A região do Entorno do Distrito Federal cresce muito e de forma desordenada, infelizmente. Águas Lindas, cidade a 20 km de Brasília, por exemplo, embora os números de 2017 apontem uma população de cerca de 200 mil pessoas, na realidade, já tem mais de R$ 300 mil habitantes e é hoje a sexta cidade do Estado de Goiás em número de moradores. Assim como as demais cidades daquela região, Águas Lindas sofre com a falta de infraestrutura e segurança.
Não é difícil encontrar ali obras paralisadas e que aguardam, há décadas, a conclusão que nunca chega. Apenas em Águas Lindas, são oito escolas estaduais inacabadas, algumas há mais de 10 anos em construção, que se estivessem em pleno funcionamento poderiam, no curto e longo prazo, resolver definitivamente vários problemas de ordem social que afligem o município.
Noutro ponto da cidade, uma grande construção também paralisada, onde deveria estar funcionando um dos maiores hospitais de Goiás, é o retrato do descaso do poder Estadual com os moradores da região. Em Santo Antônio do Descoberto, também município do Entorno, a construção de um outro hospital de grande porte se arrasta há décadas. Enquanto o poder público fecha os olhos para os problemas da região, a população amarga o descaso e segue a lida diária na expectativa de que um dia a coisa mude de figura.
A Rede Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride), criada em 1998, originalmente contemplou o Distrito Federal, 18 cidades de Goiás e três de Minas Gerais e teve o próposito de fomentar o desenvolvimento econômico e social da região, priorizando aspectos como saneamento ambiental, educação, turismo, segurança pública, saúde, habitação, geração de empregos, proteção ao meio ambiente, serviços de telecomunicação, infraestrutura, entre outros fatores.
Recentemente, o Senado Federal aprovou a inclusão de mais dez municípios de Goiás e dois de Minas Gerais à Ride. De acordo com a Lei, ficou o poder executivo Federal autorizado a instituir o Programa Especial de Desenvolvimento do Entorno do Distrito Federal, a fim de, mediante convênio, criar normas e critérios para unificação de procedimentos relativos aos serviços públicos, que permitiriam, entre outros, a abertura de linhas de crédito para atividades prioritárias, além da concessão de isenções e incentivos fiscais, em caráter temporário, de fomento a atividades produtivas em programas de geração de empregos e fixação de mão de obra.
Na prática, no entanto, pouco se avançou na implementação destes programas sociais e pouco ou quase nada é usufruido pela população das cidades integrantes da RIDE dos beneplácitos da Lei. A plena execução destes programas esbarra na boa vontade e no interesse dos governantes que, por ação ou omissão, contribuem para a continuidade da vida difícil da população, que permanece carente e órfã do poder público.
Como deputada federal, fiz uma série de incursões pelas cidades do Entorno e destinei várias emendas aos municípios da região. Em Águas Lindas, por exemplo, consignei recursos da União para o Conselho Tutelar da cidade, o que permitiu a aquisição de um veículo para a instituição. Aliás, é o mesmo que está sendo usado até hoje.
Na área da segurança pública, envidei esforços para levar à região a segurança necessária para a proteção dos moradores. Fiz várias audiências públicas naquelas cidades e, acompanhada da Força Nacional de Segurança, discutimos estratégias para diminuir a violência no Entorno. Infelizmente, o trabalho não teve continuidade.
É preciso o olhar atento sobre as cidades do Entorno, uma região de gente trabalhadora e valorosa, mas que pena com o descaso do poder público, principalmente o Estadual e Federal. É preciso cuidar dessa gente, que busca, diuturnamente, o sustento através do trabalho digno, mas que não encontra nos governantes a contrapartida necessária para o pleno exercício de sua cidadania.
(Dona Iris de Araújo, PMDB, primeira-dama de Goiânia)