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OPINIÃO

Viagem à Terra Natal - II

Dia 17, quar­ta-fei­ra. Sa­í­mos de Cor­ren­te às 7:30h. Boa par­te da es­tra­da es­tá pés­si­ma; e ou­tras, ra­zo­á­veis.

  1. Pas­sa­mos por Gil­bu­és, que, nos anos qua­ren­ta, foi a Me­ca dos di­a­man­tes e de cris­tal. Fa­ze­mos uma pau­sa na Fa­zen­da “Paus”, on­de to­ma­mos água e re­fri­ge­ran­te.


A se­guir, “Re­den­ção”. Dei­xâ­mo-la à di­rei­ta.

De­pois, “Bar­ra Ver­de, pre­nún­cio de ci­da­de.

Lo­go adi­an­te, di­vi­sa­mos mi­nha ci­da­de na­tal, - Bom Je­sus. São 12:30h.

Al­mo­ça­mos no “Sa­bor da Ter­ra”, res­tau­ran­te de uma mo­re­na sim­pá­ti­ca, Ni­ze­te.

E se­gui­mos vi­a­gem.

Che­ga­mos a Cris­ti­no Cas­tro, an­ti­ga No­va La­pa, às 15h.

A ‘Pon­te dos So­nhos’, de ver­ga­lhões de me­tal, a 5-Km de Cris­ti­no Cas­tro, on­de abas­te­ce­mos os ve­í­cu­los, - o meu e o do Wal­ter, am­bos a meu ser­vi­ço, e de mi­nha pro­pri­e­da­de. . Che­ga­mos a Pal­mei­ra do Pi­auí às 16h. Na pra­ça, en­con­tra­mos Val­de­ci e Ol­ga, sua es­po­sa, am­bos meus pri­mos, ma­ri­do e mu­lher. Ele, fi­lho de Tio Chi­co­zi­nho, ir­mão de Ma­mãe. Ela, fi­lha de Tio Al­fre­do

  1. Lo­go após, va­mos vi­si­tar o tú­mu­lo de Ma­mãe, no Ce­mi­té­rio da Fa­mí­lia, pou­co adi­an­te de Pal­mei­ra. Fi­ca num ter­re­no se­mi-bal­dio, com al­guns tú­mu­los sob um lou­rei­ro, um ja­to­bá, um ja­ca­ran­dá, um pau-d’óleo. Afi­xo a pla­ca que trou­xe, fun­di­da em alu­mí­nio, com os se­guin­tes di­ze­res:


“Á mais pu­ra, mais san­ta, mais amo­ro­sa das mã­es, Lu­zia Bor­ges Le­al, - dos fi­lhos di­le­tos Li­cí­nio, Cel­so, Ozi­res, Rai­mun­da (Di­di), Ma­ria Lê­da, Ma­ria de Lour­des, Rai­mun­do, Eve­gis­ta (Vi­vi). Pal­mei­ra do Pi­auí, ju­lho de 1996”. Fa­ço uma pre­ce si­len­cio­sa. E, após, um Pai Nos­so, uma Ave Ma­ria, e uma Sal­ve Ra­í­nha, de mãos da­das com to­dos os pa­ren­tes pre­sen­tes. De­pois que to­dos se re­ti­ram, ajo­e­lho-me e agra­de­ço a mi­nha mãe pe­lo que sou; pe­ço a Deus que a con­ser­ve no seu seio ge­ne­ro­so.

