Ao candidatar a um cargo eletivo, público, seja para o poder legislativo, seja para o poder executivo, no sistema democrático, o cidadão para exercitar, de fato, a cidadania tem que realizar, com ardor cívico, altivez, a missão de bem servir sua comunidade. Que pode ser o município, neste caso, as funções de vereador no poder legislativo, prefeito no poder executivo, âmbito estadual, as funções são, no poder legislativo, para deputado estadual, executivo, para governador. Quanto a esfera nacional, no poder legislativo: deputado federal e senador, no executivo, a função mor de presidente da república. Seja qual for o cargo pretendido, está ele consubstanciado ao direito de cada um de votar e ser votado, assegurado pela lei eleitoral, amparada pela constituição ou Carta Magna da nação, a liberdade de escolher, ou mesmo ser escolhido, função magistral essa, desde que, em condição de igualdade a qualquer um dos cargos citados, e haja, para tanto, controle singular, afim de evitar abusos nos gastos de campanha e no poder público.
Todavia, leitor, para funcionar, a contento, de forma salutar, esse sublime postulado: igualdade, as campanhas têm que ser feitas, sem gastos nababescos, o que não vem acontecendo. O ideal cívico seria todos candidatos fazer suas campanhas gastando as solas dos sapatos, dialogando, com eleitores, individualmente, e, muito mais, em grupo: reuniões, discursos, debates, expondo suas ideias, projetos, aos eleitores e, ao mesmo tempo, ouvindo suas propostas, ao final de cada reunião, comício, acompanhado de ata, ou, ajuda memória gravada, afim de que, candidatos e eleitores, no âmbito comunitário, possam monitorar as promessas, compromissos acordados, e transformá-los em programas, metas, afim de ser levadas, avante, pelos eleitos.
Quando você se candidata, como tantos outros, a qualquer cargo eletivo, como mencionado no poder público, o faz com o propósito de prestar serviço a pátria, e nunca por interesses escusos, malabarismos, como vem acontecendo na atualidade. As campanhas nababescas financiadas pelas empresas jurídicas, agora, proibidas pelo STF, por propositura da OAB, são responsáveis pelo atual processo de corrupção gigantesco que envergonha à nação, no plano interno e externo, ora em apuração, pela operação Lava Jato, conduzida, com maestria, pelo juiz Sérgio Moro. Fosse ele o candidato a presidente da república, teria condição de passar o país a limpo, promovendo verdadeira mudança de paradigma na política brasileira, pois, tornou-se conhecedor profundo de toda podridão que assola a administração pública, no âmbito nacional, estadual e municipal. Fraudar o erário público constitui mania que se arrasta desde os primórdios da república, agigantando-se com o muda Brasil. Entretanto, o próprio governo militar, a partir dos dois últimos presidentes, aconselhados pelo então truculento SNI - Serviço Nacional de Informação, o que comandou a tortura. Na época, alegava-se que não era possível governar sem ela, canhestra corrupção, de modo que, o governo foi instado a ser tolerante, com tamanha vergonha pública, ainda hoje, renitente. “Tudo dantes como na corte de Abrantes”.
Mas, voltando a campanha eleitoral, nenhum cidadão/cidadã é obrigado a candidatar-se, porém, se toma a iniciativa, dispõe a candidatar, tem que abraça-la, com o sublime propósito de vestir a camisa verde amarela – “Auriverde pendão de minha terra, que a brisa do céu beija e balança, divina seja, as promessas de esperança”, fazendo tudo quanto em si couber pela grandeza de sua comunidade. Outrossim, as penas daqueles que traem a pátria, corrompendo o patrimônio público, como fez Lula, Cabral, e dezenas de outros pseudos políticos, ora, presos,
terão que ser convertidas em cassação do direito, para todo o sempre, perpétuo, de se candidatar a cargos públicos. Senão leitor, atente para o caso do Senador Collor de Melo, e outros, aquele foi cassado por corrupção por oito anos, quando era presidente da república, passados os oito anos, candidatou-se de novo, foi eleito, e voltou à corrupção ativa com o Petrolão, veja só, o tamanho da ambição, ainda agora, postulando candidatura, ao governo de Alagoas. “O hábito do cachimbo faz a boca torta”, essa frase perdida nas brumas do tempo faz sentido, tanto para os que são viciados em drogas, como para os que são viciados em fraudar o erário público, a adesão a ambos vícios, maus costumes, costumes hediondos, acontece de repente, o indivíduo, em átimo de tempo, piscar e fechar de olhos, se transforma, em fumante de drogas ou corrupto e corruptor, superfaturando as obras públicas, lesando a sociedade contribuinte, a mesma que o contratou, pelo voto, para bem zelar, administrar o município, estado e país. Entretanto, deixar o vício, seja o da droga, como a mania de superfaturar, é bastante difícil, dificílimo.
