraçado me deixa abalado, assustado bem, acabei por estender-me por demais neste primeiro parágrafo, mesmo ciente que parágrafos longos costumam afugentar alguns leitores, entretanto, não tenho jeito mesmo, já virou práxis eu tergiversar e lavar, até, “roupa suja fora de casa” quando se trata de discorrer sobre o líquido mais precioso e imprescindível à sobrevivência da humanidade, então, vou deixar para escrevinhar sobre o lixo, nos mares, na água salgada, no próximo artigo, entretanto, gostaria que o misericordioso leitor constatasse no “Oráculo do Novo Milênio”, no “Google”, que a quantidade de objetos plásticos boiando nos oceanos é de 5.250.000.000.000, cinco trilhões mais duzentos e cinquenta bilhões de sacos de lixo, sacolinhas de supermercados, copos, copinhos de café, garrafas, canudos, colherinhas, faquinhas, garfinhos, meu Deus acuda-nos. Até!
(Henrique Gonçalves Dias, jornalista)