  1. Com a vi­si­ta de ago­ra, re­a­li­zo um so­nho de 51 anos: Mi­nha mãe fa­le­ceu em 1945. E eu não pu­de com­pa­re­cer a seu ve­ló­rio, nem as­sis­tir a seu se­pul­ta­men­to. Nin­guém te­ve a ini­ci­a­ti­va de me le­var a ela pa­ra o úl­ti­mo ade­us. E só ho­je pu­de cum­prir com es­te sa­gra­do de­ver fi­li­al. Por tu­do is­so, é o dia mais im­por­tan­te de mi­nha vi­da. Com­bi­no com o Val­de­ci a ro­ça­gem, a car­pi­na e a cer­ca no Ce­mi­té­rio de Ma­mãe. E re­co­men­do que es­te­ja tu­do con­cluí­do, to­do o ser­vi­ço, até a pró­xi­ma se­ma­na. E lhe dou au­to­no­mia pa­ra es­ta­be­le­cer pre­ço. Quan­do vi­er re­ce­ber o ser­vi­ço, acer­to tu­do
  2. Vi­si­ta­mos Tio Chi­co­zi­nho, ir­mão de Ma­mãe, que, a 14 do mês cor­ren­te, com­ple­tou 94 anos.


O se­nhor es­tá bem no­vo! - Di­go-lhe, com fir­me­za. Ao que ele re­tru­ca, com tran­qüi­li­da­de: O cor­po es­tá vi­vo, mas o cor­po es­tá mor­to, - res­pon­de o tio no­na­ge­ná­rio. Dou-lhe uma ca­mi­sa de pre­sen­te, pe­lo ani­ver­sá­rio que, ho­je, ce­le­bra­mos.

Vi­si­ta­mos o tú­mu­lo de Tia Ju­di­te, es­po­sa de Tio Chi­co­zi­nho, em fren­te a sua fa­zen­da.

To­ma­mos um ca­fe­zi­nho, e nos des­pe­di­mos. Tio Chi­co­zi­nho é ir­mão de Ma­mãe.  Dei­xa­mos Val­de­ci e Ol­ga em Pal­mei­ra, e re­tor­na­mos  a Bom Je­sus, aon­de che­ga­mos  às 19:45h. To­ma­mos ba­nho, e va­mos jan­tar no “Sa­bor da Ter­ra”. Ve­mos o ca­pí­tu­lo de “O Rei do Ga­do”, e o “Vo­cê De­ci­de”, de­di­ca­do ao ca­so “PCFa­rias, - a tra­gé­dia  de Gua­xu­ma. Pe­lo cri­me pas­sio­nal, 30 mil te­le­fo­ne­mas; pe­la ‘quei­ma de ar­qui­vo’: 330 mil.

Dia 18, quin­ta-fei­ra. To­ma­mos ca­fé às 8-h. Após, co­me­ço a fa­zer os te­le­fo­ne­mas. Fa­lo com a Zil­da, mi­nha ami­ga de in­fân­cia. Tam­bém fa­lo com a Nail­da, ir­mã mais no­va de Ma­dri­nha Ani­ta, mi­nha ex-pro­fes­so­ra do Pri­má­rio.

  1. Ao meio-dia, va­mos al­mo­çar no res­tau­ran­te “Sa­bor da Ter­ra”.


Às 14:30h, co­me­ça­mos as vi­si­tas: Al­me­rin­da, Zil­da, Prof ª Ma­ri­mí­lia e Nail­da.

Le­vo, pa­ra ca­da uma de­las, uma lem­bran­ça de bom gos­to: uma ban­de­ja de me­tal pra­te­a­do.

Im­pres­sões: a – Zil­da – Es­tá ir­re­co­nhe­cí­vel. Do pri­mi­ti­vos tra­ços de be­le­za, só re­ma­nes­cem os olhos, sem­pre be­los e vi­vos. Ela é a bon­da­de trans­bor­dan­te de sem­pre. En­ve­lhe­ceu mui­to, a pe­le to­da en­ru­ga­da, bra­ços, co­lo, e ros­to. Quan­do lhe te­le­fo­nei, ela me dis­se: - Gra­ças a Deus, vou abra­çá-lo, de no­vo. E era sin­ce­ra. De­la dis­se, cer­ta fei­ta, o Pa­dre So­lon, ex-Vi­gá­rio da Pa­ró­quia:

- Se al­guém me­re­ce ir pa­ra o Céu, es­sa pes­soa é a Zil­da!

Pa­dre So­lon foi Vi­gá­rio da Pa­ró­quia de Bom Je­sus du­ran­te vá­rios anos.