Pudera, veja o tamanho da cara de pau, contratado para governar com maestria, gerir com parcimônia, transparência, o dinheiro dos impostos, arrecadados a duras penas dá população, desde a mais pobre a mais rica, uma vez empossado no cargo, muda de casaca, no lugar de planejar e executar com temperança o orçamento, promovendo o bem-estar da comunidade, passa a acumular fortuna imensa, por meio de caixa dois, tanto pela gula de riqueza, caso do ex-governador Cabral e sua esposa e tantos outros, como para assegurar a sua reeleição ad perpetuo, por meio de campanhas nababescas. De maneira anverso, gastasse as solas dos sapatos e a dialética encadeada, dialogando com os eleitores, o povo acabaria contagiado pelo sentimento cívico de fazer tudo quanto em si couber, pelo bem-estar da comunidade que o elegeu, auxiliando, dessa forma, a consolidação da democracia, como melhor forma de governo no planeta terra, possível pelos humanos. Campanhas singelas associadas ao ardor cívico, coaduna, com a vontade soberana de servir a causa do bem-estar da comunidade, solapando o sentimento egoístico de enriquecer, consoante a, ainda, fluente corrente patrimonialista, já secular, subsidiando a política profissional, tão usual, e, sem sombra de dúvida, considerada melhor negócio deste país, uma vez eleito, passa a lutar, de forma aguerrida, para nunca mais sair do cargo polpudo.
Não obstante, a gula atual continua tamanha que, nem bem se proibiu a doação de recursos financeiros da parte das pessoas jurídicas, o Congresso, ato contínuo, transformou o fundo partidário, de milionário que era, em bilionário, pouco se importando com a atual recessão, insolvência do país. Desse modo, houvesse educação política obrigatória nas escolas, do primário ao curso superior, a nação teria, na conjuntura atual, um corpo político douto, sobremodo douto, praticando a política, como arte, ferramenta, dispositivo, capaz de fazer o estado promover, em vez do atual mal-estar, o bem-estar da sociedade, controlando as finanças, promovendo equilíbrio, entre receita e despesa, alimentando o crescimento econômico, ora abaixo do sofrível. Entretanto, a gula, neste caso, foi ainda maior, leitor, pois a carga tributária que era de 24% do PIB, subiu para, aproximadamente, 35%, atrelada a mais 6% de juros, da dívida pública, ora, trilionária, a qual, não contentando com 50% do PIB, pulou, no agora, para 70% dele. Também pudera, as mordomias vegetam ultrajantes, com as finanças cambaleantes. O presidente Temer, caldo de cultura da atual saga petista, aproveita seu final de governo para fazer cortesia com chapéu alheio, o da mãe pátria.
Todavia, mesmo com tantas mazelas, salve as próximas eleições, elas promovem, mesmo precariamente, a alternância do poder, traço indelével, marca registrada da democracia. Em meio aos maus, há também os bons governantes, o nosso pesadelo maior é a corrupção
causada pela baixa alternância do poder, quanto mais alternância nos cargos públicos eletivos, mais oxigenada fica a aura democrática, oxalá, o voto consciente sapiente, seja majoritário neste auspicioso pleito, cresça e apareça, rumo ao universal, ou seja, aquele acessível e aceitável, por cada um, e válido para todos. Enfim, nesta ingente eleição, faça leitor, corrente, forme opinião, sublimando o voto consciente sapiente e, solapando o subserviente leniente, inimigo da república, amante da corrupção.
(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política pela PUC-GO, produtor rural)