Após vi­si­tá-los, ela nos acom­pa­nha às ca­sas da Prof ª Ma­ria Emí­lia e de Nail­da

Prof ª Ma­ria Emí­lia  - En­gor­dou um pou­co, man­ten­do, po­rém, a ele­gân­cia de sem­pre. Cor­tou o ca­be­lo, que, an­tes, caí­am-lhe nos om­bros, e, ho­je, não lhe che­gam à nu­ca. To­da­via, não per­deu o por­te de so­be­ra­na. Aqui, rei­na­va, al­ti­va, do al­to de mu­lher ri­ca, es­po­sa do úni­co mé­di­co da ci­da­de, e, ain­da, Di­re­to­ra do Gru­po Es­co­lar Franklin Dó­ria. Sem­pre te­ve pa­ra co­mi­go es­pe­ci­al ca­ri­nho: Me con­vi­da­va pa­ra al­mo­çar em sua re­si­dên­cia, aos do­min­gos, e pa­ra pas­sar fé­rias na Fa­zen­da do “Pin­ga”, de sua pro­pri­e­da­de, à mar­gem do Ri­a­cho do “Pin­ga”, de­fe­rên­cia con­ce­di­da uni­ca­men­te a mim, seu afi­lha­do de fo­guei­ra.

Ho­je, vi­ú­va, mo­ra com a cu­nha­da No­na­ta,mas não es­que­ceu o fa­le­ci­do ma­ri­do, Dr.Rai­mun­do, o úni­co mé­di­co da ci­da­de, - mé­di­co da Sa­ú­de Pú­bli­ca, de gran­de pres­tí­gio da ci­da­de e de to­da a Re­gi­ão.

Nail­da – Era a mais fa­cei­ra das três fi­lhas do ve­lho Ne­zi­nho, que nós cha­má­va­mos de ‘pa­dri­nho’ Ne­zi­nho. Era vi­ú­vo, mas nun­ca mais se cas­ou. Nail­da es­tu­dou em Te­re­si­na, on­de fez o Cur­so Nor­mal, ins­tru­men­to pa­ra o ‘ma­gis­té­rio’. Ti­nha um ‘quê’ de iro­nia no seu sem­blan­te, na sua voz, no seu por­te de mu­lher bo­ni­ta, no seu sor­ri­so. Cas­ou-se com o Zé Vi­tor, fi­lho do ve­lho Tin­tin (ou Ze­vi­tor). Ho­je, caiu em de­pres­são, com a mor­te do Val­do, o fi­lho ama­do, En­ge­nhei­ro que per­deu a vi­da num aci­den­te de au­to­mó­vel.

À noi­te, vi­si­ta de Jo­a­quim Bor­ges, fi­lho de Tio Mi­guel. Fun­cio­ná­rio apo­sen­ta­do do Fis­co, é ho­je fa­zen­dei­ro. A es­po­sa foi a Te­re­si­na, de­ve che­gar ain­da ho­je. De­mo­rou-se me­nos de meia ho­ra.

Dia 19, sex­ta-fei­ra. Va­mos, ce­do, à Fa­zen­da de Fran­cis­ca Ma­ria, pa­ra um al­mo­ço que du­ra qua­se to­do o dia. An­tô­nio Jo­sé com­pa­re­ce ao ho­tel, e vai co­nos­co. Fran­cis­ca Ma­ria vem, com Ma­dri­nha Ani­ta, ao ho­tel, lá pe­las 10h, e vai à fren­te. Na fa­zen­da, pre­sen­teio Fran­cis­ca Ma­ria com uma ban­de­ja de pra­ta, igual à que pre­sen­te­ei a Zil­da e a Prof ª Ma­ria Emí­lia. E a Ma­dri­nha Ani­ta com um ter­ço que Gra­ci­nha trou­xe do Va­ti­ca­no, - um ter­ço per­fu­ma­do. Na fa­zen­da que Can­tí­dio dei­xou pa­ra Fran­cis­ca Ma­ria, sa­bo­re­a­mos de­li­cio­so chur­ras­co, des­de que che­ga­mos, sob as imen­sas fron­do­sas man­guei­ras. E lá pa­ra uma da tar­de, al­mo­ço: Mai­o­ne­se, stro­go­noff, ar­roz, re­ga­do a ca­ju­í­na, ar­re­ma­ta­do com um ca­fe­zi­nho. E, uma ho­ra após, a so­bre­me­sa: De­li­cio­so pu­dim, fan de ma­ra­cu­já e um ar­re­me­do de si­ri­caia. A Prof ª Ma­ria Emí­lia e No­na­ta, sua cu­nha­da, com­pa­re­cem pa­ra o lau­to al­mo­ço, um au­tên­ti­co ban­que­te. Vá­ri­as pes­so­as com­pa­re­cem ao al­mo­ço: A fi­lha do Po­nun­ça, ir­mã do Dal­ton, es­po­so de Fran­cis­ca Ma­ria; pro­fes­so­ras, e alu­nas. A fa­zen­da fi­ca a dois ou três qui­lô­me­tros do Cen­tro da ci­da­de. Tem man­guei­ras, ca­ju­ei­ros e co­quei­ros da Ba­hia, em pro­fu­são. A ca­sa-se­de tem a par­te ve­lha cons­tru­í­da por Can­tí­dio dos San­tos, ma­ri­do de Zil­da; e a par­te no­va, cons­tru­í­da por Dal­ton, ma­ri­do de Fran­cis­ca Ma­ria.

  1. Às 17h, re­pou­so um pou­co, e me le­van­to às l8h, cha­ma­do por Aba­dia: Al­me­rin­da e Bi­bi vi­e­ram vi­si­tar-nos. Ela é fi­lha de Tio Chi­co­zi­nho. É fa­zen­dei­ro prós­pe­ro da re­gi­ão.
  2. Wal­ter con­tra­ta, a meu pe­di­do, uma ca­mi­o­ne­ta pa­ra ir­mos, ama­nhã ce­do, ao ‘Pa­rá’, lo­cal on­de nas­ci: No­ven­ta Re­ais por dia. E com­pra um me­di­ca­men­to an­ti-tér­mi­co pa­ra Re­na­ti­nha, a mi­nha ‘Prin­ce­si­nha’, que es­tá fe­bril: ‘Ti­le­nol’.
  3. O no­ti­ci­á­rio da TV, há di­as, so­bre­tu­do ho­je, es­tá vol­ta­do pa­ra a aber­tu­ra dos ‘Jo­gos Olím­pi­cos’, de At­lan­ta. Às 21:30h, trans­mis­são da fes­ta apo­te­ó­ti­ca. A mai­or Olim­pía­da de to­dos os tem­pos. Por is­so, e por­que elas ti­ve­ram iní­cio na Gré­cia An­ti­ga, a re­pre­sen­tan­te da Gré­cia en­ca­be­ça o cor­te­jo da Vol­ta Olím­pi­ca, no Es­tá­dio, se­gui­da dos re­pre­sen­tan­tes dos de­mais paí­ses em que, a par­tir de há um sé­cu­lo, re­a­li­za­ram-se,a ca­da qua­tro anos, as Olim­pía­das da Era Mo­der­na, por ini­ci­a­ti­va do ge­ni­al Ba­rão de Co­ber­tein. A Olim­pía­da do Ano 2000 se­rá na Aus­trá­lia, que já a re­a­li­zou uma vez. O Rio de Ja­nei­ro é can­di­da­to à Olim­pía­da do ano 2004, a pri­mei­ra Olim­pía­da do Sé­cu­lo XXI.


Li­cí­nio Jú­ni­or e Re­na­ti­nha dei­tam-se ce­do: Re­na­ti­nha, por es­tar gri­pa­di­nha; Jú­ni­or, pa­ra se le­van­tar com vi­gor, ama­nhã, pa­ra a vi­a­gem de re­tor­no, a Go­i­â­nia

Dia 20, sá­ba­do – Li­cí­nio Jú­ni­or, Gra­ce e Re­na­ti­nha vi­a­jam, de vol­ta, a Go­i­â­nia, com re­co­men­da­ção de al­mo­ça­rem no ho­tel de Cor­ren­te, e de per­noi­ta­rem no “So­lar das Man­guei­ras, irão dor­mir em Go­i­â­nia (GO).

  1. Va­mos às mi­nhas raí­zes. Aba­dia, Eu e Wal­ter alu­ga­mos uma ca­mi­o­ne­ta. Ela le­va o So­bri­nho La­ér­cio. E lhe pas­sa o vo­lan­te, no de­cur­so da vi­a­gem, a pre­tex­to com dor de bar­ri­ga.


Cur­ra­is – Ho­je, ci­da­de, vai ele­ger, a 3 de ou­tu­bro, o pri­mei­ro Pre­fei­to. É uma cur­ru­te­la inex­pres­si­va, em tor­no de uma igre­ji­nha bem sin­ge­la. O cli­ma, aqui, é mui­to bom, mais frio ou me­nos quen­te que o de Bom Je­sus. Aqui, vim, al­gu­mas ve­zes, em ro­ma­ria. E, tam­bém, à Stª Cruz, per­ti­nho da­qui, ora sa­in­do de Bom Je­sus, ora das Ma­rim­bas, an­ti­ga mo­ra­da de Pa­pai. O Pro­je­to fran­co-bra­si­lei­ro do Xu­xa, gran­de fa­zen­da agro­pas­to­ril.

  1. Ma­rim­bas - Lo­ca­li­da­de on­de mo­rei boa par­te de mi­nha in­fân­cia. Vi­si­tei o bre­jo, - o ri­a­cho e as ‘le­va­das’(ca­nais de ir­ri­ga­ção): O en­ge­nho de ra­pa­du­ra, e a ofi­ci­na de fa­ri­nha e ta­pi­o­ca (o pol­vi­lho). Pa­pai ven­deu o sí­tio a Tio Vi­cen­te, pai de Iva­nil­de, am­pli­an­do sua pro­pri­e­da­de, era nos­so vi­zi­nho. Vi­si­to o um­bu­zei­ro, on­de, na in­fân­cia, tan­tas ve­zes tre­pei nas su­as ga­lhas. Dei­xo, ho­je, meu no­me no seu le­nho, gra­va­do a ca­ni­ve­te. Da pro­pri­e­da­de an­ti­ga de Pa­pai, na­da mais exis­te, a não ser o pe­qui­zei­ro no oi­tão da ca­sa-se­de. A ca­sa que foi de Tio Vi­cen­te per­ten­ce, ho­je, ao Ivo, fi­lho do ca­sal Ivo Tia Lau­de­li­na, que, ho­je, mo­ra em Te­re­si­na, ca­pi­tal do Es­ta­do.
  2. Tu­cun­zal - Vi­si­ta­mos Lu­í­sa, fi­lha de Tia Si­nhá, ir­mã de meu avô Fran­cis­co) e Tio Vi­to­ri­no. Ela me abra­ça, com in­ten­sa emo­ção, le­van­do Aba­dia às lá­gri­mas.
  3. Boa Vis­ta - Aqui, eu nas­ci, mas lo­go me mu­dei pa­ra ---‘Ma­rim­bas’, ho­je, a pro­pri­e­da­de per­ten­ce ao Ale­xan­dre Bri­to, pai de Haydé, es­po­sa de Ival­do, on­de to­ma­mos ca­fé, e pro­va­mos o re­quei­jão da ter­ra. A ca­sa que Pa­pai cons­tru­iu, em 1932, - não mais exis­te. Em seu lu­gar, foi cons­tru­í­da ou­tra de mau gos­to, igual­men­te de ado­be. A ca­sa on­de nas­ci ti­nha va­ran­da, sa­la de jan­tar, â es­quer­da os quar­tos de dor­mir; e à di­rei­ta a co­zi­nha e a des­pen­sa. De um la­do, no quin­tal, um ver­de­jan­te e flo­ri­do bo­ga­ri, e um jas­min la­ta­da, on­de ma­mãe en­ter­rou meu um­bi­go. E mais ao la­do, o cur­ral, à bei­ra da es­tra­da. Vi­si­tei, tam­bém, a pro­pri­e­da­de que per­ten­ceu a Tio Sa­ti­ro, ir­mão de Pa­pai, e que per­ten­ce ao Ale­xan­dre Bri­to, ho­je es­cle­ro­sa­do. Fui ao ri­a­cho de am­bas as pro­pri­e­da­des, de mi­nha in­ti­mi­da­de na in­fân­cia. As ‘le­va­das’ e as ca­cim­bas aí es­tão, de pé. Na pro­pri­e­da­de que foi de Tio Sa­ti­ro, os aba­ca­tei­ros à mar­gem do ri­a­cho, que já exis­ti­am na mi­nha épo­ca. E, tam­bém, o en­ge­nho de ra­pa­du­ra, e a ofi­ci­na de tor­rar fa­ri­nha de man­di­o­ca. E pol­vi­lho. Djal­ma, fi­lho de Ale­xan­dre, gen­til, me ofe­re­ce três ra­pa­du­ras e, tam­bém, três ra­pa­du­ras ao Wal­ter, meu mo­to­ris­ta. A se­gun­da es­po­sa do Ale­xan­dre, bem con­ser­va­da, nos ofe­re­ce ba­na­nas ma­çãs e ba­na­na pra­ta. En­tre am­bas as pro­pri­e­da­des, ti­ve a pri­mei­ra ma­ni­fes­ta­ção de pa­ra-nor­ma­li­da­de: Pe­dras jo­ga­das na ca­sa de um agre­ga­do de Pa­pai.
  4. Su­bi­mos na di­re­ção nor­te, e va­mos aos “Co­cos”, on­de mo­rou meu avô Fran­cis­co Bar­bo­sa, e on­de mo­rei, nos pri­mei­ros anos de vi­da, dis­pu­ta­do pe­los avós e pe­las ti­as do la­do pa­ter­no.


Lo­go aci­ma da pro­pri­e­da­de do meu avô pa­ter­no, a ca­sa de Tia Si­nhá e Tio Vi­to­ri­no. Aí, vi­si­ta­mos as pri­mas de Pa­pai: No­ê­mia, e Ma­ri­a­e­ta. Elas es­tão de lu­to, ves­tin­do rou­pa to­da pre­ta e No­ê­mia, ho­je de ca­be­ça bran­ca, den­tro do mais ele­va­do pa­drão mo­ral da re­gi­ão. Ser­vem-nos ca­fé com bo­la­chas. A pro­pri­e­da­de de “Co­cos” de­ve seu no­me à flo­res­ta de Co­quei­ros ‘ba­ba­çu’, - uma pe­cu­li­a­ri­da­de da lo­ca­li­da­de, eis que a do­mi­nan­te, aqui, é a ma­ta de bu­ri­ti­zais que do­mi­nam os bre­jos, acom­pa­nhan­do os con­tra­for­tes mon­ta­nho­sos que se le­van­tam, be­los e so­be­ra­nos, em to­da a re­gi­ão, con­ti­nu­an­do a cor­di­lhei­ra que vem da Ba­hia, em Bar­rei­ras, e se pro­je­ta até o meio-nor­te, ou cen­tro-nor­te: Can­to do Bu­ri­ti, e São Jo­ão do Pi­auí. Ago­ra, que re­tor­no, 45 anos de­pois, me per­gun­to por­que não me re­cor­da­va des­sas be­lís­si­mas mon­ta­nhas ocres.

  1. Na vol­ta, vi­si­ta­mos Te­o­do­ra, vi­ú­va de Tio Ci­no­bi­li­no, mãe de No­na­ta, que vi­si­ta­mos na su­bi­da. Ela ain­da mo­ra na Boa Vis­ta. Re­ce­be-nos com to­da a ama­bi­li­da­de. Ma­gra e ágil, des­lo­ca-se com de­sem­ba­ra­ço, ape­sar de seus 85 anos. Ela era em­pre­ga­da do­més­ti­ca de Vo­vô Au­re­a­li­a­no, pai de meu avô Fran­cis­co, avô de Pa­pai. Tio Ci­no­bi­li­no ‘ti­rou-a’ de ca­sa, e pas­sou a mo­rar com ela, cau­san­do enor­me des­gos­to a meu bi­sa­vô. Seu ma­ri­do era Tio de Pa­pai. Ela nos ser­ve do­ce de lei­te fei­to por ela mes­ma, co­ra­do e ta­lha­do, bem di­fe­ren­te do de Go­i­ás e Mi­nas. Co­mo di­ze­mos que é o do­ce de pre­fe­rên­cia do Li­cí­nio Jú­ni­or, Te­o­do­ra pre­pa­ra uma la­ta pa­ra ele, com a má­xi­ma es­pon­ta­ne­i­da­de. Ain­da na ‘Boa Vis­ta’, vi­si­ta­mos o Bel­tro, acom­pa­nha­dos de No­na­ta e Bráu­lio, o es­po­so fa­lan­te. Bel­tro é fi­lho do fi­na­do Jo­ão Bar­bo­sa, ir­mão de meu avô Fran­cis­co, pai de Pa­pai. Nú­bia, a fi­lha que es­tá noi­va e mo­ra em Te­re­si­na, me ser­ve vi­nho com ge­lo. E de lá, re­tor­na­mos a Bom-Je­sus. Nas Ma­rim­bas, Be­la Vis­ta, Ival­do, Haydée saí­ram, a pre­tex­to de dar um te­le­fo­ne­ma num pos­to te­le­fô­ni­co pró­xi­mo. Che­ga­mos, de vol­ta, a Bom Je­sus, às 19:30h. Das 8h às 9h, ve­mos a no­ve­la “O Rei do Ga­do”, e, após, va­mos jan­tar no res­tau­ran­te “Sa­bor da Ter­ra”, da Ni­ze­te: Fran­go, car­ne de sol, ar­roz, ma­car­rão re­ga­dos a cer­ve­ja, re­fri­ge­ran­te e água de co­co da praia. Sal­va­dor jun­ta-se a nós (fi­lho de Zil­da), e to­ma co­nos­co uma ‘co­ca-co­la’. A se­guir, vol­ta­mos ao ho­tel, a tem­po de ver o ex­ce­len­te de­sem­pe­nho do vô­lei fe­mi­ni­no: 3x0, con­tra o Pe­ru. O Bra­sil es­tre­ou bem nas ‘Olim­pía­das’: Gus­ta­vo Bor­ges ga­nhou a Me­da­lha de Pra­ta de Na­ta­ção, e vai com­pe­tir em mais 4 Mo­da­li­da­des: e o bas­que­te mas­cu­li­no ga­nhou de 101 a 98 con­tra Por­to Ri­co. Aba­dia fa­la com Re­na­ti­nha, em Bar­rei­ras BA. Ain­da es­ta­mos re­pou­san­do, e ain­da não jan­ta­mos. O im­por­tan­te é que es­tá tu­do bem. E fi­ze­mos uma boa vi­a­gem, nes­ta pri­mei­ra eta­pa. E se Deus qui­ser, hão de fa­zê-lo, ama­nhã, na eta­pa Bar­rei­ras-BA Go­i­â­nia-GO.

(Li­cí­nio Bar­bo­sa, ad­vo­ga­do cri­mi­na­lis­ta, pro­fes­sor emé­ri­to da UFG, pro­fes­sor ti­tu­lar da PUC-Go­i­ás, mem­bro ti­tu­lar do IAB-Ins­ti­tu­to dos Ad­vo­ga­dos Bra­si­lei­ros-Rio/RJ, e do IHGG-Ins­ti­tu­to His­tó­ri­co e Ge­o­grá­fi­co de Go­i­ás, mem­bro efe­ti­vo da Aca­de­mia Go­i­a­na de Le­tras, Ca­dei­ra 35 – E-mail li­ci­nio­bar­bo­[email protected])

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